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Rússia lança míssil supersónico como aviso ao Ocidente

Lusa
22 de novembro de 2024

Presidente russo deu a conhecer que disparo do míssil balístico contra a Ucrânia foi um teste em condições de combate. Mas diz que arma ainda está em desenvolvimento.

Desfile militar na Praça Vermelha no Dia da Vitória, em junho de 2020, que marcou a derrota nazi em Moscovo, Rússia.
Mísseis balísticos russos num desfile militar na Praça Vermelha, em Moscovo (imagem de arquivo)Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira (21.11) ter lançado um novo míssil balístico hipersónico de médio alcance, sem carga nuclear, contra a cidade ucraniana de Dnipro. Esta arma, que era praticamente desconhecida, foi utilizada pela primeira vez pela Rússia no conflito, servindo de alerta a todo o Ocidente.

Do pouco que se sabe, este míssil é ainda experimental e chama-se 'Orechnik' - ou 'Hazel', em russo. De acordo com as características, que já se conhecem, é uma arma com alcance de milhares de quilómetros.Segundo Putin, trata-se de um míssil balístico de "alcance intermédio", que pode, por isso, atingir alvos entre os 3 mil e os 5.500 quilómetros.

O Presidente russo deu a conhecer que o disparo foi um teste em condições de combate, o que significa que esta arma ainda está em desenvolvimento, não tendo revelado qualquer indicação de quantos sistemas existem. No entanto, Putin ameaçou utilizá-los.

Potencial alcance do 'Oreshnik'

Segundo Kiev, a distância entre a região russa de Astracã, de onde foi disparado o míssil 'Oreshnik', na quinta-feira, e a atingida fábrica de satélites Pivdenmash (Youzhmash, em russo), em Dnipro (centro-leste da Ucrânia) é de aproximadamente mil quilómetros.

Mesmo não se enquadrando na categoria dos mísseis intercontinentais (com um alcance superior a 5.500 km), o certo é que, se o 'Orechnik' for disparado a partir do Extremo Oriente russo, poderá teoricamente atingir alvos na costa oeste dos Estados Unidos.

O "'Orechnik' também pode ameaçar quase toda a Europa", segundo avançou o investigador do Instituto das Nações Unidas para a Investigação do Desarmamento (Unidir), Pavel Podvig, em entrevista ao jornal Ostorozhno Novosti.

Até 2019, a Rússia e os Estados Unidos não podiam colocar em campo tais mísseis ao abrigo do Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermédio (INF), assinado em 1987, durante a Guerra Fria. Mas no mesmo ano, o então Presidente norte-americano Donald Trump retirou Washington do acordo, acusando Moscovo de o violar, abrindo assim caminho a uma nova corrida ao armamento.

Sistema bastante dispendioso

O 'Orechnik' "baseia-se no modelo russo do míssil balístico intercontinental RS-26 Roubej" (por sua vez, baseado no "RS-24 Iars"), segundo as explicações da porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh. "Este sistema é bastante dispendioso e não é produzido em massa", acrescentou o especialista militar Ian Matveyev na rede de mensagens Telegram, garantindo que o míssil pode transportar uma carga explosiva de "várias toneladas".

Vladimir Putin disse que o míssil 'Orechnik', disparado "na sua configuração hipersónica não nuclear", pode atingir uma velocidade de Mach 10, ou seja, "2,5 a 3 quilómetros por segundo"Foto: Vyacheslav Prokofyev/Sputnik/Kreml Pool/AP/picture alliance

O programa de armamento RS-26 Roubej, cujo primeiro teste bem sucedido data de 2012, foi congelado em 2018.  A agência estatal TASS explica que o congelamento se deveu à falta de meios para levar a cabo este projeto "simultaneamente" com o desenvolvimento da nova geração Avangard, supostamente capaz de atingir um alvo em quase qualquer parte do mundo.

Segundo Vladimir Putin, o míssil 'Orechnik', disparado nesta quinta-feira "na sua configuração hipersónica não nuclear", pode atingir uma velocidade de Mach 10, ou seja, "2,5 a 3 quilómetros por segundo" (cerca de 12.350 km/h). "Atualmente, não há forma de combater tais armas", gabou-se o Presidente russo.

Várias ogivas

Por fim, de acordo com especialistas, o 'Orechnik' estará também equipado com cargas manobráveis no ar, o que aumenta ainda mais a dificuldade de interceção. Dizem que os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimíssil criados pelos norte-americanos na Europa não intercetam estes mísseis.

Um vídeo do lançamento russo, publicado nas redes sociais, mostrou seis poderosos clarões sucessivos a cair do céu no momento do ataque, um sinal, segundo os especialistas, de que o míssil transportava pelo menos seis cargas.

Esta capacidade consiste em poder equipar um míssil com diversas ogivas, nucleares ou convencionais, cada uma seguindo uma trajetória independente ao entrar na atmosfera. 

O que está por trás da incursão militar ucraniana na Rússia?

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