RDC: Felix Tshisekedi promete amnistiar presos políticos
AFP | tm
2 de março de 2019
Felix Tshisekedi prometeu neste sábado (02.3) perdoar presos políticos e disse que irá trabalhar para o retorno dos exilados por razões políticas.
Publicidade
O recém-eleito Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi prometeu neste sábado (02.3) perdoar presos políticos e disse que iria trabalhar para o retorno daqueles que haviam fugido para o exterior por razões políticas.
"Para consolidar o progresso democrático em nosso país, decidi aliviar as tensões durante estes primeiros 100 dias" de mandato, disse Tshisekedi a autoridades congolesas durante uma cerimônia. Acrescentando que, dentro de 10 dias, concederia "perdão presidencial em favor de presos políticos condenados por uma sentença judicial".
O recém-eleito Presidente da RDC disse ainda que solicitaria ao ministro da Justiça que ordenasse a libertação condicional de pessoas detidas por manifestarem seus direitos, especialmente durante os comícios políticos realizados antes das eleições de 30 de dezembro.
"Retorno rápido"
"Nesta mesma linha, eu vou trabalhar duro para criar as condições para o retorno rápido de compatriotas que estão agora no exterior por razões políticas, para que possam exercer suas atividades dentro do Estado de Direito e instituições republicanas", disse o Presidente.
Na última quarta-feira (27.2), no entanto, dezenas de pessoas foram presas durante protestos na RDC, segundo ativistas, num incidente que pode representar um novo desafio para Tshisekedi.
O ex-líder da oposição foi empossado como Presidente da República Democrática do Congo em 24 de janeiro, sucedendo Joseph Kabila, que liderava o país desde 2001. Essa foi a primeira transferência pacífica de poder no país desde a independência da Bélgica, em 1960.
Neste sábado (02.3), o novo Presidente apresentou um programa de medidas urgentes a serem tomadas durante os primeiros 100 dias de seu mandato, enquanto comentava sobre a segurança da nação, e ainda questões políticas e sociais.
Tshisekedi prometeu que o sistema judicial seria administrado "por pessoas honestas com valores morais irrepreensíveis e preparados para combater a corrupção" neste que é o segundo maior país da África.
RDC: Os deslocados de Kalemie
Mais de 200 mil deslocados internos vivem em 17 campos de refugiados improvisados nas imediações de Kalemie, no leste da República Democrática do Congo. As condições são difíceis, mas melhores do que em casa.
Foto: Lena Mucha
À noite num campo de deslocados internos
Duas crianças correm ao anoitecer no campo de deslocados internos de Kalenge. Milhares de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas depois que o conflito começou na província de Tanganyika, no leste da RDC. Agora, muitas vivem em campos na cidade de Kalemie e seus arredores. Entre os deslocados estão muitas crianças, que foram separadas dos seus pais.
Foto: Lena Mucha
Casas inflamáveis
As pessoas no campo de refugiados de Kalenge vivem em cabanas de palha. Focos de incêndio espalham-se frequentemente de casa para casa. A situação é semelhante noutros campos de deslocados da região. Só em junho, houve incêndios nos campos de Moni, Lukwangulo, Kabubili, Kateke e Katanyika. Em agosto, metade do campo de Kakinga pegou fogo, resultando na morte de uma criança.
Foto: Lena Mucha
A escola torna-se um abrigo de emergência
Estas crianças estão na Escola Primária Circle Filtsaf em Kalemie, mas não estão aqui para aprender. Elas vivem na escola desde que foram expulsas de Tabacongo, no início de maio. Algumas delas sofrem de doenças e desnutrição.
Foto: Lena Mucha
Bactéria no sangue
Funcionários da ONG Médicos Sem Fronteiras fazem testes de diagnóstico de malária nesta clínica improvisada. Estima-se que até 80% das pessoas no campo de refugiados de Kalunga sejam portadoras da bactéria da malária. Os médicos também cuidam de crianças malnutridas e que sofrem de sarampo.
Foto: Lena Mucha
Fuga em família
"Os nossos filhos e idosos estão a morrer", disse Kisompo Selemani (na foto, o segundo da esquerda). O chefe do povo Twa vive desde novembro com a sua esposa e quatro filhos em Kilunga. A família teve que deixar a sua aldeia quando foi atacada por outra fação Twa. "O Governo tem que fazer algo para que possamos retornar às nossas aldeias", disse o homem de 64 anos.
Foto: Lena Mucha
Sem educação
Nos campos de deslocados internos não há escola ou qualquer outra atividade para as crianças.
Foto: Lena Mucha
Ganhar a vida
Uma mulher vende cigarros, lanternas e mandioca com os seus filhos no campo de refugiados de Kilunga. Muitos deslocados fazem apenas uma refeição por dia, geralmente farinha de mandioca e folhas.
Foto: Lena Mucha
À procura de água limpa
Enquanto as crianças em Mukuku jogam futebol, as mulheres carregam vasilhas de água. A falta de água limpa aumenta o risco de doenças contagiosas como a cólera, que é transmitida através da água contaminada.
Foto: Lena Mucha
À procura de trabalho
A segurança na região ainda é volátil. Muitos deslocados estão à procura de um lugar seguro em Kalimie e arredores. Para ganhar algum dinheiro, eles trabalham no campo das aldeias vizinhas ou recolhem lenha para vender.
Foto: Lena Mucha
Abrigo temporário ou um novo começo?
A vida no campo de refugiados não é fácil. No entanto, para muitos deslocados, é bem melhor do que antes. A maioria dos deslocados testemunhou graves violências antes de fugir. Segundo os Médicos Sem Fronteiras, há uma grande necessidade de cuidados psicológicos.
Foto: Lena Mucha
Mosquitos, uma ameaça mortal
No campo de Kalonda, Kabeja Kanusiki, de 69 anos, cuida dos seus netos doentes. A rede mosquiteira ao fundo serve para protegê-los da malária, que pode ser particularmente grave para as crianças. No total, pelo menos 210 mil deslocados vivem em 17 campos de refugiados improvisados nas imediações da cidade de Kalemie, no leste congolês.