Rússia: Líder da oposição detido em protestos anti-Putin
Lusa | Reuters | mjp
5 de maio de 2018
Navalny e centenas de simpatizantes do líder da oposição russa foram presos este sábado durante manifestações que ocorrem a dois dias da posse de Vladimir Putin para o seu quarto mandato presidencial.
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Declarado inelegível por uma condenação criminal que considera orquestrada pelo Kremlin, o principal opositor russo, Alexei Navalny, não pôde concorrer às presidenciais, em março. Navalny pediu aos seus simpatizantes um dia de protesto em todo o país, este sábado (05.05).
Em Moscovo e São Petersburgo, as autoridades não autorizaram as manifestações. Muitos dos militantes pró-Navalny já tinham sido detidos na véspera. Entretanto, milhares de pessoas saíram às ruas de Moscovo e a polícia fez várias detenções, mas não houve tentativas imediatas de dispersar o protesto não autorizado. Segundo o OVD-Info, um grupo independente que fez a monitorização das prisões, mais de mil pessoas foram detidas em 19 cidades.
Alexei Navalny foi um dos detidos em Moscovo, depois de ter sido recebido várias ordens das autoridades russas contra a organização de comícios sem autorização. A informação foi avançada por Leonid Volkov, político da oposição: "Navalny chegou à Praça Pushkinskaya e foi rapidamente detido. Foi absolutamente ilegal", disse o aliado do líder da oposição.
"Ele não é o nosso czar"
Várias pessoas foram detidas no extremo oriente e na Sibéria, onde as primeiras manifestações começaram, segundo a equipa de Navalny e observadores independentes. Na cidade siberiana de Krasnoyarsk, 15 pessoas, incluindo um jornalista, foram presas, segundo o OVD-Info. "As prisões foram conduzidas com brutalidade", segundo aquele grupo, referindo que alguns dos detidos apresentavam arranhões e contusões.
Em Tchelyabinsk, nos Montes Urais, a polícia prendeu três pessoas antes mesmo do início do protesto, escreveu o ativista Boris Zolotarevski na sua página no Facebook. Pelo menos dez pessoas foram presas em Barnaul, na Sibéria, segundo a equipa de Navalny.
"O velho temeroso Putin pensa que é um czar, não é um czar e é por isso que temos de sair às ruas no dia 5 de maio", escreveu Alexei Navalny no Twitter.
Observadores temem que os protestos possam transformar-se em confrontos com a polícia, seguidos de detenções em massa, como foi o caso durante os protestos contra o terceiro mandato de Putin em maio de 2012.
Os confrontos com a polícia irromperam e centenas de manifestantes foram presos. Acusações criminais foram feitas contra cerca de 30 manifestantes e muitos deles foram condenados a até quatro anos e meio de prisão.
Vladimir Putin, que lidera a Rússia há quase 20 anos, foi reeleito em março para um quarto mandato, com uma votação acima dos 76%. A oposição e os observadores independentes disseram que houve fraude eleitoral.
Cronologia da Guerra na Síria
Começou com protestos pacíficos em 2011, mas tornou-se numa guerra civil que já matou 350 000 pessoas e fez milhões de refugiados. Um conflito complexo com vários atores e repercussões à escala internacional.
Foto: Getty Images/AFP/G. Ourfalian
2011: O início e uma Primavera que não foi
A “Primavera Árabe” estende-se à Síria e começam a emergir protestos contra a família Assad, que lidera o país há mais de quarenta anos. O movimento contra o Governo ganhou amplitude na cidade de Deraa, no sul, alargando-se a todo o país. Ao contrário de outros países, onde as manifestações resultaram em mudanças quase imediatas, na Síria marcavam o início de um conflito sem fim à vista.
Foto: picture-alliance/dpa
2012: Escalada de violência e formação da oposição
A violenta repressão por parte de milícias do Governo de al-Assad contra manifestantes desarmados fez escalar a onda de violência. Grupos da oposição, representativos das diferentes ideologias e fações religiosas, começam a organizar-se a partir de 2011, como o Conselho Nacional Sírio, o Comité de Coordenação Nacional, o Exército Livre da Síria (foto) e o Conselho Nacional Curdo.
