Equipamentos que vão ser usados no recenseamento eleitoral começam a ser testados em Maputo, Nampula e Manica. As autoridades dizem que está tudo a postos. Em Manica, no entanto, as contas do STAE geram polémica.
Foto: Bernardo Jequete/DW
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Na província de Manica, a fase piloto do recenseamento eleitoral vai decorrer nos distritos de Macate, Mossurize e Vanduzi, a partir desta quarta-feira e deverá terminar a 20 de fevereiro. Foram constituídas seis brigadas – duas por distrito – para alcançar potenciais eleitores que residam longe das sedes e postos administrativos.
Além disso, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Manica, acaba de capacitar 18 técnicos que irão trabalhar nos três distritos como brigadistas desta fase piloto. E já foram capacitados também os agentes de educação cívica, diz o diretor provincial do STAE em Manica, Luciano José.
O STAE refere também que está a tentar ultrapassar problemas técnicos registados em 2018 e 2019. Na altura, houve problemas com os computadores e com os painéis solares.
"Para que esses problemas não voltem a acontecer no recenseamento eleitoral que está previsto para este ano, decidiu a Comissão Nacional de Eleições começar-se por fazer um recenseamento piloto com objetivo de testar esses equipamentos, tendo em conta que esses equipamentos sofreram alguns upgrades", explica Luciano José.
As eleições autárquicas estão marcadas para outubro deste ano e o STAE garante que há orçamentoFoto: Bernardo Jequete/DW
Contas polémicas
A fase piloto vai decorrer em três províncias do país, nomeadamente Maputo província, Nampula e Manica. Serve para testar as máquinas e atualizar o software.
O diretor provincial do STAE em Manica adianta já que cada equipa precisará de duas impressoras, o que levará a um aumento dos custos de eletricidade.
"A primeira impressora é para a impressão do cartão de eleitor PVC; a segunda vai imprimir os outros materiais gráficos, refiro-me ao boletim de inscrição, aos relatórios semanais assim como aos cadernos do recenseamento eleitoral", explica.
Caça ao voto em Manica
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Nos últimos dias, as contas do STAE em Manica têm sido alvo de polémica. O secretariado recebeu dos órgãos centrais um valor para despesas de funcionamento muito acima do de outras províncias. Obteve 88 milhões de meticais (mais de 1,2 milhões de euros) enquanto a província de Maputo, por exemplo, se ficou pelos 41 milhões de meticais (591 mil euros).
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"Qual é a diferença de Manica?"
Luciano José explicou que a província de Manica é a única que tem direções distritais que funcionam plenamente - por isso recebeu acima das outras. "Se analisarem este orçamento, notarão que é um facto que o orçamento da província de Manica são 88 milhões, muito longe das outras províncias. 95% deste valor é para o pagamento de despesas com o pessoal, ou seja, salários e remunerações, dai que temos esses valores altos", adiantou.
Danilo Mairosse, secretário executivo da Plataforma da Sociedade Civil em Chimoio (PLASOC), não está satisfeito com a resposta do diretor provincial e considera a disparidade de valores estranha. O responsável questiona como é que o STAE em Manica está a funcionar "em pleno" e outros não estão. Além disso, há províncias com mais autarquias do que Manica.
"Porque é que Manica é a única província que mantém o STAE em ativo? Nós precisamos de uma justificação. Qual é a diferença entre Manica e o resto das províncias? Esse é que é o grande assunto que está na província de Manica. Estamos preocupados com isso como sociedade civil", afirma.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.