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PolíticaeSwatini

Reino do eSwatini envia exército para conter protestos

Lusa
29 de junho de 2021

O reino africano do eSwatini enviou o exército para as grandes cidades para reprimir protestos de jovens pró-democracia, anunciaram esta terça-feira testemunhas e ativistas deste país na África Austral.

Swasiland - Königreich Eswatini | Wahl | Protest
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia

Os protestos são raros no eSwatini, um pequeno Estado na fronteira entre Moçambique e África do Sul que até há poucos anos tinha o nome de Suazilândia. Os partidos políticos estão proibidos, mas nas últimas semanas irromperam protestos violentos em partes do território contra aquela que é a última monarquia absoluta de África.

Durante o dia de hoje, terça-feira (29.06), o Governo do eSwatini  anunciou a imposição de um recolher obrigatório e o encerramento das escolas.

Testemunhas nas duas principais cidades, Manzini e Mbabane, dizem ter visto soldados a patrulhar as ruas, onde manifestantes queimaram pneus e danificaram carros.

Em Manzini, uma mulher afirmou à agência France-Presse (AFP) que ela e os seus colegas estavam escondidos no restaurante onde trabalhavam e não podiam ir para casa.

"Os helicópteros estão a apagar fogos nas estradas", afirmou a mulher, sob condição de anonimato, acrescentando que as lojas de móveis estão a ser queimadas desde segunda-feira.

Outras fontes citadas pela AFP relatam também pilhagens e incêndios em Matsapha, uma área comercial a oeste de Manzini.

Lucky Lukhele, porta-voz da Rede de Solidariedade da Suazilândia, disse à agência noticiosa francesa que a noite de segunda-feira foi "a pior noite de sempre”.

"Um jovem foi alvejado à queima-roupa pelo exército e alguns outros estão neste momento no hospital", precisou Lukhele.

Rei é acusado

eSwatini envia exército para conter protestos contra monarquia Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia

O secretário-geral da Frente Democrática Unida da Suazilândia, Wandile Dludlu, acusou o rei do eSwatini, Mswati III, de na segunda-feira ter "libertado soldados e polícias armados sobre civis desarmados”.

De acordo com Dludlu, mais de 250 manifestantes ficaram feridos por balas ou com ferimentos devido a embates.

O primeiro-ministro interino, Temba Masuku, que substituiu Ambrose Dlamini após a sua morte por covid-19 em dezembro, pediu "calma, contenção e paz".

Masuku negou também os rumores de que o rei Mswati III tenha fugido, apontando que o chefe de Estado está "no país e continua a governar".

Durante o dia de hoje, Masuku anunciou novas restrições, justificando-as com a necessidade de impor regras para controlar a propagação da variante delta do coronavírus SARS-CoV-2.

"Os acontecimentos dos últimos dias têm sido bastante alarmantes e entristecedores. Temos visto violência em várias partes do país perpetrada por uma multidão rebelde", apontou o chefe do Governo.

Masuku acrescentou que o Executivo está a trabalhar "incansavelmente para trazer o país de volta a normalidade”, segundo a agência noticiosa Efe, tendo defendido que estas restrições não visam limitar a liberdade de expressão no reino do eSwatini.

Na semana passada, o Governo proibiu manifestações e o comissário da polícia nacional, William Dlamini, alertou que os seus homens iram adotar uma política de "tolerância zero".

No poder desde 1986, Mswati III, que tem 14 mulheres e mais de 25 filhos, é alvo de críticas pelo seu punho de ferro e pelo seu estilo de vida luxoso num país em que dois terços dos 1,3 milhões de habitantes vivem abaixo do limiar da pobreza.

Juventude de eSwatini já está farta do seu rei

04:33

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