Coligação da oposição na República Centro-Africana exigiu, este domingo, adiamento das presidenciais e legislativas marcadas para 27 de dezembro. No sábado, Presidente havia dito que tudo está a postos para o pleito.
A COD-2020 reúne os partidos e movimentos mais importantes da oposição ao Presidente Faustin Archange Touadéra, que é o favorito do escrutínio para um segundo mandato.
A coligação exige também "a convocação sem demora" das "forças vivas da nação".
Tensão crescente
Num comício eleitoral no sábado (19.12) em Bangui, o Presidente Faustin Archange Touadéra afirmou que "a autoridade eleitoral nacional e o Tribunal Constitucional asseguraram que as eleições se realizarão a tempo".
Também no sábado, o Governo acusou François Bozizé, o Presidente deposto por um golpe de Estado em 2013 com origem numa guerra civil sangrenta que ainda continua, de "tentativa de golpe de Estado" com uma "clara intenção de marchar com os seus homens sobre a cidade de Bangui".
No dia anterior, três dos principais grupos armados que ocupam mais de dois terços da República Centro-Africana anunciaram a sua fusão. O Governo acusa-os de "marchar" pela capital sob as ordens de Bozizé.
Este último foi o principal rival do Touadéra para as presidenciais antes do Tribunal Constitucional ter invalidado a sua candidatura no início de dezembro.
Na sexta-feira (18.12), vários destes grupos armados movimentaram-se ou tomaram algumas cidades nos principais eixos de abastecimento de Bangui, com distâncias que variavam entre 150 e 200 quilómetros da capital.
Situação "sob controlo"
Entretanto, este domingo (20.12), a Missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA), com mais de 11.000 agentes de manutenção da paz no território, disse à agência de notícias AFP que a situação está "sob controlo".
Um porta-voz da MINUSCA disse que grupos armados deixaram a cidade de Yaloke e que as forças de manutenção da paz foram enviadas para Mbaiki, onde houve combates no sábado, "para bloquear elementos armados".
Vladimir Monteiro disse também que os rebeldes perderam terreno em Bossembele e Bossemptele. "A situação está sob controlo", concluiu.
África em 2021: Ano novo, vida nova... ou nem por isso?
A luta contra a Covid-19, eleições em vários países, conflitos não resolvidos e a maior zona de comércio livre do mundo. Eis a agenda que irá marcar o ano de 2021 no continente africano.
Foto: Isaac Kasamani/AFP
Lançamento da maior zona de comércio livre do mundo
No primeiro dia de 2021, as economias africanas vão entrar numa nova era: o lançamento oficial da Área de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA). Será criada nos próximos meses e anos a maior zona de comércio livre do mundo, semelhante ao mercado único europeu. Os peritos acreditam que o acordo tem um enorme potencial, mas a pandemia de Covid-19 está a dificultar a sua implementação.
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou
"Showdown" político no Uganda
Operações policiais contra a oposição, tiroteios, protestos com dezenas de mortos: As imagens da campanha eleitoral do Uganda estão a causar preocupação em todo o mundo. A 14 de Janeiro, o povo vai votar entre o Presidente no poder desde 1986, Yoweri Museveni, e o músico, Robert Kyagulanyi, também conhecido por Bobi Wine. No entanto, os analistas duvidam que as eleições sejam livres e justas.
Foto: Lubega Emmanuel/DW
Ano fatídico no Corno de África
Estarão os etíopes unidos após a campanha do governo contra a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF)? Ou será que o país se vai dividir devido aos seus muitos conflitos internos? 2021 poderá determinar se o primeiro-ministro, Abiy Ahmed Ali, pode trazer um equilíbrio democrático à Etiópia. Há eleições (ainda sem data definida) para o início do verão.
Foto: Amanuel Sileshi/AFP
Crises de refugiados
Uma consequência do conflito em Tigray é clara: dezenas de milhares de pessoas fugiram da região para o Sudão, cujo governo recém-criado está a lutar pelo sustento dos deslocados. Noutros lugares, também se teme que os conflitos em curso em 2021 conduzam a novas crises de refugiados e deixem as antigas por resolver: nos Camarões, no norte da Nigéria e na República Democrática do Congo.
Foto: Mohamed Nureldin Abdallah/REUTERS
Eleições num ambiente difícil
Uganda, Etiópia, Benim, Somália, Sul do Sudão, Zâmbia, Cabo Verde, Chade e Gâmbia elegerão novos chefes de Estado ou governo em 2021. Enquanto em alguns lugares se espera que as eleições sejam comparativamente calmas, a situação na Somália e no Sul do Sudão, por exemplo, já está tensa devido à difícil situação de segurança no terreno.
Foto: Cellou Binani/AFP
Esperança na vacina para a Covid-19
Embora os países africanos estejam a atravessar a pandemia melhor do que o esperado, as consequências sanitárias e económicas são inúmeras. As vacinas alimentam esperanças, mas África ainda não está preparada para a "maior campanha de vacinação de sempre", disse Matshidiso Moeti, da OMS. Os peritos não esperam que a vacinação comece antes de meados de 2021, devido a dificuldades logísticas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Mednick
O corte da dívida será uma realidade?
As consequências da pandemia não desaparecerão, mesmo após uma imunização bem sucedida: o iminente incumprimento soberano de alguns países africanos. Embora o G-20 tenha iniciado o alívio da dívida no início da crise, as ONG estão a pedir um corte abrangente da dívida para amortecer as consequências humanitárias da crise da Covid-19.
Foto: Getty Images/AFP/T. Karumba
A crise climática em África
Secas, pragas de gafanhotos, inundações: nenhum continente sofre tanto com a crise climática como África. Mas jovens ativistas como Vanessa Nakate (foto), do Uganda, já não querem aceitar o serviço pago pelo norte global. Ela está a lutar para que o seu continente seja ouvido. Um exemplo será a Cimeira Mundial das Nações Unidas sobre o Clima, que deverá ter lugar em novembro de 2021.