Centenas de quenianos foram para as ruas de Nairobi, esta quinta-feira, em protesto contra um dos maiores escândalos de corrupção dos últimos tempos - um rombo de 90 milhões de dólares no Serviço Nacional da Juventude.
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A manifestação parou o trânsito na capital queniana. Centenas de pessoas foram para as ruas e protestaram contra a corrupção no país, empunhando cartazes com dizeres como "Parem esses ladrões" ou "O Quénia está a sangrar".
Ibrahim Abdi, um licenciado de 22 anos no desemprego, disse que, face ao escândalo no Serviço Nacional da Juventude, os jovens decidiram tomar medidas.
"Enquanto jovens, somos um grupo vulnerável. Queremos que o Governo traga de volta esse dinheiro e o invista nos jovens. Estamos perturbados e furiosos por causa disso", afirmou.
Quenianos protestam contra corrupção
Segundo os últimos dados disponíveis do Instituto Nacional de Estatística do Quénia, sete milhões de quenianos estão atualmente desempregados.
A "roubar" o futuro aos jovens
Wanjeri Nderu, uma das organizadoras do protesto, acredita que o saque aos cofres públicos é uma das principais causas do desemprego jovem.
"O roubo que estão a fazer é o que está a matar os jovens", frisou Nderu. "É isso que está a negar aos jovens a oportunidade de conseguirem emprego. Se eles não estivessem a roubar, este país poderia ter indústrias. Estão a matar o futuro deste país todos os dias indo embora com dinheiro que é destinado à juventude."
Outro manifestante e ativista dos direitos humanos, Al Amin Kimathi, lamentou que políticos, empresários, bancos e empresas estejam a "saquear desenfreadamente" as riquezas do país: "Os nossos inimigos são um pequeno grupo de elites privilegiadas que acumularam grande riqueza a partir dos recursos públicos. Não trabalharam e produziram essa riqueza."
O serviço de investigação criminal do Quénia disse que, pelo menos, seis bancos estiveram envolvidos no roubo dos fundos públicos. Pelo menos 30 dos 54 principais suspeitos foram levados a tribunal, incluindo a secretária principal de Assuntos da Juventude do Ministério do Serviço Público, Lilian Omollo, e o diretor-geral do Serviço Nacional da Juventude, Richard Ndubai. As acusações contra eles incluem corrupção, mas também fraude e abuso de poder.
O Quénia é considerado um dos países mais corruptos do mundo, classificado na posição 143 entre os 180 países listados no índice de corrupção anual da Transparência Internacional.
O Presidente Uhuru Kenyatta, há muito criticado por não agir contra a corrupção, prometeu que o seu Governo não poupará esforços para processar funcionários corruptos. Garantiu também que todos os fundos roubados serão recuperados e redirecionados para os seus propósitos originais de desenvolvimento.
Os 77 por cento: A correr para o futuro
O Vale do Rift, no oeste do Quénia, é um tesouro de desportistas. Os jovens que aqui treinam não querem ser professores, advogados ou médicos. Querem ser atletas profissionais.
Foto: DW/E. de Vries
"Terra de campeões"
Iten é uma localidade no Vale do Rift, no Quénia, que fica a 2.400 metros acima do nível do mar. Aqui respira-se atletismo. De manhã cedo, já há desportistas de um lado para o outro, a fazer o aquecimento para mais um dia de treino. O campo de atletismo fica junto à cidade. Já treinaram aqui, no campo de St. Patrick, alguns dos melhores atletas do Quénia.
Foto: DW/E. de Vries
Treinar os atletas do futuro
Ian é um dos treinadores que acompanha os atletas em Iten. Por estas estradas já correram o campeão olímpico dos 800 metros David Rudisha e a campeã mundial dos 5.000 metros Vivian Cheruiyot. O campo de atletismo de St. Patrick para jovens atletas é o mais antigo do género, no Quénia. "Quando estão a treinar, eles dizem-me que pensam nos grandes nomes que chegaram ao topo", diz Ian.
