Maior partido da oposição moçambicana queixa-se da inviabilização da candidatura de Venâncio Mondlane, que trocou o MDM pela RENAMO, às eleições autárquicas de 10 de outubro. Lista de Samora Júnior denuncia perseguições.
Publicidade
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) apelou esta terça-feira (21.08) à Comissão Nacional de Eleições (CNE) para não contrariar os feitos alcançados na busca da paz. E também pede que os órgãos eleitorais não continuem a ser fonte de conflitos em períodos eleitorais.
O posicionamento do principal partido da oposição moçambicana surge depois do afastamento, na noite de segunda-feira (20.08), do cabeça de lista da RENAMO pela cidade de Maputo, Venâncio Mondlane, às eleições autárquicas de 10 de outubro. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) alegou irregularidades na candidatura, na sequência da impugnação solicitada pelo seu antigo partido. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) considera a candidatura ilegal, porque Mondlane renunciou ao mandato na Assembleia Municipal de Maputo em 2015.
Afastamento de Venâncio Mondlane tem "motivações políticas"?
Para o porta-voz da RENAMO, José Manteigas, o chumbo de Venâncio Mondlane "tem motivações políticas", porque "a RENAMO é muito forte na cidade de Maputo". "Isto mete medo ao nosso opositor mais direto. E a única via que tem para parar esta caminhada para a vitória é criar este ambiente de perturbação aos nossos concorrentes", diz José Manteigas.
A RENAMO considera que não faz sentido a rejeição da candidatura de Mondlane, pois o partido seguiu à risca todos os passos exigidos por lei. "Espanta aos moçambicanos a rejeição da candidatura do cidadão Venâncio Mondlane. Este ato da Comissão Nacional de Eleições fere o direito fundamental do referido cidadão de eleger e ser eleito", sublinha o porta-voz.
A RENAMO aguarda agora a notificação da CNE para interpor recurso junto do Conselho Constitucional, "onde serão esgrimidos os competentes argumentos jurídicos e constitucionais".
Apoiantes de Samora Machel Júnior perseguidos
Em Maputo surgem também queixas da AJUDEM, movimento da sociedade civil que concorre às autárquicas. A organização que congrega cidadãos dissidentes da FRELIMO é liderada por Samora Machel Júnior, filho do primeiro Presidente de Moçambique independente, que virou costas à FRELIMO para se juntar à AJUDEM.
O movimento denuncia ameaças aos seus membros pelo partido no poder. Segundo o mandatário Zefanias Langa, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) tem estado a coagir alguns membros da AJUDEM a abandonar a corrida eleitoral, sob ameaça de perda de empregos na função pública.
O responsável cita quatro associados a quem terão pedido para renunciar à candidatura à Assembleia Municipal. "Um dos integrantes, de nome Gaspar Marques, funcionário do MITADER [Ministério da Terra e Desenvolvimento Rural], teve de escolher entre perder o seu cargo e manter-se nesta lista", diz Zefanias Langa.
A candidatura de Samora Machel Júnior, que foi afastado internamente pela FRELIMO, foi questionada após quatro integrantes da lista da AJUDEM terem pedido à CNE para retirar os seus nomes da lista, alegando que foram adicionados contra a sua vontade.
A organização garante que todos os seus candidatos à Assembleia Municipal inscreveram-se de livre e espontânea vontade. "Tivemos o cuidado de fazer as cópias de todos os processos dos candidatos ao Conselho Municipal. É estranho quando aparecem com declarações para denegrir a imagem da nossa organização", critica o mandatário.
Edifícios e monumentos históricos de Maputo
Na baixa da capital moçambicana, Maputo, há edifícios históricos ao virar de cada esquina. Quem visita a cidade tem muito para apreciar - desde a Estação Central à Casa de Ferro, desenhada por Gustave Eiffel.
Foto: DW/Romeu da Silva
Desenhada pelo arquiteto da Torre Eiffel
A Casa de Ferro foi construída em 1892. O desenho foi encomendado pelo Governo português ao escritório de Gustave Eiffel, o autor da torre de Paris, especializado em construções metálicas. Foi construída antes de se inventar um sistema de ar condicionado para enfrentar as altas temperaturas em África. A Casa de Ferro destinava-se a ser a sede do governador-geral, mas isso nunca se concretizou.
Foto: DW/Romeu da Silva
O mítico Bazar Central
O Mercado Municipal de Maputo, também chamado de Bazar Central, foi inaugurado em 1901. Aqui vende-se um pouco de tudo: frutas, legumes, especiarias, perfumes, enfeites. O mercado é um ponto turístico bastante visitado em Maputo - mesmo por aqueles que não têm intenções de fazer compras.
