RENAMO denuncia irregularidades no recenseamento no Niassa
Manuel David (Lichinga)
27 de abril de 2018
Falta de carimbos e contratação de cidadãos não credenciados. O maior partido da oposição em Moçambique denuncia irregularidades no recenseamento eleitoral no Niassa e fala em "fraude antecipada".
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O processo de recenseamento para as eleições autárquicas de 10 de outubro arrancou há pouco mais de um mês. E já há denúncias de irregularidades no distrito de Cuamba, na província do Niassa.
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) diz que foram contratados cidadãos não credenciados para o processo. Segundo o partido, cidadãos de Nampula e da Zambézia que atualmente residem em Cuamba estão a ser proibidos de se inscreverem, alegadamente por serem apoiantes da RENAMO.
João Muchane, delegado político distrital do partido, fala em carimbos desaparecidos de alguns postos de recenseamento eleitoral.
"Todo o material fica no posto e é controlado pelo supervisor desse posto. Como é que desaparece esse carimbo? Outra questão a lamentar é a contratação de cidadãos não credenciados nos postos de recenseamento eleitoral, estou a falar de secretários, aqueles líderes comunitários", explica.
RENAMO denuncia irregularidades no recenseamento no Niassa
RENAMO já esperava irregularidades
O delegado da RENAMO no distrito de Cuamba refere-se mesmo à situação como uma "fraude antecipada" e conta que já se esperava que existissem irregularidades.
"Considero como uma fraude antecipada. Estávamos à espera de uma polémica neste processo eleitoral, e até à votação. Já conseguem roubar os carimbos, conseguem trazer pessoas de outros distritos ou fora do raio municipal", disse à DW.
Guilherme Xavier, diretor distrital do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral em Cuamba, diz desconhecer o alegado roubo de carimbos denunciado pela RENAMO.
"No meu gabinete não tem nenhuma queixa referente ao desaparecimento de carimbos. Se tivesse um documento por escrito, podia responder-lhe, mas neste momento não estou em condições de lhe falar uma coisa que não sei", comenta Xavier.
Há cerca de um mês, numa conferência de imprensa em Maputo, a RENAMO já tinha alertado para uma alegada "fraude eleitoral antecipada". Na altura, o mandatário nacional do partido, André Majibire, denunciou uma alegada movimentação de funcionários públicos que se estariam a inscrever em vilas e cidades onde vão decorrer as eleições autárquicas. Os órgãos oficiais ainda não se posicionaram sobre as acusações.
O recenseamento eleitoral arrancou a 19 de março e decorre até 17 de maio em todo o país.
Eleições intercalares em Nampula
Já teve início em Nampula, norte de Moçambique, o ato eleitoral que elegerá o sucessor de Mahamudo Amurane. As eleições decorrem até às 18h00 e contam com cerca de 300 mil eleitores e cinco candidatos nos boletins.
Foto: DW/S. Lutxeque
Munícipes chegam cedo
Um pouco por toda a província, os munícipes responderam positivamente ao apelo da CNE para votarem o mais cedo possível e começaram a marcar lugar nas filas para as assembleias de voto duas horas e meia antes da abertura das urnas. As urnas estão abertas até às 18:00, com 296.590 eleitores inscritos e cinco candidatos nos boletins de votos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Atrasos na abertura das urnas
Sete horas da manhã desta quarta-feira (24.01.) era o horário previsto para a abertura das 54 assembleias de voto, mas algumas só começaram a funcionar uma ou duas horas mais tarde. Os atrasos registaram-se nos postos de votação instalados nas escolas de Muthita, 12 de Outubro, Mpuecha, Namicopo e Nahene, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
Denúncia de ilegalidades
Durante a manhã, Mário Albino, candidato do movimento AMUSI, denunciou a presença "de novos eleitores que não constam nos cadernos eleitorais". As declarações foram feitas depois de ter ido votar. Mário Albino mostrou-se satisfeito e confiante na vitória. Para estas eleições, foram credenciados 1200 observadores nacionais e internacionais e cerca de 150 jornalistas nacionais.
Foto: DW/S. Lutxeque
CNE garante normalidade no processo
Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições, negou as acusações. Segundo este responsável, o processo eleitoral está a decorrer sem problemas. Sobre o atraso na abertura de mesas da assembleia de voto, Daniel Ramos explica que ficou a dever-se às chuvas que caíram durante a noite de ontem e início desta manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta de material
Também a plataforma de observadores eleitorais que acompanha o processo denunciou, à margem de uma conferência de imprensa, algumas irregularidades na abertura das eleições. Entre elas, a falta de material de votação. Segundo a organização, 57% das 401 assembleias de voto abriram à hora estipulada. As restantes abiriram com um atraso de cerca de uma/duas horas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Assembleia de voto encerrada
A votação foi interrompida na Escola Comunitária de Malimusse. Membros do MDM paralisaram o processo devido a erros nos cadernos eleitorais. Luísa Morroviça (na foto), fiscal do MDM, afirma que o seu partido “não vai admitir brincadeiras do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. A assembleia de voto em causa já admitiu o problema e confirma que a votação está interrompida desde manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cinco candidatos na corrida
Disputam o cargo de presidente do Município de Nampula Carlos Saíde do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Amisse Cololo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Paulo Vahanle da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Filomena Mutoropa do Partido Humanista de Moçambique (PAHUMO) e Mário Albino Muiquissince da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (AMUSI).
Foto: DW/S. Lutxeque
Mandato curto
O MDM venceu as últimas eleições, em 2013, com 53,84% dos votos e a FRELIMO, que lidera o Governo em Moçambique, arrecadou 41,04%. Na altura, a RENAMO boicotou as autárquicas. Para além de contarem com mais candidatos, estas eleições diferenciam-se ainda pelo curto mandato que vão ditar, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro deste ano.