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Quem vai financiar a vinda da seleção argentina a Angola?

28 de outubro de 2025

A sociedade civil angolana exige uma investigação sobre a origem dos cerca de 6 milhões de dólares destinados ao financiamento do amistoso entre as seleções de Angola e Argentina.

Futebol, Messi, 2023
Presidente da República terá orientado três empresários nacionais a financiar a deslocação da equipa argentina de futebol para Angola, para defrontar a seleção local no dia 11 de novembro, no âmbito das comemorações dos 50 anos da Independência NacionalFoto: Wagner Meier/Getty Images

Em Angola, a sociedade civil exorta a Procuradoria-Geral da República a investigar a origem dos cerca de 6 milhões de dólares que serão pagos à Federação Argentina de Futebol (AFA) para a realização de um jogo amistoso com a sua congénere de Angola, a 14 de novembro, em Luanda, por ocasião dos 50 anos da Independência de Angola.

Recentemente, o empresário e político Bento Kangamba assumiu publicamente ser um dos três empresários orientados pelo Presidente da República para financiar a deslocação da seleção argentina a Angola.

PR orientou empresários?

De acordo com o empresário e político Bento Kangamba, o Presidente da República terá orientado três empresários nacionais a financiar a deslocação da equipa argentina de futebol para Angola, para defrontar a seleção local no dia 11 de novembro (a Argentina anunciou o jogo para o dia 14 de novembro), no âmbito das comemorações dos 50 anos da Independência Nacional.

"Eu estive lá, eu ouvi o Presidente a orientar três empresários para encontrar formas de conseguir patrocinar este evento, um dos empresários sou eu", revelou Bento Kangamba.

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Mas Serra Bango, Presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), discorda da versão de Kangamba e afirma: "Por altura do anúncio deste jogo, o Presidente João Lourenço, na qualidade de presidente do MPLA, disse que apenas o MPLA ou o Governo é que poderiam convidar e trazer o Messi para Angola. Não disse que um conjunto de militantes do MPLA ou cidadãos deveriam fazer isso".

Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, questiona a capacidade de financiamento de Bento Kangamba e levanta dúvidas sobre a origem dos 6 milhões de dólares destinados ao pagamento da equipa argentina: "Todos nós, angolanos, sabemos que Bento Kangamba não tem capacidade para mandar vir uma equipa nacional, porque não sabemos a origem do dinheiro".

Falta de esclarecimentos?

Quatro organizações da sociedade civil angolana, entre elas a Comissão Episcopal de Justiça, manifestaram-se contra a realização da referida partida de futebol, destacando a grave crise social e alimentar que afeta milhões de angolanos.

Para Bento Kangamba, a reprovação da realização do amistoso pela sociedade deve-se à falta de explicações do Executivo sobre a origem dos fundos para custear a partida.

"O Ministério do Desporto tem de esclarecer por que razão a população condena. O Governo tem uma área que não esclarece bem as coisas. O Governo tem de esclarecer que a vinda da Argentina é através do empresário fulano, que patrocina este evento. O povo tem de saber isso", aponta.

Face ao clima de suspeição em torno da origem dos fundos, Salvador Freire insta a Procuradoria-Geral da República a investigar de onde provêm. "A Procuradoria-Geral da República deveria investigar a origem deste dinheiro que Bento Kangamba diz ter. Nós não conhecemos empresas que tenham contribuído para o financiamento de 6 milhões de dólares", frisa.

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