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Rússia promete mais apoio militar ao Mali

Mahamadou Kane | AFP | AP | Lusa
7 de fevereiro de 2023

O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, visitou Bamako. Anunciou um reforço da cooperação militar e criticou o "neocolonialismo" ocidental.

Chefe da diplomacia do Mali, Abdoulaye Diop, e homólogo russo em maio de 2022Foto: Alexander Shcherbak/dpa/picture alliance

Sergei Lavrov chegou à capital do Mali na segunda-feira à noite para uma visita oficial de algumas horas ao país africano. Recordou a ajuda militar que Moscovo já forneceu ao país e prometeu mais apoios.

"Vamos planear etapas adicionais no campo da educação, através de instituições militares de ensino superior, e no campo do fornecimento de armas e equipamentos militares", anunciou Lavrov esta terça-feira, sem avançar pormenores.

O chefe da diplomacia russa prometeu um maior envolvimento russo no país, incluindo com o envio de pessoal militar. Criticou ainda as "abordagens neocolonialistas" dos países ocidentais.

A visita de Lavrov ao Mali, assolado pela violência jihadista e por uma profunda crise em vários setores, é o culminar de uma aproximação entre os russos e os militares malianos, que, em 2021, romperam a cooperação militar com a França e os seus parceiros.

Segundo as autoridades malianas, esta é uma visita "especial" - é a primeira vez na história do país que um chefe da diplomacia russa visita Bamako. A deslocação "materializa a vontade firme" dos Presidentes Assimi Goïta e Vladimir Putin "de dar um novo impulso" à sua cooperação nos domínios da defesa e da segurança, bem como a nível económico, afirmou o ministro maliano das Relações Exteriores, Abdoulaye Diop.

Segundo as Nações Unidas, a situação de segurança no Mali piora cada vez maisFoto: Inside the Resistance

Uma cooperação antiga

Foi após a proclamação da independência, a 22 de setembro de 1960, que o Mali estabeleceu os seus primeiros contactos com a Rússia nos domínios da cooperação económica, social e cultural.

Mas os dois países também estabeleceram contratos nos setores da defesa e segurança, explica à DW a escritora Daouda Teketé.

"Após a partida de último grupo de tropas francesas do Mali, a 21 de fevereiro de 1961, o Governo do Mali enviou uma delegação a Moscovo, composta por Ousmane Bah e pelo general Abdoulaye Soumaré. Foi neste dia que foram assinados os primeiros acordos entre o Mali e a União Soviética", disse.

Segundo Teketé, a cooperação permitiu que o Exército maliano fosse equipado com armas pesadas, aviões de combate e "tudo o que o primeiro Presidente da República do Mali, Modibo Keïta, deixou como legado" no campo militar.

A "onda russa"

Durante o mandato do Presidente Ibrahim Boubacar Keïta, os últimos acordos militares foram assinados entre o Mali e a Rússia, uma vez que a União Soviética já não existia. Foram esses acordos que permitiram ao Exército maliano reequipar-se com, entre outras coisas, radares ou aviões de combate da Rússia.

Segundo Alexis Kalembry, jornalista e diretor de publicação Mali Tribunes, num mundo que está mais uma vez dividido, o Mali tem todo o interesse em escolher o campo russo.

"O mundo está a polarizar-se novamente. Poderíamos ser tentados a dizer que a economia tinha a tendência para apagar ideologias, mas com o conflito russo-ucraniano, cada um é obrigado a reposicionar-se. Assim, a ideologia está a voltar e cada vez mais a Rússia está a tornar-se um pólo em torno do qual todos aqueles que veem o mundo de forma diferente estão a agrupar-se. Penso que esta é uma onda sobre a qual o Mali pode surfar".

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Cooperação militar

A 25 de junho de 2019, a Rússia e o Mali concluíram um acordo de cooperação militar à margem do fórum do Exército de 2019, organizado perto de Moscovo, assinado pelos Ministros da Defesa dos dois países, Sergei Shoigu e Ibrahim Dahirou Dembélé. O acordo previa a cooperação militar e de segurança.

Em novembro de 2022, à margem da visita do ministro da Segurança do Mali, Daoud Aly Mohammedine, a Moscovo, o Mali e a Rússia assinaram um acordo de cooperação em matéria de segurança, inteligência, gestão de riscos e catástrofes, combate ao narcotráfico e formação.

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