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ConflitosRepública Democrática do Congo

RDC: A impotência contra os grupos rebeldes

Philipp Sandner | tms
21 de março de 2023

Apesar de os países da África Oriental e Austral enviarem as suas tropas para o leste da República Democrática do Congo, a matança de civis continua e assiste-se a uma nova vaga de refugiados. Angola irá enviar tropas.

Konflikt im Kongo | M23 Soldaten
Foto: Guerchom Ndebo/AFP

Para entender a magnitude do conflito congolês, olhamos para a vizinha Tanzânia onde, desde o início de março, todos os dias, entre 300 e 600 refugiados atravessam a fronteira a partir da República Democrática do Congo (RDC) e são registados pelo Governo tanzaniano.

Essas pessoas são levadas para o campo de refugiados de Nyarugusu, segundo o comissário da Tanzânia para as Migrações.

"O que está a acontecer aqui é a implementação de nosso papel principal em abrigar refugiados," afirma Sudi Mwakibasi.

Fugir da violência

As pessoas aqui acolhidas fogem da violência cometida por vários grupos armados na região de Kivu Norte, como o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23). É o que diz Selemani Malembe, residente de Kivu Norte que conseguiu chegar à cidade de Kigoma depois de usar uma canoa para cruzar o Lago Tanganica sozinho, sem a esposa ou os filhos.

"Estamos a fugir de uma guerra que nos está a incomodar muito, estamos muito preocupados. Estamos a pedir ao Governo para nos ajudar. Muitas famílias estão a ser mortas. Eu mesmo não sei onde estão a minha esposa e filhos. Isto é realmente uma tortura," descreve Malembe.

Os refugiados chegam à Tanzânia através da cidade de Kigoma, às margens do Lago TanganicaFoto: Prosper Kwigize/DW

Grupos armados

O M23, fundado em 2012, iniciou um novo avanço em Kivu Norte no ano passado. Até agora já conquistou várias aldeias e cidades. As negociações estão em curso há meses e vários acordos de cessar-fogo falharam.

Mas o M23 não está sozinho no leste da RDC. O grupo rebelde Forças Democráticas Aliadas (ADF) afiliado ao Estado Islâmico, tem realizado vários massacres. Isso mesmo após o início da chamada "Operação Shujaa", uma missão conjunta dos exércitos congolês e ugandês iniciada em 2021.

Adolphe Agenonga, da Universidade de Kisangani, diz que a luta numa zona onde todos carregam armas é difícil.

"Desde o início da Operação Shujaa, o trabalho ficou a cargo apenas desta força conjunta, embora não controle sequer a área onde o ADF realiza os seus ataques," descreve Agenonga, acrescentando que tem havido confusão desde que os grupos civis de autodefesa, conhecidos como Mai-Mai, foram reconhecidos como auxiliares do exército.

"Às vezes é difícil saber se os combatentes armados são o ADF ou o grupo de autodefesa," explica o académico.

João Lourenco (centro) faz a mediação entre os seus homólogos Paul Kagame do Ruanda e Felix Tshisekedi do Congo (direita)Foto: JORGE NSIMBA/AFP

O papel de Angola

A frustração estende-se à capital, Kinshasa - mais uma vez. Inicialmente, tentou-se criar uma força conjunta da Comunidade da África Oriental para lidar com a falta de segurança e a ameaça de ataques, especialmente do grupo M23. Mas isso também não funcionou.

O Governo congolês diz que quando as zonas estabelecidas pelas forças da comunidade regional para gerir o cessar-fogo foram estabelecidas as suas tropas foram apanhadas no exterior, enquanto os rebeldes M23 podiam continuar a saquear livremente.

Entretanto, o olhar agora está voltado para Angola. Na sexta-feira (17.03), o Parlamento do país aprovou por unanimidade o envio de 500 soldados para o leste congolês.

"O principal objetivo desta unidade militar é assegurar áreas atualmente ocupadas pela M23", lê-se numa declaração do Governo angolano.

O Presidente João Lourenço tem sido um mediador do conflito e facilitou um acordo de cessar-fogo que deveria arrancar a 7 de março, mas que também fracassou.

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