Rússia lança míssil supersónico como aviso ao Ocidente
22 de novembro de 2024O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira (21.11) ter lançado um novo míssil balístico hipersónico de médio alcance, sem carga nuclear, contra a cidade ucraniana de Dnipro. Esta arma, que era praticamente desconhecida, foi utilizada pela primeira vez pela Rússia no conflito, servindo de alerta a todo o Ocidente.
Do pouco que se sabe, este míssil é ainda experimental e chama-se 'Orechnik' - ou 'Hazel', em russo. De acordo com as características, que já se conhecem, é uma arma com alcance de milhares de quilómetros.Segundo Putin, trata-se de um míssil balístico de "alcance intermédio", que pode, por isso, atingir alvos entre os 3 mil e os 5.500 quilómetros.
O Presidente russo deu a conhecer que o disparo foi um teste em condições de combate, o que significa que esta arma ainda está em desenvolvimento, não tendo revelado qualquer indicação de quantos sistemas existem. No entanto, Putin ameaçou utilizá-los.
Potencial alcance do 'Oreshnik'
Segundo Kiev, a distância entre a região russa de Astracã, de onde foi disparado o míssil 'Oreshnik', na quinta-feira, e a atingida fábrica de satélites Pivdenmash (Youzhmash, em russo), em Dnipro (centro-leste da Ucrânia) é de aproximadamente mil quilómetros.
Mesmo não se enquadrando na categoria dos mísseis intercontinentais (com um alcance superior a 5.500 km), o certo é que, se o 'Orechnik' for disparado a partir do Extremo Oriente russo, poderá teoricamente atingir alvos na costa oeste dos Estados Unidos.
O "'Orechnik' também pode ameaçar quase toda a Europa", segundo avançou o investigador do Instituto das Nações Unidas para a Investigação do Desarmamento (Unidir), Pavel Podvig, em entrevista ao jornal Ostorozhno Novosti.
Até 2019, a Rússia e os Estados Unidos não podiam colocar em campo tais mísseis ao abrigo do Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermédio (INF), assinado em 1987, durante a Guerra Fria. Mas no mesmo ano, o então Presidente norte-americano Donald Trump retirou Washington do acordo, acusando Moscovo de o violar, abrindo assim caminho a uma nova corrida ao armamento.
Sistema bastante dispendioso
O 'Orechnik' "baseia-se no modelo russo do míssil balístico intercontinental RS-26 Roubej" (por sua vez, baseado no "RS-24 Iars"), segundo as explicações da porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh. "Este sistema é bastante dispendioso e não é produzido em massa", acrescentou o especialista militar Ian Matveyev na rede de mensagens Telegram, garantindo que o míssil pode transportar uma carga explosiva de "várias toneladas".
O programa de armamento RS-26 Roubej, cujo primeiro teste bem sucedido data de 2012, foi congelado em 2018. A agência estatal TASS explica que o congelamento se deveu à falta de meios para levar a cabo este projeto "simultaneamente" com o desenvolvimento da nova geração Avangard, supostamente capaz de atingir um alvo em quase qualquer parte do mundo.
Segundo Vladimir Putin, o míssil 'Orechnik', disparado nesta quinta-feira "na sua configuração hipersónica não nuclear", pode atingir uma velocidade de Mach 10, ou seja, "2,5 a 3 quilómetros por segundo" (cerca de 12.350 km/h). "Atualmente, não há forma de combater tais armas", gabou-se o Presidente russo.
Várias ogivas
Por fim, de acordo com especialistas, o 'Orechnik' estará também equipado com cargas manobráveis no ar, o que aumenta ainda mais a dificuldade de interceção. Dizem que os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimíssil criados pelos norte-americanos na Europa não intercetam estes mísseis.
Um vídeo do lançamento russo, publicado nas redes sociais, mostrou seis poderosos clarões sucessivos a cair do céu no momento do ataque, um sinal, segundo os especialistas, de que o míssil transportava pelo menos seis cargas.
Esta capacidade consiste em poder equipar um míssil com diversas ogivas, nucleares ou convencionais, cada uma seguindo uma trajetória independente ao entrar na atmosfera.