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Angola: Profissionais do Hospital do Bengo em protesto

António Ambrósio
27 de outubro de 2022

300 profissionais de saúde que trabalham no Hospital Provincial do Bengo, em Angola, reivindicam o pagamento de horas extraordinárias e subsídios em atraso pelo trabalho prestado durante a pandemia de Covid-19.

Protesto dos profissionais do Hospital Provincial do BengoFoto: António Ambrósio/DW

"Queremos o nosso dinheiro": esta foi a frase mais ouvida na manhã desta quinta-feira, durante o protesto dos trabalhadores do Hospital Provincial do Bengo. No centro das reivindicações está o pagamento de horas extraordinárias em dívida há três meses e do dinheiro por trabalho prestado durante a pandemia de Covid-19.

"Precisamos que solucionem o nosso problema, para nos contentar pelo trabalho prestado durante a pandemia", disse um dos profissionais que falaram à DW sob anonimato por recearem retaliações. "Nós estamos aqui insatisfeitos, porque desde maio que assinamos as folhas de salário para termos um aumento das horas acrescidas e, até hoje, não se faz sentir isso. Por isso, estamos aqui a reivindicar. Até hoje, não temos nenhuma explicação", queixou-se outra manifestante.

A diretora do hospital, Teresa Candeeiro, disse à DW África que o problema consiste num mau entendimento dos normativos laborais, uma vez que o pagamento de horas extras abrange apenas os profissionais que excedem o seu tempo normal de trabalho. A responsável reconhece o atraso no pagamento dos subsídios do trabalho prestado na fase da Covid-19, mas garante que o problema não é do hospital, atirando a responsabilidade para o Ministério da Saúde.

A pandemia foi particularmente dura para os profissionais da saúde que muitas vezes trabalharam até à exaustãoFoto: Borralho Ndomba/DW

"Mistura de problemas"

Quanto à reivindicação do pagamento de horas extraordinárias, Teresa Candeeiro afirma que "há colegas que tiveram sete turnos e reivindicam que tiveram oito turnos e gostariam de ser pagos 48 horas. Mas há regras administrativas".

"Nós seguimos as escalas de trabalho antes de fazer o lançamento das horas acrescidas", acrescenta. "Por outro lado, vimos que os trabalhadores que reivindicaram estão a fazer uma mistura de problemas, por que a direção do hospital não esteve a trabalhar com o dinheiro da Covid-19", afirma ainda a diretora do hospital.

As suspeições por parte dos trabalhadores aumentaram depois de um assalto na última quarta-feira àquela unidade sanitária, em que os três computadores dos Recursos Humanos foram furtados. De acordo com uma fonte do Serviço de Investigação Criminal, sete pessoas, entre seguranças e um técnico, estão detidas. Mas as explicações das autoridades não satisfazem o sindicato de trabalhadores.

O sindicalista Ndunguidi Muanza desconfia que pode tratar-se de uma forma de o hospital se desfazer de alguns documentos:""Isso aqui é uma história mal contada, porque ninguém sabe bem. É conto da área dos recursos humanos e a polícia já está a apurar", adianta.

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