O futebol é a modalidade desportiva mais praticada entre os imigrantes na Rússia, país do Mundial de 2018. Mas grupos de ajuda denunciam discriminação alarmante não só nos desportos.
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As equipas amadoras de futebol no fim de semana russo são divididas. No ambiente das universidades não há queixas de preconceito, mas seja no centro de Moscovo ou nas cidades ao redor da capital a reclamação se repete: africanos jogam com outros imigrantes enquanto os russos e europeus têm seu próprio grupo.
Os efeitos desta divisão são tão grandes que africanos residentes em Moscovo têm evitado sair de casa durante o Mundial com medo da reação dos agentes de segurança nas ruas que foram aumentados para o controlo de documentos dos adeptos. Mesmo os legalizadosn em diversos casos já foram controlados e permanecem em casa com medo da deportação, é o que denunciam os grupos de ajuda aos imigrantes na capital russa.
A reportagem da Deutsche Welle ficou durante dois dias diferentes por seis horas (das 15h-21h) na Praça Vermelha, ponto mais movimentado da cidade. Nenhum africano foi visto durante todo este tempo.
Racismo no futebol na Rússia preocupa africanos
"Mas como isso pode acontecer? Eu me pergunto todos os dias. Será que é porque estou num país com tanta discriminação assim?", foi o que indagou Anna Ter-Saakova, diretora do Kids Are Kids, um centro de integração não governamental para crianças imigrantes na Rússia. Dos 70 menores que participam das atividades, 15 são africanos (inclusive um angolano e um moçambicano). A maioria é da Ásia Central e da Síria.
Identificação das diferenças
A garotada é colocada junta na prática de desportos e outras atividades físicas que exigem o toque corporal para a identificação das diferenças que cada um tem. Crianças russas também participam das atividades.
Para um imigrante angolano que prefere por segurança não ser identificado, não é possível generalizar os russos como racistas, mas o preconceito no país ainda é grande. Ele leciona natação para ajudar no orçamento mensal, enquanto estudante. Já até deixou de colecionar as histórias, mas sofre com isso. "Falar da realidade africana na Rússia não é fácil. Em muitos casos não é racismo, é desconhecimento do diferente por parte da sociedade russa. Eu já fui chamado de gorila por crianças na rua. Não foi para ofender, foi por desconhecimento".
E os exemplos são muitos, afirma este angolano, que acrescenta: "entrou uma criança de uma cidade do centro [da Rússia] que provavelmente nunca tinha visto um negro e perguntou a sua mãe 'como é que ele chegou até aqui mama?'"
Debate sobre o racismo Para Svetlana Gannushkina, fundadora do Comité de Assistência Civil, uma organização russa que trabalha especialmente com imigrantes na Rússia há 35 anos, "o racismo é um problema que deve ser debatido ainda mais fortemente na Rússia, e no desporto tem ganhado mais espaço esta discussão".
Svetlana Gannushkina participou na inauguração da Casa da Diversidade que vai funcionar apenas durante o Mundial, até 16 de julho, como espaço de referência às minorias, entre elas, visitantes e migrantes africanos. "Depois tudo fica sob tutela de pequenas organizações como a minhan o que é absolutamente insuficiente".
A Casa da Diversidade é administrada pela Fare, organização britânica que reúne diversos países em ações pelo mundo.
Federico Addiechi, chefe na FIFA do Departamento de Sustentabilidade e Diversidade, frisa que um evento como o Mundial é importante para o país porque os holofotes estão direcionados para os russos. "Nossas atividades têm uma visão inclusiva, sem discriminação. Eu acredito que um evento como o Mundial tem uma capacidade de trazer boas mudanças para o lugar onde é realizado. Aqui estamos a colocar aspetos positivos contra a discriminacao".
A vida difícil para estrangeiros
Bruno, de 26 anos, como prefere ser identificado nesta reportagem, nasceu nos Camarões e há quatro anos mora na Rússia. "Não vejo racismo tão forte, mas acabo tornando-me vítima com facilidade. Eu vim para estudar porque queria descobrir o país, eu gosto de descobrir novas pessoas, novos lugares. Não é fácil quando você é estrangeiro, mas espero que tudo fique melhor com o passar do tempo. A Rússia é um bom país para mim". Outro africano, Hery, é de Madagáscar, também foi para a Rússia para estudar e acabou por casar com uma russa e agora tem uma filha de 15 anos, o mesmo tempo em que se mudou para aquele país. Mesmo com todo esse tempo, não conseguiu ainda a legalização completa para trabalhar, enquanto colegas de outros países europeus estão empregados.
"Não é possível dizer que os russos são racistas. O racismo está em todos os lugares, inclusive até em África. Devemos lutar contra estas situações no nosso dia a dia".
"O dinheiro aqui também não está bom. Para um russo que estudou já está difícil, para nósn com estes outros problemas fica ainda mais complicado", pontua outro migrante.
Nas páginas do Ministério das Relações Exteriores da Rússia e da Secretaria Federal de Serviço Social na internet há avisos sobre deportações imediatas para imigrantes ilegais. A maioria das informações de apoio ao imigrante está apenas em russo.
