Partidos de Tshisekedi e Kabila coligam-se no Parlamento
Lusa
7 de março de 2019
Partido do Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, e do seu antecessor, Joseph Kabila, assinaram acordo de coligação parlamentar, que permite formar Executivo.
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Num comunicado conjunto da Mudança de Rumo (CACH na sigla francesa), de Tshisekedi, e da Frente Comum para o Congo (FCC), que tem Kabila como atual líder da maioria parlamentar na Assembleia Nacional, as forças políticas referiram que o acordo foi subscrito "no superior interesse da nação", para que "se preserve a transição histórica e pacífica de poder, que teve lugar a 24 de janeiro", dia em que foi empossado o novo Presidente da RDC.
Salientando que foram desenvolvidas "concertações para resolver a problemática da determinação da maioria parlamentar", o acordo visa "manter o clima de paz, assim como a estabilidade do país, para que possa ser assegurada uma boa governação e se alcance o bem-estar do povo".
Novo Governo
Depois de "debates frutuosos, que se desenrolaram de 04 a 06 de março corrente", os dois partidos acordaram que a FCC "detém, de forma documental, a maioria absoluta na Assembleia Nacional".
FCC e CACH atribuem ao Presidente da RDC a responsabilidade de "formar Governo" e comprometem-se "a governar juntos num quadro de coligação governamental", refere o comunicado, divulgado na quarta-feira (06.03).
O Tribunal Constitucional ratificou, em meados de janeiro, a vitória de Félix Tshisekedi, que obteve cerca de 38,57% dos votos, contra 34,86% do candidato do principal partido da oposição, Martin Fayulu, de acordo com os dados provisórios divulgados pelo Comité Eleitoral do país em 10 de janeiro.
Tshisekedi, 55 anos, é o sucessor de Kabila, que presidia aos destinos do país desde 2001.
Esta foi a primeira vez que a RDC conseguiu transferir pacificamente o poder desde a independência do país, a 30 de junho de 1960.
RDC: Chocolates de um país em crise
A República Democrática do Congo é conhecida pela violência, pobreza e corrupção. Apesar dos problemas, a primeira empresa de chocolate do país está a produzir doces. Uma visita à "Cocoa Congo", na província de Goma.
Foto: DW/J. Raupp
Grãos do Beni
Adèle Gwet e Matthew Chambers inspecionam um carregamento de grãos de cacau que chegou da zona de Beni, a 300 quilómetros de distância. O casal empreendedor investe muito tempo e dinheiro: Chambers investiu 250 mil dólares na "Cocoa Congo", com a ajuda do Ministério Britânico do Desenvolvimento. Mas "o valor agregado do nosso 'chocolate premium' é produzido na própria RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Matéria-prima em vez de exportação
Grãos de cacau são transportados em autocarros de passageiros através de uma floresta onde milícias atuam. A empresa Cocoa Congo paga aos produtores de cacau - especialmente às mulheres - um quinto a mais pela matéria-prima do que as grandes empresas que exportam diretamente os grãos. Além disso, a empresa treina agricultoras para aumentarem seus rendimentos, atendendo aos padrões ambientais.
Foto: DW/J. Raupp
"Chocolatière" autodidata
"Eu vim ao Congo para trabalhar e ajudar outras mulheres", diz Adèle Gwet, natural dos Camarões. "Eu quero ajudá-las a ter uma vida melhor, por isso eu ensino como fazer chocolates." As receitas, ela buscou na internet. Durante meses, trabalhou com o marido, um americano, provando-as.
Foto: DW/J. Raupp
Ajuda para mulheres
Seis dos dez funcionários do Cocoa Congo, em Goma, são mulheres em risco. Aqui, elas aprendem a ferver a massa de cacau. A cozinha onde trabalham está localizada num edifício residencial. O chocolate está a ser produzido há apenas três meses - até agora, foram algumas centenas de barras. A previsão é de 20 mil por mês no próximo ano!
Foto: DW/J. Raupp
100% congoleses
Mamy Simire embala o chocolate em papel de alumínio. Ela mal consegue acreditar que foi feito aqui. Para a mãe de cinco filhos, comer doces por um longo tempo era impensável: "Eu só conhecia chocolates pela televisão, onde via outras pessoas comendo. Experimentar mesmo não era possível, pois é muito caro para nós". Agora, as crianças dela podem provar: são o controle de qualidade!
Foto: DW/J. Raupp
Produtos artísticos de exportação
A Cocoa Congo quer primeiro vender o chocolate no exterior pela internet. Chambers criou algo especial para entrar no mercado: artistas de Goma pintam quadros para o papel de embalagem. Um pacote de chocolate com três barras de 50 gramas deve custar 20 dólares. "Não exportamos apenas chocolate, mas também uma imagem positiva da RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Ativista
Sylvie Chishungu Zawadi se preocupa com as produtoras de cacau em Beni. Com frequência, milícias estupram mulheres que trabalham nos campos. Algumas são sequestradas e assassinadas. "Sim, é bom trabalhar com elas. Mas até que ponto a segurança delas está garantida? Ou será que elas estão à mercê das milícias?". Para um chocolate verdadeiramente seguro, o Estado também deve fazer a parte dele.