Imigração ilegal marca campanha eleitoral em Portugal
7 de maio de 2025
Os partidos concorrentes andam nas arruadas, de norte a sul de Portugal. No próximo dia 18 de maio, realizam-se as eleições legislativas antecipadas, a terceira durante os dois mandatos do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. São chamados às urnas mais de 10,8 milhões de portugueses residentes e a viver no estrangeiro. A campanha eleitoral iniciou oficialmente no passado domingo (04.05).
A disputa para o cargo de primeiro-ministro é renhida; sobretudo entre os líderes da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, do Partido Social Democrata (PSD), e Pedro Nuno Santos, do Partido Socialista (PS) na oposição.
"Eu acredito que nós podemos ter uma maioria maior; que podemos, portanto, reforçar a maioria que temos. Uma maioria que nos dará estabilidade a nós e ao país", afirma Montenegro.
"O principal fator de instabilidade política em Portugal é Luís Montenegro. Se, por algum acaso, ganhar estas eleições nós não estamos livres de voltar a ter uma crise política em pouco tempo", considera Santos.
"Problema de segurança em Portugal"
Outro principal adversário é André Ventura, do Chega, partido de extrema-direita, que, entre outras bandeiras, entra nesta corrida contra a política de imigração indexada à insegurança, disposto a salvar Portugal.
"Nós temos um problema de segurança em Portugal e é preciso assumi-lo. A grande diferença para o país de hoje para o país de há cinco anos é que dois governos, um do PS e outro do PSD, decidiram abrir as portas indiscriminadamente a toda a gente, alguns deles sem verificação de cadastro criminal. E hoje o que temos não é só um país de imigrantes. É um país de imigrantes e um paraíso de bandidagem que pôde entrar impunemente no nosso território", afirma Ventura.
De acordo com analistas, o líder do Chega tem insistido no seu discurso radical para ir buscar mais votos ao eleitorado, ao afirmar que, se ganhar, vai colocar os portugueses em primeiro lugar e expulsar os imigrantes que cometem crimes.
Dias antes do início da campanha eleitoral, o surpreendente anúncio do Governo de Luís Montenegro, por intermédio do ministro Leitão Amaro, porta-voz do executivo, foi uma espécie de "balde de água fria" para os imigrantes.
"Nas próximas semanas o que temos pela frente são cerca de 18 mil notificações para abandono do território nacional. Devo também alertar que se trata do primeiro conjunto de decisões. Temos ainda outros 110 mil processos, a maior parte provavelmente será deferido, mas desses 110 mil ainda a decidir teremos provavelmente daí também mais indeferimentos e mais notificações para abandono do território nacional", anunciou Leitão Amaro.
Imigrantes irregulares notificados
Esta semana, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) começou a notificar os primeiros 4.500 imigrantes considerados ilegais ou com registo criminal para deixarem Portugal dentro de 20 dias, os quais serão expulsos se falharem os prazos. A notícia, inerente ao que Leitão Amaro diz ser "política de imigração regulada", agitou ainda mais o debate político.
Alguns sindicatos e partidos da oposição como Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista Português (PCP), Livre, Iniciativa Liberal (IL) e Pessoas, Animais, Natureza (PAN) criticaram a impertinência eleitoralista do anúncio do Governo de Luís Montenegro. Uma das bandeiras do programa da AD, liderada por Montenegro, é o controlo dos fluxos migratórios.
João Pacheco, empresário angolano há mais de 30 anos em Portugal, vai exercer o seu direito de voto no dia 18. Espera do próximo Governo uma solução equilibrada da problemática da imigração desregulada.
"Espero que se resolva pelo menos esta questão da imigração que agora mais na ordem do dia e que se consiga legalizar a maioria dos estrangeiros e angolanos naturalmente. Sem legalização não haverá integração, como um processo para a integração e para que as pessoas façam as suas vidas", conclui.