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Rússia acusa Guterres de não assumir posição neutral

Lusa
9 de março de 2023

Ministro dos Negócios Estrangeiros russo acusou o secretário-geral da ONU de não assumir uma posição neutral no conflito na Ucrânia. Sergei Lavrov diz que António Guterres assumiu "as exigências unilaterais ucranianas".

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Foto: ASSOCIATED PRESS/picture alliance

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou, esta quinta-feira (09.03), o secretário-geral da ONU, António Guterres, de não assumir uma posição neutral no conflito na Ucrânia, como deve fazer um líder de uma organização internacional.

"Lamento muito que o secretário-geral da ONU tenha subscrito as exigências unilaterais ucranianas, apesar de, segundo os estatutos da ONU (...) ter de assumir uma posição neutral", disse o chefe da diplomacia russa numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo da Arábia Saudita, o príncipe Faisal bin Farhan al Saud.

As palavras de Lavrov foram proferidas um dia depois de Guterres ter visitado Kiev, a terceira deslocação desde o início do conflito, em que o secretário-geral das Nações Unidas defendeu a extensão do pacto para a exportação de cereais e a desmilitarização da central nuclear de Zaporijia, bem como a procura de uma "paz justa".

Acordo de cereais

Sobre a prorrogação do acordo de cereais, que expira em 18 de março, Lavrov realçou que o pacto "tem duas partes", a relativa aos cereais e sementes ucranianas e a outra ligada à exportação de sementes e fertilizantes russos.

António Guterres voltou a visitar Kiev esta quarta-feira (08.03)Foto: SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images

"Só dá para prorrogar o que já está cumprido, mas se o pacote for cumprido pela metade, a questão da prorrogação fica bastante complexa", afirmou.

Para o chefe da diplomacia russa, a primeira parte do acordo está cumprida.

"Nós, Rússia, cumprimos todos os nossos compromissos a esse respeito com os nossos colegas turcos. A segunda parte não foi cumprida de forma alguma", acusou. 

Lavrov questionou se Guterres, "por algum motivo", vinculou a extensão do acordo de cereais à necessidade de "desmilitarizar a central nuclear de Zaporijia".

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"Ninguém, com exceção da própria Ucrânia, falou em desmilitarização. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA] tem vindo a promover há vários meses um acordo para declarar a região como uma zona de segurança nuclear de Zaporijia", explicou. 

Segundo Lavrov, a Rússia "tem colaborado ativamente" com a AIEA a esse respeito, de tal forma que as duas partes estavam prestes a chegar a um acordo.

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"Estávamos prestes a chegar a um acordo, estávamos prontos para apoiá-lo, mas foi bloqueado por Kiev", afirmou.

Para o chefe da diplomacia russa, por um lado, a ONU "está ativa na questão da desmilitarização da central nuclear de Zaporijia", enquanto, por outro, "ignora os pedidos russos para se dar início a uma investigação sobre a sabotagem dos gasodutos Nord Stream".

"O secretário-geral [das Nações Unidas] e os funcionários da ONU evitam por todos os meios responder aos nossos pedidos, que são devidamente justificados", frisou.

Lavrov agradeceu ao homólogo saudita o apoio da Arábia Saudita e de outros países árabes nos processos de troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia.

"A Arábia Saudita está sinceramente interessada em encontrar soluções aceitáveis para todas as partes. Valorizamos muito isso, considerando-a uma soma útil aos esforços que a Rússia apoiaria antes de iniciar um diálogo sério" com a Ucrânia, disse Lavrov.

O chefe da diplomacia russa declarou que o lado ucraniano "não tem vontade de iniciar negociações sérias", citando o decreto assinado pelo Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que proíbe qualquer tipo de diálogo com Moscovo, e as declarações ocidentais sobre a necessidade de vencer a Rússia no campo de batalha. 

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