A sentença do caso Navalny foi lida esta terça-feira (22.03) pela juíza Margarita Kotova. O opositor, acusado de "fraude", foi condenado a nove anos de prisão. O Ministério Público russo havia solicitado uma pena de 13 anos de reclusão.

Os jornalistas da agência France Presse que acompanharam o procedimento indicam que a juíza acrescentou à pena de nove anos de prisão mais um ano e meio de "liberdade sob vigilância" e o pagamento de 10 mil euros.

O oposicionista deve cumprir a pena num estabelecimento prisional de "regime severo", o que significa que as condições de detenção vão ser mais estritas. 

Julgamento

O ativista russo de 45 anos começou a ser julgado em meados de fevereiro numa sala de tribunal improvisada na cadeia onde se encontra, a cerca de 100 quilómetros de Moscovo.

Navalny foi acusado de se ter apropriado de milhões de rublos que tinham sido doados às organizações de combate à corrupção que fundou na Rússia, mas também foi condenado por ter faltado ao respeito do tribunal, num processo anterior. 

Desde fevereiro de 2021, Navalny, uma das vozes mais críticas ao Kremlin, cumpre pena de dois anos e meio de prisão, por outro caso de fraude, de 2014.

Em 2020, o líder de oposição passou vários meses internado na Alemanha, após sobreviver ao envenenamento com um agente químico que age no sistema nervoso. Navalny, desde então, acusa Putin de tentar assassiná-lo.

Opositor promete continuar luta contra o Kremlin

Após a leitura da sentença, em mensagens publicadas no Twitter, o opositor russo prometeu continuar a luta contra o Kremlin e disse que o Presidente russo tem medo que o povo veja a verdade.

"[Vladimir] Putin tem medo da verdade, eu sempre disse isso. A luta contra a censura, trazendo a verdade ao povo da Rússia, continua a ser a nossa prioridade", escreveu Navalny no Twitter.

Os advogados do opositor russo foram, entretanto, detidos por um breve período, em frente ao estabelecimento penal onde Navalny tinha sido condenado alguns minutos antes, segundo relataram os jornalistas da agência France-Presse (AFP) que acompanharam o julgamento.

Olga Mikhailova e Vadim Kobzev foram detidos, ao que parece, por estarem a dificultar o trânsito em frente à prisão, ao prestarem declarações à imprensa. Menos de uma hora depois, Kobzev anunciou no Twitter que ele e a sua colega tinham sido libertados.

Parlamento europeu fala em "escárnio da justiça"

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, contestou a pena de prisão aplicada a Alexei Navalny, classificando esta decisão de um tribunal russo como "escárnio da justiça" e exigindo a sua libertação.

"Consternada com a notícia de que Alexei Navalny foi considerado culpado num novo julgamento fictício. Isto é um escárnio da justiça", escreveu Roberta Metsola, numa reação também no Twitter.

Depois de o tribunal russo ter anunciado esta condenação, a líder da assembleia europeia exigiu "a libertação imediata" do opositor russo. "Estamos ao seu lado e de todos os russos que se opõem à corrupção, ao despotismo e à guerra", adiantou Roberta Metsola.