Refugiados moçambicanos transferidos de Kapise para Luwani
20 de abril de 2016O acampamento de Luwani já acolheu refugiados nos tempos da guerra civil em Moçambique, que durou de 1977 a 1992. Agora, volta a acolher moçambicanos que fogem dos conflitos entre militares das Forças de Defesa e Segurança e homens da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição.
Um primeiro grupo de 82 pessoas, requerentes de asilo que estavam abrigados em Nsajne, no sul do Malawi, já chegou a Luwani na sexta-feira (15.04). "Começamos pelos refugiados em Nsajne porque a situação lá era desesperadora. A acomodação não era como deveria ser e decidimos que deveriam ser retirados de lá o quanto antes", disse à DW África Monique Ekoko, representante da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no país.
A próxima transferência será do campo de Kapise, que fica a cinco quilómetros da fronteira entre o Malawi e Moçambique, a partir desta quinta-feira (21.04). No dia seguinte, também serão transferidos os refugiados que se encontram em Chikwawa.
A maioria dos dez mil moçambicanos que procurou asilo em Kapise tem vivido em condições difíceis em Kapise, que enfrenta problemas de sobrelotação. A área também sofre com fortes chuvas, que têm tornado as estradas intransitáveis. O campo de Luwani tem capacidade para acolher de 20 a 30 mil pessoas.
"Em Luwani, como vamos realojar as pessoas em grupo, estamos a preparar as dependências aos poucos, para cada grupo. Já temos latrinas e casas de banho", adianta Monique Ekoko. Também foram montadas barracas temporárias para receber os moçambicanos. "Com o apoio de outras organizações que se fazem presente no local, eles todos serão depois abrigados numa outra tenda, a de transição".
Mais apoio financeiro
O ACNUR lançou recentemente um apelo aos membros para mais assistência financeira, já que os fundos existentes chegavam apenas para cobrir as necessidades básicas. "Temos duas mil propostas para financiar tudo isso, além do apoio de parceiros", revela Monique Ekoko.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), por exemplo, está a cuidar do saneamento básico e do fornecimento de água. "E também está empenhada em oferecer educação. Há muitos parceiros envolvidos", sublinha a representante do ACNUR no Malawi.
Os critérios para a transferência de refugiados também parecem bem claros. "Avaliamos a vulnerabilidade. Tentamos cuidar primeiro dos mais vulneráveis, porque sabemos a situação em Kapise não é nada boa", esclarece Ekoko.
De acordo com o plano de realojamento, os refugiados serão transferidos em grupos de 200. Um processo que, segundo os cálculos do ACNUR, deverá demorar seis semana.
"A maioria são crianças, algumas até desacompanhadas. Mas normalmente elas voltam a reencontrar os parentes no campo de Kapise", diz Monique Ekoko.
A representante acredita que, de agora em diante, a situação deverá melhorar. "Temos bastante apoio de todos os nossos parceiros, inclusive do Governo. E parte da população em Luwani está a trabalhar duramente para receber os refugiados".