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Rússia vai punir críticos de grupos armados privados

Lusa
14 de março de 2023

Deputados russos aprovaram, esta terça-feira (14.03), uma lei que prevê pesadas penas para quem "desacreditar" os grupos armados privados, como o Grupo Wagner.

Ukraine Soledar Wagner Söldner
Foto: ITAR-TASS/IMAGO

A medida já tem vindo a ser aplicada relativamente ao exército russo e visa reprimir os críticos da ofensiva na Ucrânia.

As sanções penais que punem "o facto de desacreditar as Forças Armadas da Rússia estendem-se às formações de voluntários, às organizações e às pessoas singulares que prestam assistência ao exército no cumprimento da sua missão", indicou a Duma (a câmara baixa do parlamento russo) na sua página na Internet.

15 anos de prisão

"Todos aqueles que hoje arriscam as suas vidas para garantir a segurança do país e dos cidadãos estão protegidos de provocações e mentiras" com a nova lei, afirmou o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, especificando que as "sanções serão pesadas" e que podem ir "até aos 15 anos de privação de liberdade".

Rússia já havia introduzido uma série de sanções criminais para pôr cobro a qualquer forma de crítica aos militaresFoto: Marek M. Berezowski/AA/picture alliance

O Grupo Wagner, com ligações ao Kremlin e que tem estado a recrutar um número significativo de mercenários nas prisões russas, está a liderar o ataque em Bakhmut, o epicentro atual dos combates no leste da Ucrânia.

No entanto, o Grupo Wagner, que atua com bastante autonomia no terreno, tem mantido nas últimas semanas relações tensas com o Estado-Maior e o Ministério da Defesa da Rússia, acusando-os de incompetência ou mesmo de traição por falta de fornecimento de munições de artilharia.

O grupo armado privado, liderado por Yevgeny Prigozhin, também está presente noutros continentes, em particular em África.

Logo após o início da ofensiva militar contra a Ucrânia, a Rússia introduziu uma série de sanções criminais para pôr cobro a qualquer forma de crítica aos militares.

Vladimir Kara-MurzaFoto: Dmitry Serebryakov/AP/picture alliance

Opositores de renome e cidadãos comuns foram presos, e alguns já foram julgados e condenados por críticas a Moscovo, como foi o caso do opositor Ilia Iachine, condenado em dezembro a oito anos e meio de prisão.

Outra figura da oposição russa, Vladimir Kara-Murza, está a ser julgada desde segunda-feira. Kara-Murza pode ser condenado até 25 anos de prisão, dado a acusação de alta traição por ter divulgado alegadamente "informações falsas" sobre o exército.

Moscovo não reconhece processos do TPI

Também esta terça-feira (14.03), as autoridades russas rejeitaram a jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI), garantindo que essa será a postura do país caso seja interposto um processo contra o país por crimes de guerra na Ucrânia.

A Rússia "não reconhece esse tribunal", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dimitri Peskov, acrescentando que "será assim que Moscovo irá abordar o assunto" num eventual processo no âmbito do conflito na Ucrânia.

Citado pela agência de notícias russa Tass, Peskov sublinhou ainda que o TPI ignorou a morte de civis "às mãos de nacionalistas ucranianos" antes da invasão e após o início do conflito armado em 2014 na região de Dombass, no leste da Ucrânia.

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03:59

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"Durante anos, nenhum tribunal internacional, nem mesmo os que não são reconhecidos pela Rússia, nem outros membros da comunidade internacional se preocuparam em prestar atenção à destruição de infraestruturas civis e à morte de civis nas mãos de nacionalistas ucranianos no Dombass", criticou o porta-voz do Kremlin.

O jornal norte-americano The New York Times avançou hoje que o TPI vai dar início iniciar a dois processos por alegados crimes de guerra contra a Rússia no contexto da invasão da Ucrânia emitindo várias ordens de prisão.  

De acordo com o jornal, os casos estão relacionados em concreto com o alegado "sequestro de crianças ucranianas" e com o "ataque deliberado contra infraestruturas civis" da Ucrânia.

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