A Nigéria prepara-se para ir às urnas no sábado em eleições gerais. Há mais de 70 candidatos à Presidência, mas apenas dois favoritos: o atual chefe de Estado, Muhammadu Buhari, e o rival Atiku Abubakar.
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Ao todo, 73 candidatos concorrem à Presidência da maior economia africana.
Mas, excetuando o atual chefe de Estado, Muhammadu Buhari, e o opositor Atiku Abubakar, nenhum dos candidatos restantes, aprovados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC) em meados de janeiro, terá hipóteses significativas de conquistar a Presidência.
Muitos são desconhecidos a nível nacional e poucos foram vistos na capital, Abuja. Não há sondagens confiáveis sobre a eleição de sábado, que deverá ser altamente renhida, e o resultado permanece incerto.
Na cidade natal de Buhari
Muhammadu Buhari, de 76 anos, concorre a um segundo mandato como candidato do Congresso dos Progressistas (APC).
Na sua cidade natal, Daura, no norte da Nigéria, há imagens de Buhari um pouco por todo o lado: o seu retrato pode ser visto não só nas ruas, como também pendurado nas paredes da sala de estar dos seus apoiantes.
"Ele é um homem bom", resume Aliyu Rabe Daura, que trabalha para o governo estadual. "Da última vez que ele aqui esteve, em Daura, foi a pé da mesquita para a sua casa."
Quando assumiu a Presidência, há quatro anos, Buhari declarou guerra à corrupção e ao terrorismo. Prometeu ainda fortalecer a economia. Mas as suas políticas de segurança são consideradas um fracasso.
Quem quer ser o próximo Presidente da Nigéria?
O grupo terrorista Boko Haram ataca cada vez mais comunidades, desde o final de 2018. Até ao início de fevereiro, cerca de 30 mil pessoas foram forçadas a fugir da cidade de Rann, no estado de Borno, para os vizinhos Camarões, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras.
O primeiro mandato de Buhari também foi marcado por várias ausências devido a problemas de saúde.
Buhari assegura no seu programa eleitoral, de 14 páginas, que, nos últimos anos, foram estabelecidas as bases para uma Nigéria estável e próspera. E promete agora expandir as estradas, melhorar o fornecimento de energia e criar empregos. Mas essas são também promessas do seu principal rival.
As promessas de Atiku Abubakar
Atiku Abubakar, que entre 1999 e 2007 foi vice-Presidente da Nigéria, garante que, se for eleito, haverá mudanças no mercado de trabalho.
Segun Sowunmi, gerente de campanha eleitoral de Abubakar, diz que o seu chefe é o candidato ideal quando se trata de questões económicas: "África e especialmente a Nigéria têm um grande número de desempregados. Abubakar tem muita experiência na criação de empregos com as suas empresas. Ele criou 50 mil empregos diretos e outros 300 mil indiretos. Precisamos de empregos muito rapidamente", afirma.
Abubakar, de 72 anos, criou um império com base em empresas que oferecem serviços de logística, petróleo e gás. Foi ainda o fundador da Universidade Americana da Nigéria em Yola.
Não se sabe em concreto quanta riqueza já acumulou, mas foi alvo de acusações de corrupção e branqueamento de capitais. Segundo um relatório do Senado norte-americano, com a ajuda da sua quarta esposa, Fatima Abubakar, o empresário levou, entre 2000 e 2008, cerca de 40 milhões de dólares para os Estados Unidos.
Na cidade de Daura, o cantor Mannir Abba compôs uma música para Atiku Abubakar e não poupa elogios ao candidato.
"Atiku é a melhor escolha. Tudo o que vê na minha cidade natal, Daura, foi criado durante o Governo do PDP, e não no atual Governo", comenta.
Mais de 80 milhões de eleitores estão registados para escolher, no sábado (16.02), o próximo Presidente do país, além dos novos deputados e 36 governadores.
Segundo a comissão eleitoral, um em cada quatro eleitores é estudante ou está a realizar alguma formação profissional. 62% dos nigerianos têm menos de 25 anos. Os dois principais candidatos à Presidência poderiam facilmente ser seus avós.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
Foto: picture-alliance/dpa/EFE/EPA/J. Lizon
Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
Foto: Getty Images/AFP/E. Soteras
Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Ajayi
Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
Foto: Getty Images/AFP/H. Titus
Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
Foto: Getty Images/AFP/J. D. Kannah
Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
Foto: picture-alliance/empics/B. Lawless
A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.