Em Hamburgo um grupo de pessoas juntou-se para ajudar requerentes a asilo. O objetivo é dar-lhes informação. Há um ano opera, naquela cidade no norte da Alemanha, uma rádio comunitária com notícias para os refugiados.
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Nos últimos dois anos chegou à Alemanha mais de um milhão de requerentes a asilo. E continuam a chegar mais refugiados na esperança de construirem uma nova vida longe de casa. A maioria não fala alemão por isso têm dificuldades em obter informação e notícias. É a essas pessoas que se dirige a "Refugee Radio Network" (RNN).
"Vozes dos Refugiados" dá voz aos refugiados
Numa terça-feira à tarde Larry Macaulay está sentado ao microfone no estúdio da Rádio FSK em Hamburgo, a apresentar a emissão "Refugee Voices" ou seja: "Vozes dos Refugiados".
Trata-se do programa mais popular do Refugee Radio Network, uma estação de rádio de refugiados para refugiados. O nigeriano Macaulay, fundador e diretor da estação, explica à DW que o seu programa é um magazine de uma hora de duração sobre os refugiados, as suas vidas, "com histórias e entrevistas pelo meio". E adianta: "Distribuimos os sessenta minutos que produzimos por rádios livres e comunitárias em toda a Alemanha. Somos retransmitidos em Berlim, Marburgo, Estugarda e Munique".
Para além deste programa mensal, a RRN tem uma presença contínua de 24 horas na Internet. A língua mais utilizada é o inglês, mas há produções em vários outros idiomas, diz Macaulay: "Temos bolsas de contacto, programas ao vivo de poesia, de cozinha, e também lemos cartas que recebemos de todo o mundo."
"Chegaram há poucos meses e já fazem rádio"
No dia da reportagem da DW, está a ser emitido um programa com quatro convidados: refugiados afegãos que chegaram à Alemanha há poucos meses e já estão a preparar um programa para a RRN. A entrevista é feita em vários idiomas, reflectindo a vasta variedade no grupo de refugiados neste país. Nesta rádio, as barreiras linguísticas são facilmente superadas.
Refugee Radio Network - Hamburgo - MP3-Mono
Larry Macaulay criou a RRN em finais de 2014 juntamente com outros dois refugiados. Todos são oriundos da Nigéria, mas estavam a trabalhar na Líbia quando uma coligação militar liderada pela NATO começou a bombardear as tropas do antigo dirigente líbio Muamar Khadafi em 2011. Com a líbia mergulhada no caos, os três decidiram arriscar a vida numa travessia do Mediterrâneo. Acabaram por dar à costa da ilha italiana de Lampedusa. As autoridades italianas não conseguriam lidar com a chegada de tanta gente, e deixaram muitos refugiados seguir viagem para o norte da Europa. No início de 2014, os três chegaram à Alemanha. A experiência de refugiado na Europa inspirou Macaulay a fazer rádio.
"Queremos dar aos refugiados meios de defesa"
Macaulay explica: "Como refugiado sou diariamente confrontado com estereótipos e casos de discriminação. Vejo a marginalização na sociedade e estou a usar este meio de comunicação para agir e dar aos outros refugiados meios de acção."
A RRN é financiada através de donativos de amigos e apoiantes, e também por várias organizações, como a igreja protestante. Macaulay e os seus dois co-fundadores operam a estação com o apoio de 14 voluntários oriundos de sete países, incluindo o Sudão, a Síria, o Afeganistão e o Mali.
A bordo de um navio militar alemão no Mediterrâneo
O "Frankfurt am Main" navega nas águas do Mar Mediterrâneo desde janeiro. Auxilia no resgate de refugiados a caminho da Europa e serve de apoio a outros navios. A DW África viajou na embarcação.
Foto: DW/D. Pelz
Missão delicada
O maior navio da Marinha alemã, o "Frankfurt am Main", prepara-se para levantar âncora. Os militares têm em mãos uma missão delicada no Mar Mediterrâneo, no âmbito da operação naval europeia "Sofia": travar a migração ilegal para a Europa, apanhar os "passadores" e resgatar os refugiados que naufragam.
