RENAMO denuncia tentativa de assassinato de candidato
Sitoi Lutxeque (Nampula)
12 de março de 2018
Campanha eleitoral para a segunda volta das intercalares em Nampula, no norte de Moçambique, termina com a RENAMO a dizer que tentaram matar o seu candidato, Paulo Vahanle. Polícia diz que acusações são "infundadas".
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O último dia da campanha eleitoral para a segunda volta das intercalares em Nampula fica marcado pela discussão de um caso insólito: no domingo (11.03), em plena campanha, um veículo embateu no carro em que seguia o candidato da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Paulo Vahanle.
Segundo o partido, tudo aconteceu por volta das 14h50 de domingo, na Avenida Eduardo Mondlane, na cidade de Nampula, quando um condutor se infiltrou na caravana do partido, embatendo na viatura que transportava Paulo Vahanle. Após o embate, o condutor fugiu em direcção ao Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM).
A denúncia foi feita por António Muzerewa, mandatário da RENAMO, numa reunião promovida pela Sala da Paz, organização que observa a campanha eleitoral. "Tivemos conhecimento, através dos nossos observadores no terreno, que havia essa tentativa de assassinato do candidato Paulo Vahanle", explica Juma Aiuba, porta-voz da Sala da Paz. "Um homem, que dizem ter-se infiltrado na caravana da RENAMO, bateu no carro onde estava o candidato e pôs-se em fuga e, nessa altura, os relatos dizem que ele tirou uma pistola'', acrescenta.
RENAMO denuncia tentativa de assassinato de candidato
Paulo Vahanle recusou entrar em detalhes sobre o sucedido, mas garantiu que o caso está nas mãos das autoridades e que agora é preciso "averiguar as reais motivações que levaram o cidadão a embater no carro em que seguia".
Apesar deste incidente, o candidato da RENAMO avalia de forma positiva os 10 dias de campanha eleitoral. E mostra-se confiante na vitória nas intercalares que têm lugar na quarta-feira: "Sinto que estou no bom caminho e vou trabalhar em prol do meu povo de Nampula."
Acusações "infundadas"
A polícia desvaloriza o incidente de domingo e considera "infundadas" as acusações de alegada tentativa de assassinato de Paulo Vahnle. Segundo o porta-voz da polícia em Nampula, Zacarias Nacute, o condutor só pode ser responsabilizado pelos danos causados na viatura do candidato, se for necessário.
"São informações infundadas, dado que se fosse uma situação do género, o indivíduo não poderia dirigir-se às autoridades policiais para ter apoios", argumenta. Além disso, acrescenta o porta-voz, seria "uma grave falta de cálculo, uma vez que as caravanas eleitorais têm sido acompanhadas por membros da polícia que fazem a segurança dessas caravanas".
Também Amisse Cololo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), rejeita qualquer envolvimento do seu partido no acidente que envolveu o seu adversário. Quanto à campanha, Cololo também faz uma avaliação positiva e acredita que vai vencer a segunda volta das intercalares. "Transmiti aquilo que vou fazer em cinco meses. E em cinco meses é para mostrarmos um desenvolvimento acelerado, correspondendo às necessidades primárias dos munícipes", disse.
Com o fim da campanha, terça-feira (13.03) será dia de reflexão em Nampula. Na quarta-feira (14.04), os eleitores regressam às urnas para eleger o sucessor de Mahamudo Amurane, assassinado a tiro em outubro do ano passado.
Eleições intercalares em Nampula
Já teve início em Nampula, norte de Moçambique, o ato eleitoral que elegerá o sucessor de Mahamudo Amurane. As eleições decorrem até às 18h00 e contam com cerca de 300 mil eleitores e cinco candidatos nos boletins.
Foto: DW/S. Lutxeque
Munícipes chegam cedo
Um pouco por toda a província, os munícipes responderam positivamente ao apelo da CNE para votarem o mais cedo possível e começaram a marcar lugar nas filas para as assembleias de voto duas horas e meia antes da abertura das urnas. As urnas estão abertas até às 18:00, com 296.590 eleitores inscritos e cinco candidatos nos boletins de votos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Atrasos na abertura das urnas
Sete horas da manhã desta quarta-feira (24.01.) era o horário previsto para a abertura das 54 assembleias de voto, mas algumas só começaram a funcionar uma ou duas horas mais tarde. Os atrasos registaram-se nos postos de votação instalados nas escolas de Muthita, 12 de Outubro, Mpuecha, Namicopo e Nahene, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
Denúncia de ilegalidades
Durante a manhã, Mário Albino, candidato do movimento AMUSI, denunciou a presença "de novos eleitores que não constam nos cadernos eleitorais". As declarações foram feitas depois de ter ido votar. Mário Albino mostrou-se satisfeito e confiante na vitória. Para estas eleições, foram credenciados 1200 observadores nacionais e internacionais e cerca de 150 jornalistas nacionais.
Foto: DW/S. Lutxeque
CNE garante normalidade no processo
Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições, negou as acusações. Segundo este responsável, o processo eleitoral está a decorrer sem problemas. Sobre o atraso na abertura de mesas da assembleia de voto, Daniel Ramos explica que ficou a dever-se às chuvas que caíram durante a noite de ontem e início desta manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta de material
Também a plataforma de observadores eleitorais que acompanha o processo denunciou, à margem de uma conferência de imprensa, algumas irregularidades na abertura das eleições. Entre elas, a falta de material de votação. Segundo a organização, 57% das 401 assembleias de voto abriram à hora estipulada. As restantes abiriram com um atraso de cerca de uma/duas horas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Assembleia de voto encerrada
A votação foi interrompida na Escola Comunitária de Malimusse. Membros do MDM paralisaram o processo devido a erros nos cadernos eleitorais. Luísa Morroviça (na foto), fiscal do MDM, afirma que o seu partido “não vai admitir brincadeiras do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. A assembleia de voto em causa já admitiu o problema e confirma que a votação está interrompida desde manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cinco candidatos na corrida
Disputam o cargo de presidente do Município de Nampula Carlos Saíde do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Amisse Cololo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Paulo Vahanle da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Filomena Mutoropa do Partido Humanista de Moçambique (PAHUMO) e Mário Albino Muiquissince da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (AMUSI).
Foto: DW/S. Lutxeque
Mandato curto
O MDM venceu as últimas eleições, em 2013, com 53,84% dos votos e a FRELIMO, que lidera o Governo em Moçambique, arrecadou 41,04%. Na altura, a RENAMO boicotou as autárquicas. Para além de contarem com mais candidatos, estas eleições diferenciam-se ainda pelo curto mandato que vão ditar, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro deste ano.