Foto: DW/E. de Vries
A vida é uma corrida
Os jovens no campo de treino vivem para o atletismo. Ficam nos dormitórios e comem, lavam a roupa e rezam no campo. St. Patrick foi fundado por um padre irlandês, Colm O'Donnell, conhecido como o "padrinho do atletismo queniano", devido ao seu trabalho para desenvolver este desporto no Quénia. Criou o campo após deixar a Irlanda, há 40 anos.
Foto: DW/E. de Vries
Conheça a Purity
Purity Jepchirchir tem 17 anos de idade. Viu que tinha jeito para o atletismo aos 12. Um dia gostaria de ser como a atleta dos 1.500 metros Viola Kibiwot, que nasceu na sua terra natal. Como todos os outros jovens em St. Patrick, Purity foi escolhida para vir para aqui devido à sua prestação em campeonatos escolares. "Gosto de treinar, ficamos em forma e sentimo-nos capazes de tudo", conta Purity.
Foto: DW/E. de Vries
Conheça o Laban
Laban Kipkemboi também tem 17 anos de idade, e acredita que o desporto lhe está no sangue: os pais também são atletas. "Treinar no duro traz disciplina, e é difícil. Tento não consumir drogas ou ter relacionamentos com raparigas para me tornar num atleta de sucesso. Se vencer, poderei ajudar os meus irmãos e irmãs e pagar-lhes as propinas escolares."
Foto: DW/E. de Vries
Ioga matinal
À semelhança da Purity e do Laban, a maioria dos jovens atletas vem de zonas rurais. Muitos vêem o atletismo como uma oportunidade de melhorar as suas vidas e das suas famílias. Além das sessões de corrida, há aulas de ioga, pilates, treinamento muscular e bastante descanso e tempo de recuperação. O padre Colm O'Donnell quer ensinar aos jovens mais do que truques para ganhar competições.
Foto: DW/E. de Vries
Ser "realista"
"Eles aprendem a concentrar-se, a terem espírito de equipa, a integrar-se na sociedade", explica Colm O'Donnell. Todos os dias, o grupo reúne-se para orações matinais. "Gostaria que os jovens aqui no campo de treino não aprendessem apenas a serem atletas de sucesso. Também lhes ensinamos a ser realistas quanto ao que podem atingir."
Foto: DW/E. de Vries
Dieta queniana é "segredo" dos bons atletas
O grupo reúne-se na igreja para o pequeno-almoço, almoço e jantar. Os atletas ocidentais seguem dietas rígidas, estipuladas por nutricionistas. Mas a dieta queniana é a adequada para estes jovens desportistas, diz Colm O'Donnell. "No campo, uma família queniana come ugali [papa à base de farinha de milho], sukuma wiki, um tipo de espinafre, uma pequena porção de carne, fruta, vegetais e leite."
Foto: DW/E. de Vries
Tarefas entre treinos
Após cada sessão de treinos, os jovens lavam a roupa, tomam banho e divertem-se. Conversam e riem-se, como outros adolescentes da sua idade. O treino em St. Patrick não é só para formar atletas de sucesso - é também para formar pessoas de sucesso. As adversidades tornam-nos mais fortes.
Foto: DW/E. de Vries
De volta à estrada
Foi em 1988 que o primeiro atleta acompanhado por Colm O'Donnell se tornou num campeão olímpico. Seguiram-se outros. Foi a prova de que estava a fazer algo certo, como treinador, embora O'Donnell não seja originalmente da área de desporto. "Quando atingem um certo nível de sucesso, alguns treinadores seguem em frente e focam-se no lado profissional. Eu foquei-me sempre no trabalho com os jovens."
Foto: DW/E. de Vries
Todos são campeões
Ao pôr-do-sol, Purity, Laban e os outros atletas correm os últimos quilómetros do dia. Os seus treinadores sabem que o mais importante é que o seu talento e dedicação os irão ajudar um dia - caso sigam um percurso de atleta, ou não.