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Quem beneficia com o fim dos subsídios em Angola?

15 de julho de 2019

Governo angolano prevê acabar com subsídios às empresas públicas e aumentar a tarifa de água e eletricidade. O preço da energia sobe já esta segunda-feira. Analista diz que quem beneficia não é quem deveria beneficiar.

Foto: DW

O corte dos subsídios aos combustíveis e o aumento do preço dos derivados do petróleo, bem como a nova taxa de água ainda não têm datas para serem implementados. Mas a nova tarifa de eletricidade entra em vigor já esta segunda-feira (15.07).

Numa entrevista recente ao Jornal de Angola, o representante do Fundo Monetário Internacional no país, Max Alier, defendeu a eliminação dos subsídios à água e energia, considerando que beneficiam mais os ricos. O Governo angolano diz que "as novas tarifas de eletricidade introduzem mecanismos de proteção dos consumidores com menores rendimentos, para além de outras medidas de proteção social."

Mas o jornalista e economista angolano Alexandre Neto Solombe tem dúvidas.

Foto: DW/M. Luamba

Quem beneficia e quem deveria beneficiar

Quem deveriam ser "os primeiros beneficiários do fim da subvenção dos derivados do petróleo e também quem seriam os beneficiários da subida das tarifas da eletricidade? Obviamente que seria o povo, se houver relocação eficiente", afirma Solombe.

Mas há um problema, segundo o jornalista: "Nós temos um Executivo que intermedeia a aplicação destes recursos e fá-lo no modo como nós conhecemos, sem transparência e sem eficiência na alocação destes recursos. Naturalmente que os beneficiários poderão ser todos menos o povo."

Redução do poder de compra

Alexandre Neto Solombe antecipa uma subida vertiginosa dos preços dos principais bens e serviços.

"Não há como ignorar que, com uma subida dos preços dos combustíveis, isso implicará inevitavelmente uma subida generalizada dos preços", afirma. "Basta fazermos uma simples análise e olharmos à nossa volta. Todos os processos produtivos em Angola incorporam inevitavelmente derivados do petróleo."

O ativista cívico Arante Kivuvu defende, por isso, um aumento do poder de compra das famílias para fazer face à subida dos preços - seja com um aumento dos salários ou com a redução do desemprego.

"Os preços sobem cada vez mais e uma boa parte da população está desempregada. [As medidas] não têm beneficiado o povo", alerta o ativista.

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