Remodelação na África do Sul mergulha ANC na crise
AFP | Lusa | ar
31 de março de 2017
Remodelação governamental na África do Sul mergulha Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder, numa grave crise. Entre ministros demitidos figura o responsável pelas Finanças, Pravin Gordhan, crítico de Zuma.
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Depois de vários dias de rumores e tensões, o chefe de Estado sul-africano, Jacob Zuma, anunciou na noite de quinta para sexta-feira (30./31.03) uma remodelação governamental de grande amplitude, marcada pela nomeação de dez ministros e de igual número de vice-ministros, muitos deles considerados seus fiéis.Entre os ministros demitidos figura o respeitado responsável pelas Finanças, Pravin Gordhan. Gordhan, paladino da combate à corrupção e defensor de um corte nas desepesas públicas, há meses que se opunha à política económica e financeira de Zuma. Dentro do ANC estalou a guerra aberta, que segundo os analistas, está hoje mais dividido do que nunca.
Gordhan, campeão da luta contra a corrupção
Parvin Gordhan foi, sem surpresa, a principal vítima desta remodelação. Já por uma vez Zuma tentara demitir o ministro, mas a pressão interna e dos parceiros externos obrigou-o a recuar. Gordhan nunca se esquivou a apontar o dedo ao Presidente envolvido numa longa lista de escândalos político-financeiros.
Apenas algumas horas após o anúncio de uma grande remodelação governamental, Pravin Gordhan e o vice-presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, duas altas figuras do partido do ícone, Nelson Mandela, criticaram violenta e publicamente a decisão do Presidente. Ramaphosa, candidato à sucessão de Zuma na liderança do ANC, considerou a medida "inaceitável”.
Os novos ministros deverão tomar posse ainda esta sexta-feira, embora a Aliança Democrática, na oposição, já tenha dito que vai apresentar um pedido urgente ao Supremo Tribunal do Cabo Ocidental para suspender a cerimónia.
Os mercados financeiros reagiram imediatamente à saída de Gordhan e o rand sul-africano perdeu até 2,6% em relação ao dólar hoje (31.03) de manhã.
(em atualização)
Joanesburgo, entre a decadência e a revitalização
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida.
Foto: DW/T. Hasel
Entre a decadência e a ressurreição
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida. Fundada em 1886 após a descoberta de enormes jazidas de ouro, Joanesburgo já teve várias fases de boom e momentos de profunda depressão. Isso mostram os vários edifícios construídos em diferentes estilos arquitetónicos.
Foto: DW/T. Hasel
Vida nova nas ruínas industriais
A última e maior das três centrais termoelétricas de Joanesburgo, no coração da cidade, gerou eletricidade para a metrópole entre 1934 e 1942. Depois, o prédio industrial decaiu, até que foi restaurado há dez anos. Desde 2007, a construção abriga a sede da mineradora Anglo Gold Ashanti, a terceira maior produtora de ouro do mundo.
Foto: DW/T. Hasel
Destruídos e abandonados
A fachada neobarroca do hotel Cosmopolitan, construído entre 1899 e 1902, reflete o otimismo que surgiu em Joanesburgo na época da corrida do ouro. A casa em estilo vitoriano, que antigamente abrigava um pub, foi popular entre os operadores de minas por muito tempo. Durante décadas entregue à deterioração, há planos de restaurar a casa e voltar a usá-la.
Foto: DW/T. Hasel
Mercado no centro da cidade
Após o fim do apartheid, muitos bancos e empresas sul-africanos deixaram o centro de Joanesburgo e se estabeleceram no norte da cidade. Muitos sul-africanos negros das favelas e townships (áreas urbanas que foram guetos durante o apartheid), mudaram-se para o centro. Atualmente, eles revitalizaram o centro com uma abundância de pequenas lojas.
Foto: DW/T. Hasel
Brilho fresco
Nas casas de Fietas, subúrbio de Joanesburgo, as lojas e oficinas ficam no piso térreo e os apartamentos, no primeiro andar. Nos anos 60 e 70, o regime do apartheid desalojou quase todos os moradores do bairro, para abrir espaço para os brancos. Uma grande parte das casas foi destruída. O Museu Fietas é um dos poucos edifícios que sobreviveram no estilo original.
Foto: DW/T. Hasel
Uma casa alemã
Em 1935, o arquiteto alemão Wilhelm Pabst fugiu dos nazistas da Alemanha e emigrou para Joanesburgo. Na bagagem, tinha trazido um estilo expressionista, que usou quando ergueu, em 1948, a Chinese United Club Mansion (foto), na época em Chinatown, no centro da cidade.
Foto: DW/T. Hasel
Pistolas diante da tela
O cinema Avalon, no distrito Fordburg, é uma relíquia de uma época em que Joanesburgo ainda era cheia de pequenas salas de cinema. Com a saída de muitos sul-africanos brancos do centro da cidade no início dos anos 90, muitos cinemas fecharam, foram demolidos ou dedicados a novos usos. O Avalon é atualmente uma loja de armas.
Foto: DW/T. Hasel
De endereço chique a casa dos horrores
Dificilmente um edifício simboliza tanto a ascensão, queda e possível renascimento de Joanesburgo como o Ponte City, no distrito de Hillbrow. Inaugurado em 1975, o edifício alto e redondo figurava entre os melhores endereços da cidade. Após o fim do apartheid, em 1994, a construção degenerou e passou a ser considerada extremamente insegura. Atualmente, o prédio é muito popular entre os estudantes.
Foto: DW/T. Hasel
Seguindo os passos de Nelson Mandela
À primeira vista insignificante, o prédio da Chancellor House é historicamente importante. Em 1952, Nelson Mandela e Oliver Tambo abriram aqui o primeiro escritório de advocacia liderado por negros na África do Sul. Na década de 1990, os últimos inquilinos se mudaram daqui. A casa foi ocupada ilegalmente e foi se deteriorando até pegar fogo. Atualmente, o edifício renovado abriga um museu.
Foto: DW/T. Hasel
À espera de novos moradores
Uma visão típica do centro de Joanesburgo: prédios da época do boom da cidade no início do século XX, que no fim do apartheid foram abandonados e negligenciados. Só recentemente as casas antigas têm sido compradas por investidores e parcialmente recompostas.
Foto: DW/T. Hasel
Vestígios do passado
"Lies Beeld", lê-se nesta placa enferrujada de propaganda no centro de Joanesburgo. Publicado na língua africâner (afrikaans), o jornal sensacionalista Beeld foi e é um dos mais lidos na África do Sul. A primeira edição chegou ao mercado em 1974. A publicação é lida, principalmente, por sul-africanos brancos.
Foto: DW/T. Hasel
Testemunhas do terror
Edifício transparente com um passado cruel: durante o apartheid muitos presos políticos foram interrogados, abusados e torturados no 10º andar do prédio da polícia no centro de Joanesburgo. Oito deles morreram, entre os quais o ativista Steve Biko. Um deles foi lançado do 10º andar por seus algozes.