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ConflitosRepública Democrática do Congo

RDC: PR diz que M23 matou mais de cem pessoas no leste

Lusa
3 de dezembro de 2022

Segundo Felix Tshisekedi, um alegado massacre realizado pelo grupo rebelde M23 matou mais de uma centena de civis. Porta-voz do grupo rejeita acusações e reitera compromisso para iniciar diálogo com o Governo.

Civis em fuga dos confrontos entre as forças da RDC e o M23, em Kivu do NorteFoto: Moses Sawasawa/AP/picture alliance

O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi, subiu este sábado (03.12)para mais de uma centena de civis mortos na terça-feira num suposto massacre realizado pelo grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), na localidade de Kishishe.

O Presidente declarou três dias de luto nacional pelo massacre, que ocorreu no território de Rutshuru, no leste do país. Nas últimas horas, fontes locais elevaram o número de mortos para 122, segundo a Rádio Okapi, referindo ainda que pelo menos 64 pessoas mortas estavam escondidas numa igreja.

O Presidente da República também enviou uma mensagem de compaixão e solidariedade às famílias e comunidades diretamente afetadas por esta tragédia. Estes três dias de luto nacional culminarão na segunda-feira, 5 de dezembro de 2022, com um evento beneficente em forma de maratona televisiva", referiu um comunicado da Presidência divulgado pelo portal de notícias Actualité.

No Conselho de Ministros, o Presidente "pediu ao Ministério da Justiça que abra sem demora uma investigação interna e ao mesmo tempo trabalhe a favor de uma investigação internacional para esclarecer este crime de guerra".

A embaixada de França na RDC demonstrou, na sua conta oficial na rede social Twitter, "grande preocupação" com relatos de massacres "supostamente cometidos pelo M23 contra civis em Kishishe e que podem constituir crimes de guerra".

"Esses atos não devem ficar impunes e o M23 deve ser afastado sem demora", acrescentou a embaixada.

Felix TshisekediFoto: Arsene Mpiana/AFP/Getty Images

Acusações "infundadas"

Por sua vez, o porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, indicou anteriormente num comunicado que as acusações de Kinshasa são "infundadas" e enfatizou que "o M23 nunca atacou populações civis".

"O M23 alerta sobre o genocídio em curso em Masisi e pede à comunidade internacional e às Nações Unidas que investiguem minuciosamente", enfatizou o porta-voz.

Nesse sentido, o grupo rebelde tem alertado para "uma campanha, sobretudo por parte dos que não querem a paz, para prejudicar a imagem (do M23) e a sua boa relação com a população civil sob o seu controlo, para o que se solicita rapidamente uma investigação independente". 

"O M23 reitera o seu compromisso de iniciar um diálogo direto com o governo da RDC e acredita que é a única forma de resolver pacificamente o conflito no leste da RDC", concluiu Kanyuka no seu comunicado, divulgado pelo grupo através do Twitter.

No quadro de uma cimeira na capital angolana, para avançar na normalização das relações diplomáticas, a RDC e o Ruanda acordaram na passada sexta-feira um cessar-fogo, bem como a retirada do M23 das áreas recentemente conquistadas na província.

A nova ronda de conversações na capital do Quénia, Nairobi, iniciada na segunda-feira, surge depois de o grupo rebelde ter dito aceitar em princípio o acordo para a cessação das hostilidades na província do Kivu do Norte, embora tenha advertido que se reserva qualquer direito de resposta a qualquer ataque.

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