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Quenianos exigem mais segurança

cvt/gcs/afp/rtr/ap/dpa7 de abril de 2015

Centenas de quenianos marcharam contra o grupo radical Al-Shabab após o ataque à universidade de Garissa, na semana passada. O Quénia cumpre o último de três dias de luto nacional pelos 148 mortos no massacre.

Protesto de estudantes quenianos em NairobiFoto: Reuters/N. Khamis

Estudantes quenianos marcharam esta terça-feira (07.04) de manhã, em Nairobi, a capital do Quénia, em memória das vítimas do massacre na universidade de Garissa. Mais de 200 jovens participaram na marcha, pedindo às autoridades que fortaleçam a segurança no país. Segundo a emissora britânica BBC, cerca de 2.500 pessoas, cristãos e muçulmanos, marcharam em Garissa contra o grupo radical Al-Shabab, que reivindicou a autoria do ataque.

Nas redes sociais, há, no entanto, muitos internautas que criticam a fraca mobilização da comunidade internacional contra o massacre. Particularmente tendo em conta a grande onda de solidariedade mundial após o ataque ao jornal satírico francês "Charlie Hebdo". Onde estão os líderes mundiais? Onde está a indignação do #JeSuisCharlie? – Estas são duas das perguntas que se colocam online.

Retaliação

Esta segunda-feira (06.04), a Força Aérea queniana destruiu dois campos do grupo extremista Al-Shabab na Somália, em resposta ao ataque na universidade de Garissa.

"Bombardeámos dois campos 'shebab' na região de Gedo", na fronteira com o Quénia, afirmou o porta-voz do exército David Obonyo em entrevista à agência de notícias France Presse. "Os bombardeamentos fazem parte dos nossos esforços continuados contra a Al-Shabab, que vão continuar."

Logo após o massacre em Garissa, na semana passada, o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, prometera retaliar da forma "mais severa possível".

Mas, para o analista político queniano Brian Wanyama, o ataque aos campos do grupo radical não é mais do que um paliativo. "Os mortos não vão ressuscitar. O Governo tem de tomar medidas de longo prazo para neutralizar este grupo terrorista", disse Wanyama em entrevista à DW África.

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O Presidente queniano ordenou o recrutamento e a formação de 10 mil novos agentes policiais o mais rápido possível. "O país tem sofrido desnecessariamente devido à falta de forças de segurança. O Quénia precisa de mais polícias e não vou deixar o país à espera", disse Kenyatta na quinta-feira (02.04) à tarde, após as notícias do ataque da Al-Shabab.

"Resposta lenta"

O Governo tem sido acusado de responder lentamente ao ataque à universidade de Garissa. Segundo o jornal queniano "Daily Nation", as forças de segurança levaram cerca de oito horas para chegar ao local.

O ataque começou de madrugada mas, segundo o periódico, "a seguir à sua chegada a Garissa, as forças especiais reuniram-se durante duas horas para falar sobre a situação e, só quando chegaram os últimos elementos que vieram por estrada, lançaram o ataque final contra os extremistas, por volta das 17h. As forças especiais conseguiram controlá-los no espaço de meia hora, segundo relatos." Um cartoon divulgado no Twitter acusa o ministro queniano do Interior, Joseph Nkaissery, e o chefe da polícia, Joseph Boinet, de serem "os primeiros" a responder ao ataque.

Nkaissery disse à imprensa que o ataque à universidade foi "um incidente que pode surpreender qualquer país".

O Quénia oferece uma recompensa de 200 mil euros para quem tiver informações que levem à detenção de Mohamed Mohamud, um suposto comandante "shebab", acusado de ser o mentor do massacre. Acredita-se que ele tenha fugido para a Somália.

A polícia prendeu, entretanto, cinco supostos militantes da Al-Shabab acusados de estarem ligados ao ataque.

Luto nacional

Esta terça-feira (07.04), o Quénia cumpre o último de três dias de luto pelas vítimas do massacre de Garissa. Os familiares procedem agora à identificação dos corpos, que foram transportados para um necrotério da capital, Nairobi.

148 pessoas morreram no massacre da universidade de GarissaFoto: Reuters/Herman Kariuki

Ao visitar o local, o correspondente da DW África James Shimanyula encontrou um cenário de tristeza e descrença. Victor Okech, um professor de 32 anos, estava em lágrimas, pois procura o irmão há três dias.

"Até agora, ainda não confirmei se ele está vivo ou morto. Liguei para ele várias vezes, mas o telefone está desligado", afirmou.

O vice-presidente queniano, William Ruto, prometeu aos familiares que o Governo assumirá os custos hospitalares e de funeral das vítimas.

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