Mundial de futebol na Rússia 2018: os estádios
De 14 de junho a 15 de julho de 2018 tem lugar na Rússia o Mundial de Futebol. Fique agora a conhecer os 12 estádios em 11 cidades, incluindo Moscovo, São Petersburgo, Sochi e Kazan, que acolhem a "nata" do futebol.
Foto: Picture alliance/dpa/A. Lebevev/AP
Estádio Lujniki, Moscovo
As cerimónias de abertura e encerramento do Mundial 2018 terão lugar neste estádio, assim como uma das semi-finais. A casa da seleção nacional russa tem capacidade para 81 mil pessoas. O Estádio Lujniki, que foi remodelado para o Mundial de Futebol, já recebeu a final de uma Liga dos Campeões e foi palco dos Jogos Olímpicos de Verão.
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Estádio de São Petersburgo
O recinto do Zenit de São Peterburgo acolhe 68 mil pessoas. Provavelmente estará com lotação esgotada quando receber uma das semi-finais e o jogo para o terceiro lugar. O estádio será também foco de atenções em partidas nas anteriores fases. A Taça das Confederações 2017 teve lugar também no Estádio de São Petersburgo.
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Arena Ecaterimburgo
Tem hoje um ar moderno, mas a Arena de Ecaterimburgo tem um longo passado. Construído em 1953, o estádio foi remodelado em 2018 a pensar no Campeonato do Mundo. Com capacidade para 35 mil pessoas, o estádio é a casa do FC Ural, da primeira divisão russa. Ecaterimburgo é a cidade mais a leste entre as anfitriãs do Mundial.
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Arena Rostov
Com capacidade para 45 mil espectadores, este foi um dos novos estádios construídos especificamente para o Campeonato do Mundo. Aqui vão jogar-se quatro partidas da fase de grupos e uma dos 16 avos de final. Depois do Mundial, a Arena Rostov continuará a ter vida: será a nova casa do FC Rostov.
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Arena Volgogrado
Este estádio foi construído no mesmo lugar do antigo Estádio Central de Volgogrado, próximo do rio Volga. Durante os jogos que irá acolher na fase de grupos, poderá receber 45 mil pessoas. Depois do Mundial da Rússia 2018, passará a ser o estádio do Rotor Volgogrado, atualmente na segunda divisão. A cidade de Volgogrado era conhecida como Estalinegrado.
Foto: picture-alliance/Sputnik/V. Sergeev
Estádio Níjni Novgorod
Também este estádio foi feito de raiz para o Mundial de Futebol. Vai receber jogos da fase de grupos, uma partida dos 16 avos de final e outra dos quartos de final. O Olimpiyets Níjni Novgorod, da segunda divisão russa, terá depois aqui o seu relvado principal. Mas as autoridades locais já anunciaram que o recinto, com 45 mil lugares sentados, poderá vir a ser utilizado para outros eventos.
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Estádio de Kaliningrado
Este é o único recinto do Campeonato do Mundo localizado num exclave do território russo. Kaliningrado fica localizado num território entre a Polónia e a Lituânia. Foi concebido propositadamente para o Mundial para receber no máximo 35 mil pessoas, e depois deverá será reduzido para se tornar no lar do Baltika Kaliningrado, da segunda divisão.
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Arena Mordóvia
O arquiteto alemão Tim Hupe projetou este novo estádio com 44 mil lugares que vai ser palco de encontros na fase de grupos. Depois do Mundial, o anel superior será desmantelado e o estádio vai ser entregue ao clube Mordóvia Saransk, da terceira divisão.
Foto: picture-alliance/TASS/S. Krasilnikov
Arena Samara
Este estádio, com capacidade para 44 mil lugares, foi construído para o Mundial de Futebol numa ilha a sul de Samara, onde não existia antes qualquer infraestrutura. É aqui que a seleção russa vai jogar o último desafio da fase de grupos. Uma partida dos 16 avos de final e outra dos quartos de final terão também lugar neste estádio, que será depois do Krylya Sovetov, equipa da segunda divisão.
Foto: picture-alliance/TASS/Y. Aleyev
Estádio Spartak
Apesar de ter sido palco da Taça das Confederações, o Estádio Spartak, com 45 mil lugares, é apenas utilizado em quatro jogos da fase de grupos e numa partida das eliminatórias. Reaberta em 2014, a arena é casa do Spartak Moscovo. Apesar de ser um dos clubes mais conhecidos da Rússia, o Spartak teve de esperar muitos anos para ter o seu próprio estádio.
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Arena Kazan
Um dos palcos da Taça das Confederações vai albergar partidas dos quartos de final, de 16 avos e quatro jogos da fase de grupos do Mundial 2018. O Presidente russo, Vladimir Putin, colocou a primeira pedra do estádio, inaugurado em 2013, que tem atualmente 41.585 lugares. É o recinto do Rubin Kazan.
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Estádio Olímpico de Fisht
Com capacidade para 41.220 pessoas, este estádio foi construído para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. Uma parte do telhado foi removida a pensar no Mundial de Futebol, em 2018. A bola vai rolar neste relvado em quatro jogos da fase de grupos, um dos 16 avos e outro dos quartos de final.