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ConflitosRepública Democrática do Congo

RDC enfrenta crise humanitária sem precedentes

Lusa
14 de março de 2024

A escalada de violência no leste da República Democrática do Congo (RDC) provocou a deslocação de pelo menos 250 mil pessoas em fevereiro, segundo a ONU, que descreve situação como uma crise humanitária sem precedentes.

Distribuição de alimentos no campo de refugiados de Shasha, em Goma, República Democrática do Congo
Distribuição de alimentos no campo de refugiados de Shasha, em GomaFoto: Trappe/Caro/picture alliance

"É realmente de partir o coração [e] o que eu vi é uma situação verdadeiramente horrível", disse à Associated Press (AP) Ramesh Rajasingham, diretor de coordenação do gabinete humanitário da ONU.

O resultado é uma das maiores crises humanitárias do mundo, com cerca de 7 milhões de pessoas deslocadas, muitas delas fora do alcance da ajuda.

Longe da capital do país, Kinshasa, a região leste da RDC é há muito palco de ações armadas de mais de 120 grupos armados que lutam por uma parte do ouro e de outros recursos naturais da região, ao mesmo tempo que efetuam assassínios em massa. 

Rajasingham visitou a cidade de Goma, onde muitos estão a refugiar-se. 

"Um número tão elevado de pessoas deslocadas em tão pouco tempo não tem precedentes", afirmou.

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Ataques do M23

No meio da intensificação dos combates com as forças de segurança, o grupo rebelde M23 - o mais dominante na região, com alegadas ligações ao vizinho Ruanda - continuou a atacar aldeias, obrigando muitos a fugir para Goma, a maior cidade da região, cuja população, estimada em 2 milhões de pessoas, já está sobrecarregada com recursos inadequados.

Embora o M23 tenha afirmado que tem como alvo as forças de segurança e não os civis, cercou várias comunidades, estando cerca de metade da província de Kivu do Norte sob o seu controlo, deixando muitas pessoas encurraladas e fora do alcance da ajuda humanitária, de acordo com Richard Moncrieff, diretor do Grupo de Crise para a região dos Grandes Lagos.

"Fugimos da insegurança, mas aqui também vivemos com medo constante", disse Chance Wabiwa, 20 anos, em Goma, onde está refugiado. 

"Encontrar um lugar pacífico tornou-se uma utopia para nós. Talvez nunca mais o voltemos a ter", acrescentou Wabiwa.

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Reeleito para um segundo mandato de cinco anos em dezembro, o Presidente da RDC, Felix Tshisekedi, acusou o vizinho Ruanda de fornecer apoio militar aos rebeldes. 

O Ruanda nega a alegação, mas peritos da ONU afirmam que existem provas substanciais da presença das suas forças na RDCongo.

As forças de manutenção da paz regionais e da ONU foram convidadas a abandonar o RDCongo depois de o Governo as ter acusado de não terem conseguido resolver o conflito.

Rajasingham afirmou que as agências humanitárias estão a fazer o seu melhor para chegar às pessoas afetadas pelo conflito, mas advertiu que "um enorme afluxo de pessoas está a colocar desafios que vão para além do que se pode enfrentar neste momento".

"Tem de haver uma solução para o sofrimento, para a deslocação, para a perda de meios de subsistência, para a perda de educação", vincou.

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