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Aumenta a revolta após mobilização anunciada por Putin

tms | Lusa | AFP | Reuters
26 de setembro de 2022

Protestos multiplicam-se na Rússia após a mobilização parcial de reservistas anunciada por Vladimir Putin, para combater na Ucrânia. A medida está a gerar revolta inclusive em zonas leais ao Kremlin.

Foto: Vyacheslav Prokofyev/TASS/dpa/picture alliance

O responsável de um centro de recrutamento da cidade de Ust-Ilimsk, no extremo leste da Rússia, foi ferido a tiro esta segunda-feira (26.09) e está em estado grave. O autor do disparo foi detido, anunciou o governador da região de Irkutsk.

"O comissário militar Alexandr Vladimirovich Eliseyev está nos cuidados intensivos", declarou Igor Kobzev na rede social Telegram.

"O que aconteceu não entra na minha cabeça. Estou envergonhado que isto esteja a acontecer num momento em que devemos estar unidos. Não devemos lutar uns contra os outros, mas contra as ameaças reais", disse Kobzev, que pediu calma e ordenou o reforço das medidas de segurança.

Noutra zona do país, a imprensa local relatou que um homem tentou incendiar-se numa estação de autocarros na cidade de Ryazan, cerca de 185 km a sudeste de Moscovo. Em protesto, terá gritado que não queria combater na Ucrânia. Foi levado numa ambulância.

Situações como estas têm-se repetido desde 21 de setembro, o dia em que o Presidente russo, Vladimir Putin, decretou uma mobilização parcial de 300.000 reservistas devido à guerra na Ucrânia. Houve vários ataques contra centros de recrutamento, mas hoje foi a primeira vez que foram usadas armas de fogo.

Estado russo procura mais combatentes para a guerra na UcrâniaFoto: Yevgeny Sofiychuk/TASS/dpa/picture alliance

Manifestações e detenções

Mais de 2.000 pessoas foram detidas em dezenas de cidades russas por protestar contra a mobilização, segundo o Ministério da Defesa russo. 

Analistas apontam que a medida anunciada por Putin está a gerar revolta em regiões normalmente leais às ambições políticas de Moscovo, o que poderia ameaçar a popularidade do Presidente russo.

Neste domingo (25.09), no Daguestão, a polícia reprimiu uma manifestação que bloqueava a estrada entre as cidades de Khasavyurt e Makhachkala, para protestar contra a mobilização na cidade de Endirei.

A organização de defesa dos direitos civis OVD-Info disse que, pelo menos, 101 pessoas foram detidas no domingo na capital do Daguestão, Makhachkala, num raro exemplo de dissidência em massa na região.

Segundo o canal de Telegram Tut Daguestão, em Endirei, que tem uma população de pouco mais de 7.000 habitantes, foram convocados 110 reservistas, alguns dos quais acabaram de ser desmobilizados. 

Fila de carros na fronteira com a GeórgiaFoto: Olga Smolskaya/SNA/IMAGO

Saída desesperada

Além dos protestos, milhares de russos deixaram ou estão a tentar deixar o país, temendo uma notificação oficial para se juntarem aos combates na Ucrânia.

Na sexta-feira passada (24.09), a Rússia admitiu a existência de uma fila de cerca de 2.300 veículos na fronteira com a Geórgia. Situações semelhantes repetem-se nas fronteiras da Rússia com o Cazaquistão, Mongólia e Finlândia.

Na quarta-feira passada, o senador russo Sergei Tsekov propôs fechar as fronteiras para homens entre os 18 e 55 anos de idade. Mas o Kremlin disse que, apesar dos rumores de que a Rússia iria encerrar as suas fronteiras e introduzir a lei marcial em algumas regiões fronteiriças, não foi tomada qualquer decisão sobre o assunto.

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Novos recrutas mal preparados

Um relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido refere que os reservistas já começaram a chegar às bases militares russas em território ucraniano, fruto das "muitas dezenas de milhares de convocatórias emitidas".

A Rússia "enfrenta agora o desafio logístico e administrativo de dar instrução às tropas", prossegue o relatório, porque, "ao contrário da maioria dos exércitos ocidentais, as Forças Armadas russas dão aos soldados um treino inicial de baixo nível dentro das unidades operacionais designadas, em vez de o fazerem em centros de instrução".

Além disso, muitas das pessoas agora recrutadas não tiveram qualquer experiência militar nos últimos anos, afirma o Ministério da Defesa britânico.

"A falta de instrutores militares e a pressa com que a Rússia avançou com a mobilização sugerem que muitos dos soldados irão para a linha da frente com uma preparação mínima. Provavelmente irão sofrer um alto nível de desgaste" psicológico", conclui.

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