Declarado "fim da guerra no Darfur" mas violência continua
7 de setembro de 2016 Os Presidentes do Chade, Idriss Deby e do Sudão Omar al-Béchir e o Sheik Tamim bin Hamad do Qatar, participaram nesta quarta-feira numa cerimônia para declarar conjuntamente o fim do conflito na região sudanesa do Darfur.
A celebração marcou também o fim do mandato da Autoridade Regional de Darfur e, assim, o termo do Governo de transição, formado em 2007. Mas os refugiados do Darfur no Chade ainda se sentem inseguros para regressar aos seus locais de residência, uma vez que o conflito continua em algumas zonas da região.
Desde o início da guerra civil no Sudão em 2003, cerca de 114.000 refugiados encontraram abrigo nomeadamente no acampamento Treguine, em Abeche, no leste do Chade.
Desde o início do processo de Acordo de Paz do Darfur, em 2006, o Chade teve um papel crucial. Por isso, o presidente Idriss Deby se deslocou a Al-Fashir, a capital de Darfur do Norte, para participar na cerimônia que marcou o fim do mandato da Autoridade Regional do Darfur.
“Não há razão para comemorar”
Mas de acordo com Ulrich Delius, porta-voz da ONG "Sociedade para os Povos Ameaçados," não há razão para comemorar.
"A situação dos civis afetados nos campos de refugiados é cada vez mais precária, porque a ajuda humanitária vem sendo reduzida – sobretudo por parte do Governo sudanês. Querem que as pessoas deixem os campos de refugiados para dar a impressão fictícia de paz."
2,3 milhões de pessoas deslocadas
Desde que o conflito em Darfur eclodiu em 2003, mais de 2,3 milhões de pessoas foram deslocadas. A maioria delas vive em campos de refugiados no próprio Darfur e no vizinho Chade, que desde 2011 tenta negociar um acordo de paz na região.
Mas a situação continua dramática para milhares de sudaneses que, há anos, tiveram que fugir de suas casas. Retornar parece quase impossível para eles, devido à falta de segurança no Darfur.O emir do Qatar, Sheikh Tamim Bin Hamad, que também participou na cerimônia em Al-Fashir, contribuiu, bem como outros Estados árabes, com muito dinheiro para a reconstrução do Darfur. Mas, de acordo com Delius, "os antigos habitantes rejeitam instalar-se nas aldeias-modelo" que foram erguidas por acreditarem que não há segurança suficiente naqueles locais.
“Eles dizem que querem ser compensados, querem ter segurança e não retornar para essas aldeias. Isso significaria apoiar a posição do Governo sudanês de que não há problemas no Darfur, que se trata simplesmente de uma região pobre que precisa de mais ajuda. Mas querem mostrar que há um problema agudo com a paz e a falta de segurança em todas as cinco províncias do Darfur e isso precisa ser resolvido primeiro."
150 mil novos refugiados desde janeiro de 2016
Em algumas áreas, a vida voltou ao normal, mas em outras, o conflito continua. Cerca de 150 mil novos refugiados fugiram das montanhas Marrah, no Darfur, desde janeiro de 2016.
"Este é o grande problema, não há justiça para aqueles que perderam as suas terras e tiveram que fugir. Alegam que o regresso não foi discutido com eles e que não foram ouvidos nem pela comunidade internacional, o mundo árabe, a União Europeia ou o Governo do Sudão.