Foto: AP
2013: Desmantelamento de arsenal químico
Um ataque químico em dois setores rebeldes perto de Damasco, atribuído ao regime de al-Assad, faz mais de 1400 mortos, de acordo com os Estados Unidos. O regime sírio desmente. O então Presidente dos EUA, Barack Obama, estabelece com a Rússia um acordo de desmantelamento de armas químicas da Síria. Em outubro, Damasco inicia a destruição do seu arsenal declarado de armas químicas.
Foto: picture-alliance/AP Photo
2014: A ameaça do "Estado Islâmico"
Apoiada por Washington, uma coligação de mais de 60 países realiza ataques aéreos contra as posições do autointitulado “Estado Islâmico” (EI) na Síria. Cerca de 2000 militares norte-americanos são colocados no norte da Síria, para combater o EI e treinar as forças locais. Em junho, o EI proclama "um califado", e torna a cidade síria de Raqa na sua capital.
Foto: picture-alliance/AP Photo
2015: Rússia entra abertamente no conflito
Em setembro, a Rússia, que desde o início fornecera ajuda militar ao Governo sírio, entra ativa e abertamente no conflito. Inicia uma campanha de bombardeamentos aéreos em apoio às forças de Bashar al-Assad, que leva o Governo sírio a recuperar território perdido para os rebeldes.
Foto: Reuters/Rurtr
2016: Governo controla Aleppo
Em setembro, num único fim de semana, a cidade de Aleppo é alvo de 200 ataques aéreos pelas forças pró-Assad. Em dezembro, após quatro anos de controlo desta cidade, a segunda maior da Síria, as milícias rebeldes acabam por perder Aleppo para as forças governamentais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Ourfalian
2017: Ataque químico em Idleb
Um ataque de gás sarin mata mais de 80 civis em Khan Cheikhoun, localidade da província de Idleb, controlada pelos rebeldes e por 'jihadistas'. O regime de Bashar al-Assad é, uma vez mais, acusado de uso de armas químicas. O Presidente dos EUA, Donald Trump, ordena ataques à base aérea Síria de Al-Chaayrate, no centro do país.
Foto: picture alliance/AA/A.Dagul
2017 : Retoma de Raqa
Em outubro, depois de meses de luta, as forças democráticas sírias, dominadas por curdos e apoiadas pela coligação internacional, tomam o controlo de Raqa. A cidade esteve três anos sob o domínio do autointitulado “Estado Islâmico”.
Foto: DW/F. Warwick
2018: Turquia invade Síria e controla Afrin
Em janeiro, a Turquia, que mantinha um dispositivo militar no norte da Síria, lança uma grande ofensiva contra a milícia curda, as Unidades de Proteção do Povo (YPG), em Afrine. Em março, a Turquia acaba por tomar controlo desta cidade. As milícia curda YPG é considerada um grupo terrorista pelo Governo turco, pois é o braço sírio da organização curda da Turquia, o PKK.
Foto: picture alliance/AA/E. Sansar
2018: Forças pró-Assad bombardeiam e retomam Ghouta Oriental
O regime sírio lança uma ofensiva aérea e terrestre, de intensidade inédita, sobre o enclave rebelde de Ghouta Oriental, perto de Damasco. A ação resulta em mais de 1700 mortos, entre os quais crianças. Em abril, depois de bombardeamentos devastadores, mas também de acordos de evacuação patrocinados pela Rússia, o regime assume o controlo de Ghouta Oriental, último bastião dos insurgentes.
Foto: Getty Images/AFP/A. Almohibany
14 de abril de 2018: A resposta do Ocidente
EUA, França e Reino Unido realizam uma série de ataques contra alvos associados à produção de armamento químico na Síria, em resposta a um alegado ataque com armas químicas em Douma, Ghouta Oriental, por parte do Governo sírio. Trump justifica os ataques como uma resposta à "ação monstruosa" do regime de Assad contra a oposição e prometeu que a operação durará "o tempo que for necessário".