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RENAMO: Desacato em Marromeu contra candidatura de Momade

Arcénio Sebastião (Beira)
23 de maio de 2024

Hoje houve desacatos em Marromeu, na província de Sofala, contra a candidatura de Ossufo Momade à Presidência da República. Momade é alvo de contestação interna. Chefe de mobilização provincial da RENAMO foi agredido.

Isequiel António, chefe de mobilização distrital da RENAMO em Marromeu
Isequiel António, chefe de mobilização distrital da RENAMO em MarromeuFoto: A. Sebastião/DW

O dia começou com relatos de desacatos na delegação distrital da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Marromeu, na província central de Sofala.

Augusto Fortunato, chefe de mobilização provincial do partido, terá sido espancado por membros da delegação distrital, quando estava a recolher assinaturas de apoio à candidatura do presidente da RENAMO, Ossufo Momade, à Presidência da República.

"Bateram-lhe e ele foi puxado para fora. Depois, foi levado para o hospital e voltou para a Beira. Não fez o trabalho que vinha fazer", conta Isequiel António, o chefe de mobilização distrital em Marromeu.

Mudança adiada

Ossufo Momade, de 63 anos de idade, foi reconduzido no cargo de presidente da RENAMO durante o congresso do partido, a 17 de maio. Foi também indicado como candidato às eleições presidenciais de 9 de outubro.

Mas a reeleição de Momade está a ser alvo de contestação interna.

Ossufo Momade foi reconduzido no cargo de presidente da RENAMO a 17 de maioFoto: M. Mueia/DW

Em Marromeu, como noutros pontos do país, membros e simpatizantes da "Perdiz" esperavam uma mudança de presidente, porque, até agora, a RENAMO nunca venceu eleições a nível nacional.

"O povo não quer saber do presidente Ossufo", explica Isequiel António.

Esperar para ver

Josefo de Sousa e André Matsangaíssa Júnior, que no passado pertenceram a grupos contestatários da liderança da RENAMO, parecem agora optar por ficar a meio da balança. Esperam que o líder da RENAMO se distancie de perseguições e tente resolver problemas do passado que persistem.

Segundo Josefo de Sousa, antigo guerrilheiro da RENAMO, "isso que assistimos hoje vai continuar, não é para duvidar".

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"Vai depender da vontade da liderança. Se for um líder carismático, um líder que consegue unir as pessoas, que tem abertura para dialogar se alguma coisa estiver errada, a RENAMO pode vir a mudar."

"Transição geracional"

André Matsangaíssa Júnior entende que em democracia tudo é possível. "É uma obrigação de nós todos voltarmos a nos juntar para conseguir ganhar nas eleições que se avizinham".

Com o aproximar das eleições gerais de outubro, o analista Wilker Dias entende, ainda assim, que "uma provável reconciliação na RENAMO não salvará o partido do colapso".

O que poderá fazer apenas é "amenizar o problema que existe dentro da RENAMO relacionado com a transição geracional". 

Ao ser reconduzido como presidente da RENAMO, Ossufo Momade apelou à união no partido.

Momade tem a missão de chamar à mesma mesa figuras-chave para a renovação da força da RENAMO, que no passado se viram isoladas. Esse grupo incluirá Josefo de Sousa, mas também nomes como Manuel Bissopo ou Elias Dhlakama.

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