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ConflitosRepública Democrática do Congo

RDC: ONU investiga protestos violentos contra MONUSCO

mjp | com agências
28 de julho de 2022

ONU alerta que os protestos violentos contra a MONUSCO no leste congolês "podem constituir crime de guerra" e anuncia a abertura de uma investigação. Violência já provocou mais de 20 mortes desde segunda-feira.

Protesto violento contra a MOSNUCO em Goma, no leste congolêsFoto: Moses Sawasawa/AP/picture alliance

Na República Democrática do Congo (RDC), quatro pessoas morreram esta quarta-feira (27.07) por eletrocussão durante uma marcha em Uvira, província do Kivu do Sul, contra a presença dos "capacetes azuis" da ONU no país. Uma linha de alta tensão caiu sobre os manifestantes, quando a polícia tentava dispersar a manifestação.

As cidades daquela província tinham sido até agora poupadas aos protestos contra a missão das Nações Unidas, a MONUSCO, que eclodiram no início da semana.

Na vizinha Kivu do Norte, na terça-feira (26.07), três militares da missão e 12 manifestantes foram mortos nos protestos anti-MONUSCO, que é acusada de ineficácia perante centenas de grupos armados locais e estrangeiros ativos no leste do país há quase 30 anos.

Foto: Moses Sawasawa/AP/picture alliance

No total , segundo o balanço divulgado pelas autoridades congolesas na quarta-feira, pelo menos 22 pessoas já morreram por causa da violência gerada pelos protestos.

ONU fala em "crime de guerra"

Os manifestantes saquearam e destruíram instalações da missão da ONU em Goma, capital provincial, e em várias cidades da região.

As Nações Unidas consideram que o ataque pode constituir um crime de guerra e anunciaram a abertura de uma investigação. O representante especial adjunto da MONUSCO, Khassim Diagne, diz que a organização fará tudo para "chegar ao fundo da questão".

"Isto foi claramente um ato hostil contra as nossas tropas e pode constituir um crime de guerra. Agora, a situação pode ser descrita como uma fragilidade normal. Depois dos contatos com o Governo, desde segunda-feira, foram reforçadas as forças de segurança nacionais no terreno. Também reforçámos os nossos contingentes para garantir o restabelecimento da segurança", avançou Diagne.

Manifestantes em confronto com a polícia em GomaFoto: Moses Sawasawa/AP Photo/picture alliance

O secretário-geral António Guterres já "condenou firmemente" o ataque e transmitiu as suas "profundas condolências" às famílias das vítimas, identificadas como um "capacete azul" egípcio e dois polícias indianos. Guterres também lamentou a morte dos manifestantes e reiterou "o compromisso da MONUSCO em trabalhar com as autoridades da RDC para investigar estes incidentes".

Situação no Kivu do Norte

As autoridades congolesas destacaram a polícia e o exército para proteger as instalações da MONUSCO em várias cidades e a calma parece ter regressado a Kivu do Norte – em estado de sítio há mais de um ano para fazer frente aos grupos armados.

O governador militar da província, General Ndima Constant, apelou ao fim das manifestações:

"Estamos a lidar com a situação e vamos encontrar uma solução. A MONUSCO está na RDC a convite do Governo. Os cidadãos devem falar com o Governo para que sejam tomadas as medidas apropriadas".

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02:11

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Presença da MONUSCO

Presente na RDC desde 1999, a missão da ONU conta atualmente com mais de 14.000 militares de manutenção da paz e um orçamento anual de mil milhões de dólares. Tenta há mais de 20 anos fortalecer a paz no país, apesar da presença de cerca de 130 grupos armados que disputam o controlo dos vastos recursos naturais do país, como o cobre, cobalto, ouro e diamantes.

A população, no entanto, está contra a presença dos capacetes azuis no país.

"O Congo é nosso património. O Congo é para os congoleses. Desde que a MONUSCO está aqui que não faz nada. Há pessoas mortas todos os dias, temos uma missão da ONU para nos manter seguros, mas a população está a ser massacrada aos olhos dessa MONUSCO", disse um cidadão.

"Quando eles forem embora, vamos ser nós a tomar conta de tudo. Eles dizem que não têm meios para combater o grupo rebelde M23, então vamos defendermo-nos nós próprios. Se eles não forem embora hoje, vamos protestar até que vão", afirmou outro congolês.

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