Combate à criminalidade marítima no Golfo da Guiné
Lusa | ar
8 de junho de 2017
As operações da rede inter-regional de combate à criminalidade marítima no Golfo da Guiné arrancaram oficialmente esta quinta-feira (08.05.). O projeto é cofinanciado pela UE e pelo Governo da Dinamarca.
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A Rede Inter-regional do Golfo da Guiné (GOGIN), que terá um orçamento de 9,2 milhões de euros para os próximos quatro anos, envolve 19 países da orla costeira africana, desde o Senegal a Angola, incluindo os arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
O GOGIN vai apoiar os países participantes no desenvolvimento de infraestruturas de planeamento, comunicação e tecnologias de informação aos níveis nacional, regional e inter-regional.
O líder do GOGIN, o vice-almirante na reserva Jean-Pierre Labonne, assinalou esta quinta-feira, em Yaoundé, o início oficial das operações, sublinhando os objetivos da rede.
"O nosso objetivo de longo prazo é apoiar a paz, a estabilidade e o desenvolvimento humano e económico por toda a África ocidental e central. Eu e a minha equipa não pouparemos esforços para fazer do GOGIN um sucesso", disse.
Repressão da pirataria
O GOGIN vem dar expressão prática ao Código de Conduta para a repressão da pirataria, roubo armado contra embarcações e atividade marítima ilícita na África ocidental e central, adotado na cimeira de chefes de estado de 2013 em Yaoundé, também conhecido como Processo de Yaoundé.
O projeto é cofinanciado pela União Europeia e pelo Governo da Dinamarca e implementado pela Expertise France, a agência de cooperação técnica internacional francesa.
Abrange uma área de 6.000 km de litoral e as águas adjacentes, onde nos últimos anos se tem registado o aumento de atividades como a pirataria, raptos, roubo armado em alto mar, tráfico de drogas, de seres humanos, de madeiras, de armas e resíduos tóxico bem como pesca ilegal e roubo de crude.
Quatro PALOP envolvidos
Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial, Gabão, República do Congo, República Democrática do Congo, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são os países envolvidos neste "esforço conjunto de combate à criminalidade marítima" na região.
Cabo Verde manifestou, em dezembro, a sua disponibilidade para acolher o centro de coordenação e vigilância marítima para a zona norte (zona G) da região do Golfo da Guiné, durante a segunda reunião anual do grupo G7 + Amigos do Golfo da Guiné (G7++FoGG), que decorreu na cidade da Praia.
A rede vai congregar os centros de segurança marítima já existentes, nacionais e multinacionais, coordenados por dois Centros de Coordenação Regional em Abidjan e Pointe Noire, liderados por um Centro de Coordenação Inter-regional em Yaoundé.
2016 em imagens: O que moveu África?
Entre o terror, a democracia e a imprevisibilidade, o ano no continente africano fica marcado por momentos de viragem. Acompanhe a DW África nesta viagem pelos acontecimentos mais marcantes de 2016.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Terror imprevisível
A África Ocidental ainda recuperava de um ataque a um hotel em Bamako, no Mali, quando os extremistas islâmicos voltaram a atacar: a 15 de janeiro, dezenas de pessoas morreram num atentado da Al Qaida no Magrebe Islâmico num hotel em Ouagadougou, no Burkina Faso. O cenário repete-se em março, com cerca de 20 mortos num ataque à estância balnear de Grand Bassam, na Costa do Marfim (na foto).
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou
Reconhecimento do genocídio
Depois de vários anos de indefinição e após a resolução sobre a Arménia no Parlamento alemão, Berlim classifica também como genocídio a morte de dezenas de milhares de pessoas Nama e Herero na Namíbia, no período colonial. Mantêm-se as divergências entre os dois países sobre reparações. As negociações são adiadas para 2017. Na foto: manifestantes na Namíbia lembram os crimes do passado colonial.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Gebert
Todos contra o TPI
Depois do julgamento do Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, o Tribunal Penal Internacional chega a um impasse também no processo contra o seu vice, por falta de provas. Na União Africana, Kenyatta relança a campanha anti-TPI. Com sucesso: o Burundi, a Gâmbia e a África do Sul anunciam que vão abandonar o TPI. No entanto, enquanto forem membros, têm de continuar a cooperar com Haia.
