RDC: Fraca representação feminina nas próximas eleições
3 de dezembro de 2023A 20 de dezembro, a República Democrática do Congo vai a votos para escolher o próximo Presidente do país e membros do Parlamento. A campanha eleitoral começou na semana passada. Os partidos políticos e os candidatos presidenciais e a deputado ao Parlamento estão na caça ao voto dos eleitores.
A representação de mulheres na política congolesa tem sido mínima. Mas na província do Kivu do norte, principalmente na cidade de Goma, no leste do país, o número de candidatas às eleições legislativas e provinciais está a aumentar.
Também o apoio público por candidaturas femininas tem vindo a crescer. Alexandrine Kisikutila, uma residente local diz à DW que acredita "que as mulheres podem alcançar grandes feitos, como provaram várias mulheres de renome em todo o mundo".
"Penso que podemos continuar a ter um impacto no mundo, apoiando-nos umas às outras [mulheres]", disse.
Para estas eleições, a comissão eleitoral tinha condicionado a receção das listas de candidaturas de cada partido político que não tivesse no mínimo 30 por cento de mulheres.
Generose Kagenyi, coordenadora da organização "Women Today - Mulheres Hoje", de defesa dos direitos das mulheres no Kivu do Norte, diz que as mulheres ainda "não são tidas, nem achadas” pelos decisores políticos.
"A fraca representação das mulheres nos órgãos de decisão afeta a formulação de reformas jurídicas sociais e económicas. Por isso é importante assegurar a participação das mulheres em todos os níveis de tomada de decisão, para que possam apresentar e defender os seus direitos na nossa sociedade altamente patriarcal", afirma.
26 candidatos
Concorrem à presidência da RDC 26 candidatos, dos quais, o destaque vai para o Presidente cessante, Felix Tshisekedi, que terá forte disputa com o popular líder da oposção, Martin Fayulu, da coligação "Congo ya makasi"("Congo forte" em língua lingala), que junta o Prémio Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege, Moïse Katumbi, Matata Ponyo e Delly Sesanga.
Marie-Josée Ifoku é uma das candidatas às presidenciais. À DW diz compreender "que muitas mulheres tenham dificuldade em avançar", devido à pressão inevitável que é ter uma carreira política no país.
"Se não tiveres uma personalidade forte, não vais ter sucesso na política", frisa.
Esta é já a segunda vez que Marie-Josée Ifoku tenta chegar à presidência da República Democrática do Congo. Segundo ela, esta é uma batalha que não tem sido fácil.
"Apesar de tudo, decidimos desafiar o medo, porque temos de admitir que há muito medo por detrás disto, e tudo isto requer coragem e ousadia", diz.
Promover a igualdade de género depois de eleitas é a luta de todas as candidatas às eleições de 2023 na República Democrática do Congo.