Dezenas de pessoas morreram devido a inundações na República Democrática do Congo. O rio Congo e seus afluentes transbordaram devido às chuvas intensas, este sábado (23.11). Milhares estão desalojados.
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Vinte e cinco pessoas terão morrido devido a enchentes na província do Equador, no noroeste do país, na fronteira com o Congo-Brazzaville, informou a imprensa congolesa.
"Declaramos que a província do Equador está atingida por um desastre", disse o ministro provincial do Interior, Jean Julie Mwamolanda, ao site de notícias "news.cd”.
Um porta-voz da organização católica de ajuda humanitária Cáritas, na RDC, disse que "as autoridades locais registraram dez mortes na província de Ubangi do Norte".
Mais de 180 mil pessoas necessitam de ajuda humanitária na região norte da RDC que faz fronteira com a República Centro-Africana, também atingida por chuvas e inundações no mês passado.
As enchentes "abrem a porta [também] a doenças", acrescentou Guy-Marin Kamandji, da Cáritas.
Enchentes na região
Dezenas de milhares de pessoas também foram afetadas na província vizinha, Ubangi do Sul, na qual o rio Oubangui corre entre a RDC e a República Centro-Africana.
Do outro lado do rio Congo, pelo menos 50 mil pessoas foram afectadas pelas chuvas que levaram o Governo do Congo Brazzaville a declarar o estado de emergência.
O jornal "Les Depeches”, de Brazzaville, relatou três mortos na passada quinta-feira (21.11).
Na sexta-feira (22.11), os residentes também relataram uma dúzia de mortes na província de Kasai, no sudoeste da RDC.
Fortes chuvas e deslizamentos de terra também mataram dezenas de pessoas no Quênia em meio a semanas de chuvas em toda a região da África Oriental.
Ilha do Ibo: de paraíso turístico ao caos
O ciclone Kenneth devastou partes de Moçambique no final de abril. Devido às fortes chuvas, muitas áreas ficaram isoladas, entre as quais, a ilha do Ibo, uma das mais afetadas. A ajuda começa a chegar, mas lentamente.
Foto: DW/A. Kriesch
Destruição maciça
O Ibo, no norte de Moçambique, é o lar de milhares de pessoas e foi também uma das áreas mais afetadas pela passagem do ciclone Kenneth em Moçambique. Quase todas as casas da ilha foram destruídas ou severamente danificadas pelo ciclone.
Foto: DW/A. Kriesch
Casas destruídas, vida em pedaços
"Eu perdi tudo", conta Njamu Shabani à DW África, enquanto pendura os seus lençóis para secar entre os escombros. "Minha geladeira, TV, tudo," enumerou.
Ela e a sua família não sabem o que virá a seguir. "Eu não tenho sequer o que comer. Eu não sei como posso continuar," lamentou.
Foto: DW/A. Kriesch
Abrigos de emergência improvisados
Shabani e sua família agora vivem nesta cabana improvisada. À DW, esta habitante diz esperar que o Governo forneça em breve alguma compensação. O Presidente Filipe Nyusi visitou o Ibo na passada quarta-feira (01.05), mas a chegada da ajuda à ilha tem sido lenta.
Foto: DW/A. Kriesch
Culpa do mau tempo
A ajuda está a chegar muito lentamente ao pequeno aeroporto do Ibo. A entrega de alimentos só começou na quinta-feira (02.05), devido ao mau tempo. Tem chovido todos os dias desde que o ciclone passou pela região, o que muitas vezes impossibilita a deslocação dos voos de socorro da parte continental de Moçambique, que fica apenas a cerca de oito quilómetros da ilha.
Foto: DW/A. Kriesch
Sem plantações não há colheita
O ciclone Kenneth e as fortes chuvas que se seguiram destruíram os campos da ilha. Alguns ainda estão inundados. O Ibo está com sorte - a água está a recuar na ilha, no entanto, o continente moçambicano ainda corre o risco de sofrer mais inundações.
Foto: DW/A. Kriesch
Meios de subsistência destruídos
Desde a passagem do ciclone Kenneth, os 6.000 habitantes da ilha têm que se defender contra a fome. Muitos aqui dependem da pesca, mas o ciclone levou ou destruiu muitos dos seus barcos de pesca. Os manguezais também foram assolados e os peixes expulsos, disseram os pescadores do Ibo.
Foto: DW/A. Kriesch
Consertar barcos danificados
"A tempestade levou o meu barco para longe no mar", disse o pescador Yusuf Abedi. "Acabei por encontrá-lo há dois dias com a ajuda amigos e trouxe-o de volta", revelou. Yusuf disse que está a tentar consertar o barco. "Espero que funcione para que possa ir pescar novamente," acrescentou.
Foto: DW/A. Kriesch
Destino de férias sem turistas
O Hotel Miti Miwiri fica mesmo ao lado da praia. Era considerado um excelente destino de férias, mas foi também afetado, tendo, atualmente, várias mangueiras caídas pela propriedade. Uma palmeira desabou mesmo sobre o seu telhado. "O turismo vai ficar de fora nos próximos meses", disse o proprietário Jörg Salzer à DW África.
Foto: DW/A. Kriesch
Alguma normalidade
Salzer vive na ilha há mais de 10 anos. "Ainda estou um pouco chocado. A minha casa também colapsou. Quase não tenho o que vestir", disse o dono do hotel, acrescentando estar a fazer o seu melhor para transmitir ao seu pessoal que a vida continua. Salzer e a sua equipa conseguiram assistir à semifinal da Liga dos Campeões na quarta-feira (01.05) - um pouco de normalidade na sequência do ciclone.