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RENAMO diz que há régulos a interferir no recenseamento

29 de maio de 2019

Na província da Zambézia, o recenseamento eleitoral tem sido marcado por troca de acusações entre RENAMO e FRELIMO. Recenseamento termina esta quinta-feira e dois milhões de eleitores poderão ficar fora do processo.

Wählerregistrierung in Mosambik
Posto de recenseamentoFoto: DW/M. Mueia

O recenseamento eleitoral em Moçambique começou a 15 de abril e termina na próxima quinta-feira (30.05.)  O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) já admitiu que dois milhões de eleitores ficarão fora do processo. Ainda assim, o STAE não pretende alargar o prazo, como pedem os partidos da oposição.

A dois dias da data do fim do processo, os partidos políticos da oposição que continuam a denunciar irregularidades constatadas no processo insistem para que o prazo do recenseamento ser prorrogado.

Líderes comunitários a "comandar" o processo

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) diz que há líderes comunitários a "comandar" o recenseamento eleitoral em zonas recônditas, sob ordens da FRELIMO, o partido no poder.

RENAMO diz que há régulos a interferir no recenseamento

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Sebastião da Costa, da RENAMO, aponta o dedo aos secretários dos bairros e régulos comunitários dos distritos de Mulevala e Mulumbo. "Se neste dia terminarem a lista do partido FRELIMO, e virem que há afluência, o secretário liga para o brigadista para dizer que informe a população que a máquina está avariada", acusa.

"Régulos e secretários intervêm no processo de recenseamento, ficam lá e são eles que mandam, a mando do partido FRELIMO. No Mulumbo, as pessoas foram ao posto de recenseamento, mas disseram-lhes: tem que trazer o seu régulo para testemunhar. Onde está isso na lei eleitoral, que o régulo deve testemunhar um indivíduo que tem identificação?", questiona Sebastião da Costa.

FRELIMO refuta acusações

O secretário do comité provincial da FRELIMO na província da Zambézia, Paulino Lenço, refuta as alegações da RENAMO e antevê uma derrota eleitoral antecipada para o maior partido da oposição.

Paulino LençoFoto: DW/M. Mueia

"Quem sabe isso é a RENAMO, porque a RENAMO é que viu, nós não vimos. Tragam as provas. Nós, a FRELIMO, somos um partido justo, não temos nada a ver com outros partidos. Estamos a trabalhar só e só para a vitória", diz.

Em entrevista à DW, o deputado da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Assembleia da República, José Lobo, classificou o recenseamento eleitoral em curso como "péssimo".

"Na província da Zambézia, são 45 mandatos de acordo com o número de eleitores. Como a Zambézia está a ser dirigida pela oposição, a estratégia da FRELIMO é transportar cerca de 10 mandatos da província da Zambézia e Nampula, para distribuí-los na província de Gaza", afirma o deputado".

José LoboFoto: DW/M. Mueia

"Estamos num país democrático, isso não pode continuar a persistir. Queremos apelar aos órgãos de direito para repensarem este fenómeno negativo que está a acontecer", sublinha José Lobo.

Afluência de eleitores

Segundo o porta-voz do STAE na Zambézia, Emílio Rapolho, até agora não há ordens para prolongar o recenseamento eleitoral. Mas a fasquia é satisfatória, considera.

"1.019.090 eleitores inscritos até à sexta semana do recenseamento. Em relação a perspetivas de prorrogação do recenseamento não existe até ao momento nenhuma informação. Esses dois dias haverá afluência de eleitores, uma vez que a mensagem já se expandiu, as avarias não se constatam, onde haviam esses pequenos problemas nos enviamos técnicos e já lá estão a resolver esses problemas."

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