A Rússia já restabeleceu contacto com o primeiro satélite de telecomunicações angolano Angosat, depois de a ligação ter sido perdida na quarta-feira. Melhorar os serviços de rádio e televisão em África é uma das metas.
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"Os especialistas da Energia RSC receberam os dados da telemetria do Angosat. Eles mostram que os parâmetros dos sistemas de bordo do aparelho estão normais", anunciou em comunicado a empresa espacial russa responsável pela construção do dispositivo.
O satélite, que teve um custo estimado em 280 milhões de dólares (233,6 milhões de euros), foi lançado com sucesso na terça-feira (26.12) no Cosmódromo de Baikunur, no Cazaquistão.
Os especialistas russos tinham perdido contacto com o satélite depois de entrar em órbita, aumentando os temores de outro revés para este setor estratégico, um mês depois da perda de outro dispositivo.
Agricultura através de satélite no Uganda
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Angola e a Rússia acordaram em 2009 lançar o Angosat-1, cuja missão de 15 anos é melhorar as comunicações por satélite, o acesso à internet e os serviços de rádio e televisão em África.
Cerca de 50 engenheiros angolanos receberam formação, nomeadamente no Brasil, China e Japão.
A Rússia deve supervisionar o funcionamento do satélite a partir de um centro de controlo construído perto de Luanda. O restabelecimento do contacto com o satélite angolano é uma boa notícia para o setor espacial russo, que tem viveu vários reveses em 2015 e 2016 e baseia-se fortemente em mercados emergentes, já que propõe acesso barato ao espaço.
Angosat em órbita
"As nossas equipas angolanas e russas que estão envolvidas no processo estão a trabalhar arduamente e é com alguma satisfação que anunciamos que o satélite voltou a estar em comunicação com a estação de Baikonur", disse quinta-feira (28.12) secretário de Estado para as Tecnologias de Informação de Angola, Manuel Homem. O governante angolano admitiu que houve "um problema de comunicação, que ocorreu durante o processo de abertura dos painéis em órbita", mas "o que de facto interessava informar é que o Angosat está em órbita".
De acordo com Manuel Homem, os técnicos continuam a trabalhar para identificar que razões levaram a essa interrupção das comunicações, apesar de esta ser "uma situação que se prevê não voltar a acontecer".
O aparelho, construído por um consórcio estatal russo, foi lançado com recurso ao foguete ucraniano Zenit-3SLB, envolvendo ainda a Roscosmo, empresa espacial estatal da Rússia, e estava em período de teste até março, aproximadamente.
Na semana passada, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, disse que comercialmente 40 por cento da capacidade do satélite já estava reservado e que o Estado angolano estima a recuperação do investimento em pelo menos dois anos.
Novas tecnologias ameaçam mecânicos informais
Suame Magazine, no sul do Gana, é tida como uma das maiores zonas industriais (informais) de África. Dezenas de milhares de pessoas trabalham aqui – tudo é feito à mão. As novas tecnologias são uma ameaça.
Foto: DW/Y. Yeebo
Fazer do velho novo
Em Suame Magazine, nos arredores da cidade de Kumasi, no Gana, os mecânicos de mais de 12 mil pequenas oficinas consertam carros e máquinas usando peças sobresselentes antigas que vêm sobretudo da Europa. Há tantas oficinas que a Organização de Desenvolvimento Industrial de Suame Magazine planeia comprar terrenos e transformá-los numa zona industrial oficial.
Foto: DW/Y. Yeebo
Mercedes é favorita
Os mecânicos de Suame Magazine dizem que os motores potentes de fabricantes europeus como a Mercedes Benz, DAF ou MAN são bastante requisitados – a importação é barata, são fáceis de montar e são duradouros. Os camiões americanos têm demasiados componentes elétricos e os da China são, com frequência, de baixa qualidade. Os veículos da Índia e da Coreia do Sul são cada vez mais populares.
