Raptos e mortes levam albinos a fugir do norte de Moçambique
12 de novembro de 2015 No norte de Moçambique, a polícia declarou guerra aos traficantes e assassinos de albinos, mas as mortes não param. Muitos estão a fugir da região, sobretudo de Nampula, para a província da Zambézia.
Só na última semana, mais de 20 crianças albinas foram integradas nas escolas primárias da cidade de Quelimane, mesmo faltando poucos dias para o fim do ano lectivo. O número pode vir a aumentar, diz o representante dos serviços distritais de Educação, Mário Francisco, que fala numa “transferência compulsiva, considerando que eles não estão a ser bem acomodados lá”. “São perseguidos e acham que devem ir para as províncias onde se sentem mais à vontade”, explica Mário Francisco.
Alunos e professores das escolas primárias e secundárias de Quelimane saíram à rua na semana passada para protestar contra o número crescente de casos de tráfico de albinos, que são mortos ou mutilados, vítimas de superstições que lhes atribuem poderes mágicos.
Professores pedem que autores dos crimes sejam punidos
O professor Celso Malua considera que a polícia deve manter “os olhos abertos” para travar estes casos. “Para impedir esta situação”, afirma, “é preciso trabalhar em conjunto, no sentido de se descobrirem os autores, para que sejam punidos”.
Celso Malua acrescenta: “acreditamos que este fenómeno não resultado pensamento de um moçambicano qualquer. Pode ser motivado por alguns estrangeiros”.
Para além da sociedade civil, diz, por sua vez, a professora Shara Ofumane, também os líderes religiosos e políticos devem intervir. “Um albino ter de ser refugiado no seu próprio país é uma violação autêntica dos direitos humanos”, considera a docente, afirmando que “os malfeitores têm de ser punidos nos termos da lei”.
“Isto está a ter consequências muito graves para os nossos irmãos albinos. Imagina aqueles que não têm família fora de Nampula. Vão, certamente, ter de desistir um ano”, conclui.
A porta-voz da Polícia da Zambézia, Elsidia Filipe, informa que a província ainda não registou nenhum caso de rapto ou assassinato de albinos, mercê da boa colaboração com a população e da resposta imediata da própria polícia local.