Redes sociais são usadas para traficar diamantes em África
AFP | Lusa | tms
24 de junho de 2017
Traficantes utilizam o Facebook e o WhatsApp para buscar potenciais clientes e negociar as transações criminosas, denuncia ONG internacional.
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Os traficantes de diamantes da República Centro-Africana utilizam as redes sociais para encontrar compradores e escapar às leis internacionais, denunciou a organização não-governamental Global Witness num relatório divulgado esta sexta-feira (23.06).
"As redes sociais tornaram-se territórios para procurar novos clientes", explicou à agência noticiosa francesa AFP Aliaume Leroy, encarregado de campanha na Global Witness.
Segundo a ONG, os vendedores e intermediários interpelam potenciais compradores nas redes sociais Facebook e Whatsapp, e utilizam as mensagens privadas dessas redes para negociar uma transação.
"Esses diamantes terão tido como destinatários compradores na Bélgica, no Brasil, em França, na China, em Israel, no Líbano, na África do Sul, na Serra Leoa e na Libéro", descreve o relatório.
Fiscalização
A Global Witness, que conseguiu, assim, reconstituir um circuito de venda informal dos diamantes centro-africanos, solicitou às autoridades centro-africanas que "desenvolvam sistemas fiáveis de rastreabilidade".
O relatório exorta igualmente o Tribunal Penal Internacional (TPI) a "dar o seu apoio às investigações e aos julgamentos no Tribunal Penal Especial recentemente criado na República Centro-Africana, incluindo aos processos sobre o crime de pilhagem".
"Uma parte demasiado elevada dos lucros [do comércio de diamantes] acaba, na realidade, nos bolsos daqueles que contribuem para atiçar o conflito", completou Aliaume Leroy.
"É essencial que o comércio dos recursos naturais centro-africanos tenha um lugar preponderante nos esforços destinados a estabelecer a paz", acrescentou.
O país da África Central que mergulhou em 2013 na violência com a deposição de François Bozizé pelos rebeldes de maioria muçulmana da Seleka, desencadeando uma contra-ofensiva de milícias cristãs, os anti-Balaka, foi pouco depois suspenso do regime internacional de certificação chamado "de Kimberley".
Este sistema, que entrou em vigor em 2003, após a controvérsia em torno dos "diamantes de sangue", pedras preciosas que serviram para financiar conflitos no continente africano durante os anos 2000, define as condições de exportação dos diamantes originários dos seus 75 Estados membros.
Diamantes: benção e maldição em África
Recentemente o Governo da Serra Leoa recusou uma oferta de 7,7 milhões de dólares para um dos maiores diamantes jamais encontrados no país. Uma ocasião para ver o diamante africano à lupa.
Foto: picture alliance/AP Photo
Uma bênção para a Serra Leoa?
Nos seus tempos livres o padre Emmanuel Momoh explora uma mina. Em Março encontrou um diamante de 709 quilates, que entregou às autoridades para que a receita da venda reverta a favor de todos. Num leilão o diamante obteve a oferta recorde de 7,7 milhões de dólares. Mas o Governo de Freetown achou-a muito baixa e organizou um novo leilão que deverá decorrer na Bélgica nas próximas semanas.
Foto: picture alliance/AP Photo
A estrela da Serra Leoa
Já em 1972 foi encontrado um diamante gigantesco na Serra Leoa. Com um peso bruto de 969 quilates, a “estrela da Serra Leoa” foi dividida em 17 partes. Apesar da riqueza em recursos naturais, o país ocupa um dos últimos lugares no Índice de Desenvolvimento da ONU. Durante décadas, o comércio ilegal de diamantes financiou uma guerra civil na qual morreram dezenas de milhares de pessoas.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
Botswana: o sítio dos maiores diamantes
Quando se trata do tamanho e do valor de diamantes, o Botswana ocupa o primeiro lugar. O segundo maior diamante jamais extraído no mundo tem o nome “Lesedi La Rona”, ou “a nossa luz”. É do tamanho de uma bola de ténis e tem 1.109 quilates. Foi encontrado em 2015 com a ajuda de raios-X. A iniciativa valeu a pena: mais tarde foram extraídos mais dois diamantes de muitos quilates no mesmo local.
Em Abril o “pink star” foi vendido pela soma recorde de 71 milhões de dólares. O diamante com 132,2 quilates foi encontrado na África do Sul. A lapidação levou dois anos, e produziu o maior diamante rosa do mundo, com quase 60 quilates. A "estrela rosa" foi leiloada uma primeira vez em 2013. Mas o comprador não conseguiu reunir a soma de 83 milhões de dólares e teve que devolver a pedra.
Foto: Reuters
Diamonds are a girl's best friend
A atriz Elizabeth Taylor era famosa pelo seu amor aos diamantes. Quando morreu, em 2011, as suas jóias foram leiloadas por quase 140 milhões de dólares. Durante muito tempo, os negociantes de pedras preciosas queixaram-se da queda de preços. Mas desde o ano passado, os preços recomeçaram a subir e a procura pelo diamante bruto cresce, alimentando a esperança de muitos prospectores africanos.
Foto: picture alliance/dpa/C. Melzer
Nem luxo, nem fascínio
Os prospectores no Zimbabué cavam com pás e com as próprias mãos à procura das pedras preciosas, na esperança de encontrarem um diamante que os redima da pobreza. Mas regra geral os grandes diamantes são encontrados em minas de exploração industrial, onde as máquinas têm a capacidade de peneirar grandes quantidades de minério.