Rainha de Sabá: Uma viagem em busca do conhecimento
13 de julho de 2018Nascimento: Acredita-se que tenha vivido há mais de três mil anos atrás.
Reconhecida por: Num enorme desejo de saciar a sua sede de conhecimento, esta rainha lendária fez uma visita ao sábio rei de Israel, Salomão, a Jerusalém. Relatos escritos do encontro sugerem que ela deu ao rei um filho.
Como sabemos da sua existência? O encontro entre o rei e a rainha, em Jerusalém, está documentado em vários textos, entre eles a Bíblia judaica, o Alcorão, onde a rainha é chamada "Bilqis", e um antigo documento etíope chamado "Kebre-Negast", onde ela é chamada "Makeda". É ainda mencionada no Novo Testamento como a "Rainha do Sul".
O que é o Kebre Negast? É um livro de compilações que terá surgido no século XIV na Etiópia. Tem como base diferentes lendas, o Antigo e o Novo Testamento, fontes egípcias, árabes e etíopes. No Kebre Negast, encontramos o relato mais detalhado do encontro entre a Rainha de Sabá e o Rei Salomão. O documento dá conta que, tendo convencido Makeda da sua sabedoria, Salomão passou a noite com ela. Desta união, nasce o rei Menelik I, fundador da dinastia de Salomão na Etiópia, que continuaria a governar até à destituição do imperador Haile Selassie em 1974.
Mas de onde veio a Rainha de Sabá? A origem da Rainha de Sabá continua a não ser consensual. Os etíopes afirmam que ela lhes pertence, assim como o povo do Iémen que entende que Sabá é uma referência ao importante reino árabe de Saba, localizado no atual Iémen. Os etíopes acreditam que o seu palácio tenha sido construído na cidade de Aksum, no norte da Etiópia, onde as ruínas ainda podem ser visitadas.
Inspiração: Pessoas espalhadas um pouco por todo o mundo afeiçoaram-se a esta história. Por se tratar de uma história de amor, união e amizade, atrai muita atenção.
Esta é uma lenda que continua a cativar quem a escuta, ainda que já se tenham passado milhares de anos desde que aconteceu. Há cerca de três mil anos atrás, a lendária Rainha de Sabá fez uma visita ao rei de Israel, Salomão, em Jerusalém. Consigo levou vários presentes, entre eles, setecentos e noventa e sete camelos, especiarias, ouro e bens preciosos.
Este encontro é relatado em muitos textos religiosos tradicionais. No entanto, o nome da rainha difere de religião para religião: a Rainha de Sabá, como é referenciada na Bíblia judaica, aparece como "Rainha do Sul" no Novo Testamento. "Bilqis" é o nome pelo qual é chamada no Alcorão e "Makeda" é como lhe chamam os escritores etíopes no seu mais antigo livro, conhecido como "Kebre-Negast" - em português, "Glória dos Reis".
Segundo este documento, "Salomão convidou a rainha para o seu banquete e a passar a noite no seu palácio. A rainha fê-lo prometer que ele não lhe tocaria à força. Salomão concordou e em troca exigiu-lhe que não mexesse em nada em sua casa. A comida do banquete do palácio era muito picante. A rainha acordou com sede a meio da noite e pegou num jarro de água que estava perto da sua cama. Salomão apareceu, dizendo-lhe que ela havia quebrado a sua promessa [de não mexer em nada no palácio]. Depois da rainha ter saciado a sua sede, eles passaram a noite juntos".
A Rainha de Sabá deu a Salomão um filho chamado Menelik. Segundo o "Kebre-Negast", alguns mais mais tarde, Menelik visitou o seu pai em Israel e, de volta à Etiópia, levou consigo a Arca da Aliança, uma relíquia sagrada que guardava os Dez Mandamentos. Menelik lançou assim a longa tradição do judaísmo na Etiópia.
Em entrevista à DW, Ayele Bekeri, da Universidade Mekelle, explica que a história da rainha de Sabá é importante, pois pode ser vista como "uma evidência de que a Etiópia tem uma história muito longa". Para além disso, acrescenta Ayele Bekeri, "esta história é também um dos principais pilares da nossa mitologia nacional".
Origem contestada
O nome Sabá é muitas vezes entendido como sendo uma referência ao importante reino árabe de Saba, localizado no atual Iémen. Chamando-lhe de Makeda, os etíopes ainda a reivindicam como sendo sua. Como prova, eles apontam as ruínas antigas na cidade de Aksum e um cofre que é lá está preservado. Sirgew Gelaw, da Universidade de Addis Abeba, confirma isso mesmo. "A origem de Saba é muito controversa. O povo do Iémen diz que ela lhes pertence. Os etíopes fazem o mesmo, mas argumentam firmemente que ainda hoje ela se mantem na sua tradição e religião com o palácio de Sabá, a Arca da Aliança", afirma.
História de sucesso
Pessoas em todo o mundo afeiçoaram-se a esta história e é por isso que têm expressado o seu apreço de várias formas: através de pinturas, poesia e escultura. Ayele Bekeri explica que isto acontece por causa da "natureza da história". "Fala sobre amor, união, amizade e sede de conhecimento. É o que toda a gente procura. A história chama de facto muito a atenção", afirma.
Quando o imperador Haile Selassie foi destituído em 1974, os três mil anos da dinastia de Salomão na Etiópia chegaram ao fim. No entanto, a história da Rainha de Sabá continua viva ainda hoje. A rainha é para muitos um símbolo de beleza, amor e paz e alguém que se esforçou na busca de conhecimento. Já para os etíopes, ela é uma verdadeiro ícone.
O projeto "Raízes Africanas" é financiado pela Fundação Gerda Henkel.