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Rússia suspende acordo de cereais com a Ucrânia

Reuters | AFP | Lusa
29 de outubro de 2022

Moscovo justificou a decisão com os ataques com drones a navios russos realizados na madrugada deste sábado, na Crimeia. ONU exorta à preservação do acordo.

Ukraine Landwirt in der Nähe von Kiew
Foto: Miguel Gutierrez/Agencia EFE/IMAGO

A Rússia anunciou, este sábado (29.10), que vai suspender a sua participação no acordo  alcançado em julho com a Ucrânia e que permitiu a retoma da exportação de cereais ucranianos bloqueados nos portos do Mar Negro devido à guerra.

A medida surge, explica o Ministério da Defesa russo, na sequência do ataque com drone realizado, na madrugada deste sábado, à sua frota no Mar Negro. 

Em declarações, esta sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já havia instado a Rússia e a Ucrânia a renovar o acordo, que termina a 19 de novembro.

A ONU anunciou, entretanto,  estar a envidar esforços para preservar o acordo, depois do anúncio da sua suspensão pela Rússia. 

"É vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que coloque em risco o Acordo de Cereais do Mar Negro", disse, em comunicado, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, enfatizando que o acordo teve um "impacto positivo" no acesso a alimentos para milhões de pessoas em todo o mundo.

Por seu lado, a Ucrânia acusou a Rússia do "falso pretexto" do ataque na Crimeia para justificar a suspensão do acordo, pressionando Moscovo para que "respeite as suas obrigações". 

Rússia e Ucrânia assinaram acordos com a Turquia e a ONU para permitir o transporte de cereais que estavam bloqueados no Mar NegroFoto: Yasin Akgul/AFP

"Moscovo está a usar um falso pretexto para bloquear o corredor de grãos que fornece segurança alimentar para milhões de pessoas. Apelo a todos os estados para exigir que a Rússia encerre os seus jogos da fome e se comprometa novamente a cumprir as suas obrigações", disse o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, na rede social Twitter. 

O Reino Unido também reagiu, denunciando as "falsas informações" destinadas a "desviar a atenção". 

Já a Turquia "não foi oficialmente notificada" pela Rússia da suspensão do acordo, disse uma fonte de segurança daquele país, que supervisiona as exportações a partir de um centro de coordenação conjunta instalado na capital turca. 

Ataque no Mar Negro

Um ataque com 'drones' que atingiu, esta madrugada e manhã, a frota russa do Mar Negro, na Crimeia, foi o maior desde o início do conflito na Ucrânia, admitiu o governador pró-russo da cidade de Sebastopol, na Crimeia. 

"Esta madrugada e manhã ocorreu o maior ataque de 'drones' [aparelhos voadores não tripulados] e veículos de superfície pilotados remotamente nas águas da baía de Sebastopol na história" do conflito, disse Mikhail Razvojayev, citado pela agência noticiosa estatal russa TASS. 

Em declarações em Moscovo, o Ministério russo da Defesa responsabilizou a Ucrânia e o Reino Unido pelo "intenso ataque" com 'drones', que, no entanto, "causou danos menores" num dos navios, um caça-minas Ivan Goloubets, bem como na barragem de contenção da baía de Sebastopol. 

"A preparação para este ato terrorista e o treino dos militares do 73.º centro ucraniano para operações marítimas especiais foram realizados por especialistas britânicos baseados em Ochakov, na região de Mykolaiv, na Ucrânia", afirmou o Ministério russo da Defesa na rede social Telegram.  

Segundo Moscovo, o ataque envolveu "nove veículos aéreos não tripulados e sete drones marítimos autónomos" e visavam atingir navios que participam na proteção dos cargueiros responsáveis pela exportação de cereais ucranianos. 
 

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