Foto: DW/D. Pelz
Visão periférica
O navio funciona 24 sobre 24 horas. Os militares revezam-se nos turnos. Na ponte de comando, monitorizam o mar envolvente com a ajuda do radar. Os objetos que aparecem no monitor não são só embarcações de refugiados. Há muitos navios comerciais e de cruzeiro que navegam no Mediterrâneo. O "Frankfurt am Main" cruza-se também frequentemente com outras embarcações da operação "Sofia".
Foto: DW/D. Pelz
Saúde a bordo
O mar está demasiado agitado - os refugiados não se costumam fazer ao Mediterrâneo com este tempo. A tripulação dedica-se, por isso, a outras tarefas. A paramédica Shanice S. conduz um teste auditivo de rotina a um soldado. Os tripulantes fazem exames médicos regularmente. É possível inclusive realizar operações no hospital de bordo. Também há um dentista no navio.
Foto: DW/D. Pelz
Médicos, padeiros e padre a bordo…
Andreas Schmekel (à dir.) comanda mais de 200 pessoas no navio. A bordo seguem marinheiros, médicos, cozinheiros, padeiros e um padre. A maioria dos tripulantes passa vários meses no navio.
Foto: DW/D. Pelz
Sempre alerta
Os tripulantes têm de estar preparados para resgatar refugiados que entrem em apuros. Por isso, o técnico Jan S. testa as lâmpadas num dos contentores na proa. É para aqui que os refugiados são levados inicialmente. É aqui que são revistados pelos militares e que se avalia o seu estado de saúde. Quando centenas de refugiados sobem a bordo ao mesmo tempo, o processo pode demorar um dia inteiro.
Foto: DW/D. Pelz
Dia-a-dia dos militares
Se não há náufragos a bordo, os militares continuam os seus treinos regulares, incluindo de tiro, mesmo que a missão no Mediterrâneo não preveja o uso de armas de fogo. Também são testados o combate a incêndios ou a prontidão da resposta face a possíveis vazamentos no navio. Em caso de emergência, cada decisão e gesto é crucial.
Foto: DW/D. Pelz
Tudo em ordem e pratos limpos
Além dos turnos de vigia e dos treinos também é preciso limpar o navio e preparar a comida. Todos os dias, durante uma hora, os militares limpam todos os quatro cantos do navio - desde a bússola aos corrimões. Sobra pouco tempo livre.
Foto: DW/D. Pelz
Visita de vizinhos
Os vizinhos também fazem visitas no Mar Mediterrâneo. A fragata alemã "Karlsruhe" e o porta-aviões italiano "Cavour" realizam um exercício em conjunto com o navio "Frankfurt am Main". É preciso concentração máxima ao leme. Esta é uma manobra difícil.
Foto: DW/D. Pelz
Um armazém flutuante
O "Frankfurt am Main" costuma servir de apoio a embarcações mais pequenas, fornecendo combustível e água. Feridos podem ser tratados no hospital de bordo. Agora, uma parte do navio é utilizada para acolher refugiados que naufragam e que são, depois, transportados para o porto mais próximo ou transferidos para outro navio.
Foto: DW/D. Pelz
Posto de gasolina em alto mar
A fragata espanhola "Numancia" abastece no "Frankfurt am Main". É uma manobra complicada pois as embarcações navegam a uma velocidade de 20 km/h. Os navios têm de se manter à mesma distância durante a operação. Abastecer em alto mar chega a durar mais de uma hora.
Foto: DW/D. Pelz
Saudades
Este placard serve de motivação aos marinheiros, indicando os dias que faltam para o regresso a casa. Em alto mar os telemóveis não têm rede. Mas, a cada duas semanas, o navio atraca num porto do Mediterrâneo – é uma oportunidade para reabastecer a embarcação e dar aos militares a oportunidade de se recuperarem da vida a bordo.