Rússia emite mandado de busca contra presidente do TPI
tm | Lusa | DPA
25 de setembro de 2023
Rússia inclui presidente do Tribunal Penal Internacional (TPI), o polaco Piotr Hofmanski, na sua lista de procurados pela Justiça. Comissão da ONU diz que a Rússia continua a cometer crimes de guerra na Ucrânia.
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"Procurado no âmbito de uma investigação criminal", indicou o Ministério do Interior da Rússia, no seu portal de pessoas procuradas, referindo-se ao presidente do Tribunal Penal Internacional (TPI), o polaco Piotr Hofmanski.
Em março, o TPI, com sede em Haia, emitiu um mandado de captura contra o Presidente russo, Vladimir Putin, acusando-o de crimes de guerra pela deportação forçada de crianças ucranianas.
Uma comissão da ONU que investiga crimes desde o início da invasão russa declarou que a transferência de crianças ucranianas da Rússia para áreas sob o seu controlo na Ucrânia, bem como para o seu próprio território, constituía "crime de guerra" e indicou que estava a investigar se tal constituía um genocídio.
A comissão anunciou, entretanto, que há falta de clareza e transparência em relação ao número de pessoas afetadas, às circunstâncias e às caraterísticas das crianças transferidas, o que pode dificultar o retorno às suas famílias.
Numa apresentação ao Conselho de Direitos Humanos, a comissão de inquérito informou que documentou ataques com armas explosivas contra edifícios residenciais, um centro médico em funcionamento, uma estação ferroviária, um restaurante, lojas e armazéns comerciais.
Em todos os casos houve vítimas civis, e instalações de serviços básicos foram danificadas ou completamente destruídas, denunciou o presidente do grupo de inquérito, Erik Mose.
Os comissários estiveram na Ucrânia dez vezes para recolher informações em primeira mão.
Tortura
As investigações da comissão em Kherson e Zaporizhzhya revelaram ainda "o uso generalizado e sistemático da tortura por parte das forças armadas russas", em particular contra pessoas acusadas de serem informantes do exército ucraniano.
Segundo a ONU, a brutalidade documentada é extrema, a ponto de por vezes causar a morte das pessoas torturadas. Além disso, os investigadores conseguiram estabelecer que mulheres com idades entre os 19 e os 83 anos foram vítimas de abusos sexuais em Kherson.
A comissão, que foi criada logo após o início da guerra pela Rússia, no final de fevereiro de 2022, não recebeu qualquer resposta às solicitações de esclarecimentos que enviou ao governo de Moscovo.
Os investigadores das Nações Unidas também alertaram hoje para algumas declarações transmitidas e publicadas nos meios de comunicação social russos sobre a guerra na Ucrânia.
Dirigindo-se ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, o presidente da comissão de inquérito sobre a Ucrânia, Erik Mose, mostrou-se preocupado e alertou que "certas declarações transmitidas pelos meios de comunicação social russos e outros podem constituir um incitamento ao genocídio".
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".