Foto: DW/Romeu da Silva
Fortaleza à beira-mar
A Fortaleza de Maputo fica em frente à Baía de Maputo. No local, consta que foi construída no séc. XVIII, num período de rivalidades entre os países europeus que disputavam a "Baía D'Lagoa", uma importante rota comercial para os países do hinterland, sem acesso ao mar. Antes chamava-se Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição.
Foto: DW/Romeu da Silva
Paragem obrigatória: Museu da Moeda
O Museu da Moeda, na Praça 25 de Junho, retrata a história do mercado monetário moçambicano. É uma paragem obrigatória, que fica numa zona com muitas outras atrações turísticas. Construída em 1787, a Casa Amarela, como também é chamada, foi das primeiras edificações convencionais a existirem em Lourenço Marques, hoje Maputo. O edifício é conservado pela Universidade Eduardo Mondlane.
Foto: DW/Romeu da Silva
Museu de História Natural
Tutelado pela Universidade Eduardo Mondlane, o Museu de História Natural exibe vários animais embalsamados: mamíferos, aves, insetos e répteis. Foi em 1911 que se deram os primeiros passos para a criação do atual museu, com a exposição de exemplares marinhos, minerais, madeiras e produtos agrícolas na antiga Escola Comercial e Industrial 5 de Outubro.
Foto: DW/Romeu da Silva
Das mais belas estações do mundo
A Estação Central fica na baixa da capital moçambicana, Maputo. Começou a ser construída em 1908 e foi concluída dois anos depois. A partir desta estação, antes chamada Estação dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, nasceram vários corredores ferroviários nacionais e internacionais. Em 2009, a revista norte-americana Newsweek classificou-a como a sétima mais bela do mundo. Foto de arquivo.
Foto: picture-alliance / dpa
Conselho Municipal de Maputo
O edifício do Conselho Municipal de Maputo é um imóvel de inspiração clássica inaugurado em dezembro de 1947 para ser a sede da Câmara Municipal de Lourenço Marques. Hoje, é a casa do órgão executivo da cidade de Maputo, constituído por um presidente eleito pelos residentes na capital e por quinze vereadores designados por ele.
Foto: DW/Romeu da Silva
Monumento aos Mortos da I Guerra Mundial
Este monumento foi inaugurado em 1935 para prestar homenagem aos portugueses e moçambicanos mortos na Primeira Guerra Mundial. Lembre-se que Moçambique foi afetado pelo conflito, uma vez que militares alemães estabelecidos na colónia de Tanganica atacaram guarnições militares portuguesas no norte de Moçambique, substituindo-as pela sua guarnição.
Foto: DW/Romeu da Silva
Catedral emblemática
A catedral metropolitana de Nossa Senhora da Conceição é um edifício emblemático de Maputo, projetado em 1936 pelo engenheiro Marcial Freitas e Costa e inaugurado em 1944, como consta no local. Fica na Praça da Independência e tem uma torre com 61 metros de altura. É a sede da Igreja Católica em Maputo, onde dirigentes e classe média da capital vão aos domingos à missa.
Foto: DW/Romeu da Silva
Igreja da Polana
A igreja de Santo António da Polana é igualmente um edifício emblemático, de estilo moderno, em forma de flor invertida. Foi construída em 1962. O arquiteto foi Nuno Craveiro Lopes, filho do Presidente português Francisco Craveiro Lopes (1951-1958), no auge do fascismo liderado por António Oliveira Salazar.
Foto: DW/Romeu da Silva
Vila ao abandono
Vila Algarve, na zona nobre da capital, no bairro da Polana, é um edifício elegante, decorado com azulejos. Foi construído em 1934 e ampliado em 1950. Sede da PIDE em Moçambique, a Vila Algarve testemunhou muitas cenas de tortura perpetradas pela polícia portuguesa contra cidadãos que desobedecessem às ordens do regime fascista. O edifício está ao abandono e alberga sem-abrigo.
Foto: DW/Romeu da Silva
Prédio Pott em ruínas
O proprietário deste prédio era Gerard Pott, um emigrante holandês e pai de Karel Pott, um dos primeiros jornalistas e advogados moçambicano a contestar a discriminação racial no início do século XX. Em 1990, um incêndio destruiu quase por completo o prédio, que também alberga agora sem-abrigo, à semelhança da Vila Algarve.
Foto: DW/Romeu da Silva
Açucareira de Xinavane
A cerca de 140 quilómetros da capital, mas ainda na província de Maputo, investidores ingleses fundaram, em 1914, esta fábrica de açúcar. Este é dos mais históricos edifícios na zona rural de Maputo e ainda conserva a mesma arquitetura. Nos anos 50, passou para as mãos de portugueses e hoje é propriedade da empresa sul-africana Tongaat Hulett.