RENAMO denuncia situações de rapto, tortura e assassinatos
Arcénio Sebastião (Beira)
18 de junho de 2020
O secretário-geral da RENAMO André Madjibiri alegou que estão a ser cometidos crimes contra pessoas ligadas ao maior partido da oposição de Moçambique e acusa de envolcimento elementos das forças de defesa e segurança.
Publicidade
O secretário-geral do partido da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), André Madjibiri, denunciar na quinta-feira (18.06) situações de raptos, torturas e assassinatos a membros e simpatizantes do partido na província de Sofala, no centro de Moçambique. Madjibiri, falou à imprensa no âmbito de uma visita àquela região, qualificou de bárbaros os crimes que alegadamente ocorreram na cidade da Beira.
A deslocação do quadro do maior partido da oposição enquadra-se no processo de desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) dos ex-guerrilheiros da RENAMO, recentemente retomado. Madjibiri precisou que recolheu detalhes dos fatos ocorridos junto de membros e quadros da comissão política provincial .
"Reportaram-nos sobre a insegurança, sequestros e até assassinatos de membros e simpatizantes do partido RENAMO por toda província, mas com maior destaque para os distritos de Búzi, Nhamatanda e Gorongosa”, afirmou o secretário-geral.
Falta de segurança dos simpatizantes da RENAMO
André Madjibiri afirma ainda que simpatizantes do partido estão a sofrer perseguições, pelo que abandonam o partido. E acrescenta que lhe foi reiterada a informação que os autores das perseguições "se identificam como membros das forças de defesa e segurança. Alguns quadros, por procurarem segurança, foram entregar-se à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)", disse.
RENAMO denuncia situações de rapto, tortura e assassinatos
O secretário-geral da RENAMO deu exemplos de casos passados que aconteceram em Nhamatanda, distrito do centro da província de Sofala. "No final da semana passada, na localidade de Macorococho, foram encontrados três corpos assassinados. E não só isso. O filho do próprio delegado de Macorococho não foi morto, mas encontra-se nas mãos das autoridades, alegadamente porque colabora. E o próprio delegado de Macorococho está fugitivo, porque não há segurança na sua zona”.
Para Madjibiri, todas estas ocorrências demonstram a falta de segurança que existe para os simpatizantes da RENAMO na região.
Autoridades prometem agir
O número dois do partido da oposição disse que já se tinha encontrado com o comandante da polícia e o Governador da província para denunciar os atos. Segundo o secretário-geral da RENAMO, ambos prometeram envidar todos os esforços para esclarecer os casos e pôr cobro a este tipo de situações. "Garantiram-nos que iriam trabalhar na proteção de todos moçambicanos e todos cidadãos em causa, e esperamos que assim seja", disse André Madjibiri.
Estas denúncias acontecem numa altura em que voltam a intensificar-se os ataques armados nas províncias de Sofala e Manica. Na semana passada, homens armados não identificados roubaram medicamentos de dois centros de saúde, posteriormente incendiados, em localidades remotas no distrito de Búzi. Noutro incidente, assaltantes atacaram viaturas ao longo da Estrada Nacional Número 1, na localidade de Mutindir.
Moçambique: Muita chuva e pouca água
Ao mesmo tempo que a cidade de Maputo enfrenta as consequências das fortes chuvas que caíram nos últimos dias, na cidade da Matola e na vila de Boane, as populações debatem-se com restrições no fornecimento de água.
Foto: DW/R. da Silva
Residências inundadas
Nos últimos três dias, a cidade de Maputo registou a queda de chuvas intermitentes que causaram inundações e cortes de estradas.
Foto: DW/R. da Silva
Famílias desalojadas
Esta é a situação em alguns bairros periféricos da capital moçambicana. A chuva desalojou 20 famílias, estando as autoridades municipais e o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) à procura de espaços para albergar as famílias afetadas.
Foto: DW/R. da Silva
Falta de água
Entretanto, falta água na cidade da Matola e vila de Boane. A recente queda de uma conduta em Boane provocou restrições no fornecimento de água nesta região. Para fazer frente à situação, carrinhos de tração humana, vulgo "tchovas", ajudam no carregamento de quantidades consideráveis de água tirada das valas de drenagem de algumas zonas da cidade de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Reservatórios
Por causa da queda da conduta, o abastacecimento de água às cidades de Maputo e Matola e à vila de Boane está a ser feito em dias alternados. Pelo menos, um milhão e meio de cidadãos destes municípios estão a ser afetados. Apenas os residentes com reservatórios não sentem as restrições.
Foto: DW/R. da Silva
Risco de doenças
As restrições no fornecimento de água registam-se desde 8 de fevereiro, tendo a empresa Águas da Região de Maputo prometido resolver o problema em dez dias. Na zona de Nwankakana, a oeste da capital, as águas das valas de drenagem estão a minimizar o problema, apesar dos riscos de contrair doenças. Esta águas são usadas, por exemplo, para lavar roupa e loiça.
Foto: DW/R. da Silva
Uso racional
João Machatine, ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, apelou à população para tomar medidas de "austeridade e uso racional da água", de modo a "evitar o pior no que diz respeito à escassez de água".
Foto: DW/R. da Silva
Precaução
Preocupados com as restrições em vigor, alguns cidadãos optam por encher vários recipientes de água e carregá-los para as suas casas, de modo a terem água nos dias em que não estão contemplados pelo fornecimento.
Foto: DW/R. da Silva
Água imprópria
Também nos bairros periféricos, como são Maxaquene, Polana-Caniço, Urbanização e Mafalala, o cenário é este. As valas de drenagem continuam a escoar água de forma permanente e os residentes circundados por este canal continuam a aproveitar a água para vários afazeres, mesmo sabendo que esta água não é própria para consumo. Alguns cidadãos aproveitam para tomar banho ao escurecer.
Foto: DW/R. da Silva
Ruas alagadas
Apesar das campanhas de propaganda do Governo sobre a criação de reservatórios de água, que seriam usados em tempos de crise, o projeto não saiu do papel. As zonas baixas de alguns bairros acumulam água e criam cenários de desespero.
Foto: DW/R. da Silva
Mobilização geral
São sobretudo as mulheres que costumam carregar água logo pela manhã. No entanto, em cenários de crise no fornecimento de água, como acontece por estes dias, a procura de água mobiliza toda a população.
Foto: DW/R. da Silva
Crianças também ajudam
Pessoas de todas as idades são vistas no corre-corre em busca do precioso líquido. Nesta imagem, no bairro da Malanga, vemos um jovem e um menor a dirigirem-se à vala de drenagem em busca de água.