1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Música

Hip hop contra a violência doméstica em Moçambique

Sitoi Lutxeque (Nampula)
8 de março de 2020

A violência doméstica atinge níveis preocupantes em todas as províncias moçambicanas. Um jovem rapper de Nampula tenta combater o problema através da música.

Rapper Raça Oculta
Foto: DW/S. Lutxeque

O rapper e ativista social moçambicano Celestino Rocha, de nome artístico Raça Oculta, está preocupado com os frequentes casos de violência doméstica em Moçambique, em particular em Nampula, a província mais populosa do país.

Ao ritmo do hip hop, o músico quer influenciar positivamente a sociedade na mudança de comportamento, para tentar travar o problema: "A música tem um poder enorme para desincentivar a prática deste ato maléfico", garante. "Quem sabe, daqui a uns três a cinco meses haverá uma redução e eu ficarei feliz por saber que já lutei por esta causa".

Raça Oculta considera que a falta de denúncias das vítimas às autoridades é um dos factores que mais contribuiu para o aumento de casos. "Os que sofrem da violência não conseguem denunciar este mal. Esta praga é, na verdade, um mal que atua e assola muitas pessoas, não só na minha cidade, província e país, mas pelo mundo fora. Violência doméstica é um assunto que deve ser combatido com muita seriedade", sublinha.

Hip hop contra a violência doméstica em Moçambique

This browser does not support the audio element.

O rapper chama a atenção para o fraco envolvimento dos homens no combate à violência doméstica e sugere ações conjuntas, já que é um fenómeno que afeta todos: "São poucos homens envolvidos nessas causas, normalmente são as raparigas e senhoras e não é suficiente. Nós, os homens, devemos parar e dizer basta".

Hip hop solidário

Raça Oculta também tem vindo a angariar donativos para apoiar crianças desfavorecidas, em centros de acolhimento, através de espetáculos solidários que organiza com o seu próprio dinheiro - parte dos fundos vem do seu trabalho como mecânico.

O movimento, que tem contado com a colaboração de alguns artistas, é denominado "show humanitário" e, desde 2016, já abrangeu pelo menos seis centros de acolhimento.

"Organizo concertos de carácter humanitário para arrecadação de donativos para ajudar várias crianças que vivem em diversos orfanatos da nossa cidade e província. Estes concertos não são pagos [em valores monetários], mas sim em produtos alimentares, vestuário e materiais escolares e canalizamos para orfanatos", explica.

O artista de 26 anos não conta com apoio financeiro para as suas atividades artísticas. Outro mal é a falta de valorização dos artistas na província, diz Raça Oculta: "Os artistas são usados nas campanhas eleitorais e, terminado esse momento, são abandonados e deixados a passar fome. Artistas não sabem o que é viver da sua obra".

Apesar das dificuldades, o rapper promete que vai continuar a cantar e a apoiar crianças desfavorecidas.

Saltar a secção Mais sobre este tema