Recenseamento eleitoral piloto arranca em Moçambique
Bernardo Jequete (Manica)
1 de fevereiro de 2023
Equipamentos que vão ser usados no recenseamento eleitoral começam a ser testados em Maputo, Nampula e Manica. As autoridades dizem que está tudo a postos. Em Manica, no entanto, as contas do STAE geram polémica.
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Na província de Manica, a fase piloto do recenseamento eleitoral vai decorrer nos distritos de Macate, Mossurize e Vanduzi, a partir desta quarta-feira e deverá terminar a 20 de fevereiro. Foram constituídas seis brigadas – duas por distrito – para alcançar potenciais eleitores que residam longe das sedes e postos administrativos.
Além disso, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Manica, acaba de capacitar 18 técnicos que irão trabalhar nos três distritos como brigadistas desta fase piloto. E já foram capacitados também os agentes de educação cívica, diz o diretor provincial do STAE em Manica, Luciano José.
O STAE refere também que está a tentar ultrapassar problemas técnicos registados em 2018 e 2019. Na altura, houve problemas com os computadores e com os painéis solares.
"Para que esses problemas não voltem a acontecer no recenseamento eleitoral que está previsto para este ano, decidiu a Comissão Nacional de Eleições começar-se por fazer um recenseamento piloto com objetivo de testar esses equipamentos, tendo em conta que esses equipamentos sofreram alguns upgrades", explica Luciano José.
Contas polémicas
A fase piloto vai decorrer em três províncias do país, nomeadamente Maputo província, Nampula e Manica. Serve para testar as máquinas e atualizar o software.
O diretor provincial do STAE em Manica adianta já que cada equipa precisará de duas impressoras, o que levará a um aumento dos custos de eletricidade.
"A primeira impressora é para a impressão do cartão de eleitor PVC; a segunda vai imprimir os outros materiais gráficos, refiro-me ao boletim de inscrição, aos relatórios semanais assim como aos cadernos do recenseamento eleitoral", explica.
Caça ao voto em Manica
01:37
Nos últimos dias, as contas do STAE em Manica têm sido alvo de polémica. O secretariado recebeu dos órgãos centrais um valor para despesas de funcionamento muito acima do de outras províncias. Obteve 88 milhões de meticais (mais de 1,2 milhões de euros) enquanto a província de Maputo, por exemplo, se ficou pelos 41 milhões de meticais (591 mil euros).
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"Qual é a diferença de Manica?"
Luciano José explicou que a província de Manica é a única que tem direções distritais que funcionam plenamente - por isso recebeu acima das outras. "Se analisarem este orçamento, notarão que é um facto que o orçamento da província de Manica são 88 milhões, muito longe das outras províncias. 95% deste valor é para o pagamento de despesas com o pessoal, ou seja, salários e remunerações, dai que temos esses valores altos", adiantou.
Danilo Mairosse, secretário executivo da Plataforma da Sociedade Civil em Chimoio (PLASOC), não está satisfeito com a resposta do diretor provincial e considera a disparidade de valores estranha. O responsável questiona como é que o STAE em Manica está a funcionar "em pleno" e outros não estão. Além disso, há províncias com mais autarquias do que Manica.
"Porque é que Manica é a única província que mantém o STAE em ativo? Nós precisamos de uma justificação. Qual é a diferença entre Manica e o resto das províncias? Esse é que é o grande assunto que está na província de Manica. Estamos preocupados com isso como sociedade civil", afirma.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.