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Reabertura do Teatro Nacional é símbolo de vida e paz na Somália

23 de março de 2012

A expulsão recente dos islamistas da al-Shabab de Mogadíscio pode significar o regresso a uma vida normal. A reabertura do Teatro Nacional da Somália, ao fim de 20 anos, tornou-se um símbolo da paz.

Somali national singers perform inside the National Theatre in Somalia's capital Mogadishu, March 19, 2012. In the roofless, bullet-ridden building that houses Mogadishu's National Theatre, Somali musicians staged a concert for the first time in 20 years, a sign of a marked improvement in security in the war-ravaged Horn of Africa country. Picture taken March 19, 2012. REUTERS/Omar Faruk (SOMALIA - Tags: ENTERTAINMENT POLITICS CIVIL UNREST SOCIETY)
Somalia Nationaltheater Chor singt vor Theater in MogadischuFoto: Reuters

Há muito tempo não se via ou ouvia, no Teatro Nacional, músicas e danças tradicionais. A última cortina caiu há mais de 20 anos. Na capital assolada pela guerra, a população lutava apenas pela sobrevivência.

O teatro caiu em esquecimento, tanto mais que o seu palco era usado sobretudo como local de acampamento de senhores da guerra, que se preparavam aqui para os combates.

Mas há alguns meses regressou uma certa paz à capital somali. E o teatro foi solenemente reaberto no dia 19 de março. O presidente Sheikh Sharif Ahmed considerou, na altura, que a cultura é um dos pilares do processo de paz.

A queda do ditador Siad Barre, em 1991, foi o início de um processo de dissolução do Estado deixando a Somália à mercê de milíciasFoto: Picture-Alliance /dpa

"Estou muito contente por poder estar aqui esta noite. Queremos dar às pessoas a possibilidade de olharem em frente e esquecerem, por uns momentos, os horrores que o nosso país atravessou. Que a violência termine enfim! Começa agora uma nova era de paz, crescimento e espírito de comunidade", declarou.

Paz é processo recente

O próprio teatro mostra que este é um processo muito recente. O edifício não tem telhado, as paredes estão marcadas por balas e obuses, os espectadores sentam-se em cadeiras de plástico.

O presidente da câmara de Mogadíscio, Ahmed Nur, afirma que embora o teatro esteja muito destruído, "é precisamente por isso que este acontecimento assume uma importância tão grande, porque prova que a Somália deixou para trás as guerras dos últimos 21 anos".

O governo de transição reassumiu quase completamente o controle da cidade, em agosto do ano passado. Graças ao apoio das tropas da União Africana (UA), foi possível expulsar a milícia radical-islâmica al-Shabab de Mogadíscio. Os fundamentalistas tinham proibido representações de dança ou música. Qualquer encenação de uma peça de teatro era severamente punida.

Expulsão recente de grande parte dos islamistas da al-Shabab da capital, Mogadíscio, abre a possibilidade de um regresso a uma vida normalFoto: picture-alliance/dpa

Muitos espectadores sentiram a estreia depois dessa opressão como uma verdadeira libertação. Alguns tinham lágrimas nos olhos."Estou profundamente comovida. Costumava frequentar assiduamente o teatro nos anos 70. Vinha ouvir todos os cantores famosos. Nem sei qual deles ainda vive hoje", afirma Salado Dirie Mohamed.

As décadas de guerra e terror foram o tema central do espectáculo de abertura. Um assunto muito sério, mas que, mesmo assim, deixou espaço para algumas gargalhadas. Entretanto, já estão a ser planeadas as próximas encenações.

Para além da renovação do edifício, para muitos somalis, como esta espectadora, a reabertura do Teatro Nacional simboliza o regresso à vida de Mogadíscio. "Quer dizer que temos um futuro melhor pela frente. Se o Teatro for reconstruído, também o resto da cidade recuperará", diz ela.


Autoras: Antje Diekhans/Cristina Krippahl
Edição: Cris Vieira/Marta Barroso

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