Foto: DW/Y. Yeebo
Alta produtividade
Eric Gyebi, Kwame Acheampong e Osei Kofi Isaac arranjam bombas de combustível para camiões e autocarros. Segundo um estudo do Banco Mundial, as oficinas de Suame Magazine são muito mais produtivas do que a maioria dos pequenos negócios no Gana. Isso porque se focam na produção ou reparação de um único tipo de produto: bombas de combustível ou retroescavadoras, por exemplo.
Foto: DW/Y. Yeebo
Feito à mão
Em Suame Magazine, quase tudo é feito à mão. Desde os pequenos componentes até às grandes peças da maquinaria pesada. Uma grande parte da indústria formal do Gana colapsou durante a crise económica dos anos 70, que deixou o país repleto de fábricas abandonadas. Entretanto, as pequenas oficinas cresceram.
Foto: DW/Y. Yeebo
Oportunidades raras de carreira
Um jovem mecânico solda os pés de um forno de pão. O dono desta oficina começou a sua carreira em 1997, como aprendiz. Desde então tem subido na empresa, sem parar. Ele é um dos poucos que, no Gana, oferece formação e empregos aos mais jovens, que, de outra forma, têm muito poucas oportunidades de fazer carreira.
Foto: DW/Y. Yeebo
Motor de crescimento da nação
Narouk Woniah testa um motor que restaurou aqui na zona industrial de Suame Magazine. Mais de 70 por cento do Produto Interno Bruto do Gana vem do mercado informal e de oficinas como esta, que tem apenas três trabalhadores. Ao todo, 200 mil pessoas trabalham em Suame Magazine.
Foto: DW/Y. Yeebo
Aprender fazendo
Awudu Alase faz todos os dias cerca de 15 fogões a carvão. Alase vende-os no mercado a cerca de três euros cada. Há quem trabalhe aqui em Suame Magazine há 50 anos sem nunca ter feito um curso de formação profissional oficial. Aprenderam fazendo. Começam como aprendizes e, ao longo dos anos, desenvolvem os seus próprios métodos.
Foto: DW/Y. Yeebo
Condições perigosas
As fábricas de Suame Magazine têm poucas ou nenhumas normas de segurança. Muitos trabalhadores não usam material de proteção e quase todos os dias há acidentes. Muitos estão também expostos a radiação ultravioleta e gases tóxicos, altamente perigosos para a saúde.
Foto: DW/Y. Yeebo
Ferramentas feitas localmente
Nana Opoku Agyemang solda metal numa oficina que se especializou em peças para retroescavadoras. Ele usa uma proteção para soldadura feita localmente. Por estas serem oficinas informais, não regulamentadas, os trabalhadores não têm direito a compensação em caso de acidente.
Foto: DW/Y. Yeebo
Testes…
Aqui, um jovem mecânico testa as luzes de um táxi Opel numa oficina que se especializou em carros alemães. Em 2013, os mecânicos de Suame Magazine criaram e construíram em poucos meses um carro, o SMATI Turtle 1. O protótipo funcionou, mas teve nota negativa nalguns dos testes de estrada.
Foto: DW/Y. Yeebo
A ameaça eletrónica
Há anos que Joyce Darko vende "porcas e parafusos" para automóveis, camiões e máquinas pesadas. Mas o seu negócio está ameaçado. Stevenson Apomasu, presidente da Organização de Desenvolvimento Industrial de Suame Magazine, diz que a tecnologia está a tornar muitas peças obsoletas, e muitos mecânicos. "Os carros passaram a ser computorizados, algo que não conseguimos fazer aqui."
Foto: DW/Y. Yeebo
É preciso acompanhar o passo
Há 20 anos que Kofi Boache constrói tanques para gasolina, água ou águas residuais. Um tanque demora um mês a ser construído. Tal como outros mecânicos, Boache tenta acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos. Foi também criado um programa de formação a pensar nisso. "Se não tivermos cuidado, Suame Magazine morrerá", diz o presidente da organização de desenvolvimento da zona, Stevenson Apomasu.