Foto: Getty Images/AFP/M. Beekman
Ex-ditadores não são intocáveis
De Kenyatta, no Quénia, a Al-Bashir, no Sudão: os chefes de Estado são os pesos pesados na mira do TPI. A condenação do ex-ditador do Chade, Hissène Habré (na foto), em maio, lança um aviso a outros ditadores da região. Habré é condenado a prisão perpétua e a decisão parte de um tribunal especial no Senegal, criando-se a estrutura para julgar outros ditadores no futuro, sem depender do TPI.
Foto: picture-alliance/dpa
Herança cultural não deve ser subestimada
Em 2012, extremistas islâmicos destruíram a mesquita de Sidi Yahya, em Tombuctu. Só a restauração da porta demorou cinco meses. Em setembro de 2016, a mesquita é reaberta - um sinal de esperança para o Mali. O julgamento no Tribunal Penal Internacional também serve de aviso: Ahmad Al Mahdi é condenado em outubro a nove anos de prisão pela destruição de património mundial.
Foto: Getty Images/AFP/S. Rieussec
Braços cruzados podem custar vidas na Etiópia
No Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, após cruzar a meta da maratona, o etíope Feyisa Lilesa protesta com os braços cruzados. Na Etiópia, o gesto de oposição ao regime é perigoso. Em outubro, em Bishoftu, a polícia dispersa um protesto e dezenas de pessoas morrem num tumulto. O grupo étnico Oromo diz-se marginalizado pelo Governo da Frente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia (EPRDF).
Foto: picture-alliance/AP Photo
"Meninas de Chibok": a persistência compensa
Depois de dois anos e meio de incerteza, os pais de 21 alunas sequestradas em Chibok recebem as suas filhas de volta, em outubro. É o resultado das negociações do Governo da Nigéria com os extremistas islâmicos do Boko Haram. No entanto, quase 200 meninas continuam detidas. O Executivo de Muhammadu Buhari garante que vai libertar as estudantes que permanecem em cativeiro.
Foto: Picture-Alliance/dpa/EPA/STR
#ThisFlag: desafiar o poder
Com o seu movimento #ThisFlag ("Esta Bandeira"), o pastor Evan Mawarire torna-se a cara da contestação popular no Zimbabué. Mas Robert Mugabe anuncia que pretende recandidatar-se à Presidência em 2018 e continua a reprimir protestos. Na República Democrática do Congo, as eleições são adiadas e Joseph Kabila tenta manter-se no poder até 2018, contra a Constituição.
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Polémicas não demovem chefes de Estado
É "o Presidente dos escândalos" na África do Sul: acusações de violação e negação do HIV marcam os mandatos de Jacob Zuma, no poder desde 2009, juntamente com a restauração milionária da sua residência com fundos públicos. Mas Zuma mantém-se no poder, mesmo depois da divulgação de um relatório que levanta uma série de suspeitas de ligações entre a Presidência e a influente família indiana Gupta.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Presidenciais surpreendentes
Em Cabo Verde e no Benim, os cidadãos apostam na continuidade. Mas em outros países, como no Gana, vence a oposição: John Mahama aceita a vitória de Nana Akufo-Addo e promete uma transição pacífica. Na Gâmbia, o cenário parece, à partida, semelhante: Adama Barrow (na foto) vence as eleições. Após 22 anos no poder, Yahya Jammeh admite a derrota. Mais tarde, Jammeh recua e rejeita os resultados.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Adeus a Papa Wemba
Com 66 anos, "o rei da rumba congolesa" morre em abril,depois de perder os sentidos num concerto em Abidjan, na Costa do Marfim, tal como Miriam Makeba, oito anos antes. O mundo despede-se de um músico que dizia que não fazia música congolesa ou africana, "apenas música".