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Reajuste político em Angola desafia partidos da oposição

25 de janeiro de 2019

Analistas veem os problemas internos do segundo maior partido da oposição em Angola, CASA-CE, no contexto de um reajuste necessário da oposição política aos ventos de mudança que sopram no país.

Abel Chivukuvuku - CASA-CE Wahlplakat in Angola
Foto: DW/B.Ndomba

A imagem do líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, está abalada por divergências entre a oposição angolana. O político processou por difamação dois jornalistas da Rádio Despertar, órgão afeto ao principal partido da oposição, a União para a Independência Total de Angola (UNITA). António Festos e Queirós Chiluvia estão a ser acusados de crime de difamação por terem veiculado informação que revela alegado desvio de fundos da coligação por parte do líder da CASA-CE.

O analista e jornalista angolano Ilídio Manuel diz que Chivukuvuku está no seu direito: "Ele acha que precisa lavar a sua honra em praça pública. É natural que isso possa trazer algumas repercussões à própria coligação, uma vez que ela está bastante fragilizada nesta fase”.

Políticos abandonam CASA-CE

Os partidos representados no Parlamento angolano atravessam um período de reajusteFoto: Getty Images/AFP/A. Jocard

Por seu lado, David Mendes, deputado independente da UNITA e advogado dos partidos da coligação, também implicado no caso, ameaçou uma ação criminal contra Abel Chivukuvuku por crime de peculato.

A CASA-CE tem enfrentado várias dificuldades desde que os partidos políticos que a compõem negaram a transformação da coligação em partido político. Nos últimos tempos vários dirigentes têm vindo a abandonar o partido. Depois do regresso de Alexandre Dias dos Santos "Libertador”, responsável pela CASA-CE em Luanda, à UNITA na última quarta-feira (23.01), Francisco Viena, secretário-executivo da CASA em Benguela, também anunciou a sua desistência.

Encontro de independentes em fevereiro

"Os independentes que me estão a ouvir têm a plena consciência que a nossa sobrevivência política enquanto sobreviventes já não passa pela Convergência Ampla de Angola. Mesmo a sobrevivência política do próprio presidente Abel Chivukuvuku já não passa pela CASA-CE”, disse, na altura, Francisco Viana.

Reajuste político em Angola desafia partidos da oposição

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A DW África tentou, sem sucesso, ouvir a propósito Abel Chivukuvuku, mas sem sucesso. Mas numa mensagem publicada pelo deputado Lindo Bernardo Tito na sua conta da plataforma social online Facebook e com autoria atribuída ao líder da coligação, apela-se à "serenidade, lucidez, firmeza e coragem" e anuncia-se um encontro dos independentes da coligação para o mês de fevereiro.

O analista Ilídio Manuel refere que quase todos os partidos políticos da oposição em Angola estão em crise. Os problemas beneficiam o Movimento pela Libertação de Angola (MPLA) no poder, que também atravessa um momento difícil, alerta: "É natural que esses tipos de clivagem façam com que o partido no poder consiga colher os seus dividendos e passar a ideia de que a crise não se verifica apenas no seio do MPLA, mas também nas outras formações políticas”.

Oposição deve assumir com seriedade o seu papel

Osvaldo Mboco outro analista político angolano diz que a oposição precisa adaptar-se aos novos ventos que sopram no país. A abordagem política do Presidente João Lourenço tirou força aos tradicionais argumentos da oposição de que "temos um país extremamente corrupto, que temos um país com bastante nepotismo e má governação”, disse Mboco à DW África.

É ainda necessário que a oposição assuma o seu papel, que é fiscalizar as ações do Executivo e reagir de imediato a determinadas posições tomadas pelo Governo de Luanda, acrescenta o professor universitário. E salienta: "Mas a função da oposição não é meramente opor-se à governação. É também a de contribuir com ideias”.

 

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