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RENAMO e MDM negam ingerência norte-americana

António Rocha / Lusa29 de outubro de 2014

Partidos da oposição moçambicanos desmentem informações postas a circular de que embaixador dos EUA os teria aconselhado a não reconhecer os resultados eleitorais. Embaixada norte-americana fala em "falta de seriedade".

Foto: picture-alliance/dpa

A Rádio Nacional de Moçambique noticiou que, durante um encontro na terça-feira (28.10) entre o embaixador norte-americano em Maputo, Douglas Griffiths, e os líderes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o diplomata teria aconselhado os partidos a não reconhecer os resultados das eleições gerais.

Por seu lado, a agência de notícias Lusa, cita também SMS que circulam em Maputo acusando o embaixador de incitar o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, a promover "manifestações violentas".

Mas, em entrevista à DW África, o porta-voz da RENAMO desmente essas informações. António Muchanga nega que o partido vá desencadear ações visando desacreditar o Governo. Ele diz que a RENAMO apresentará um "protesto" junto da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que prevê divulgar os resultados oficiais das eleições esta quinta-feira. E diz que, "se a CNE se mantiver renitente, vamos enveredar por caminhos políticos e jurídicos".

"Isso é mentira!"

Além disso, Muchanga refere que o facto de o seu partido rejeitar os resultados eleitorais já não é notícia.

"Já a 18 de outubro, o presidente Afonso Dhlakama rejeitou a divulgação dos resultados. Nessa altura não se tinha encontrado com nenhum embaixador. Portanto, isso é mentira. É uma mentira feita por pessoas sem escrúpulos", afirma o porta-voz do maior partido da oposição. "A RENAMO foi o primeiro partido a recusar os resultados eleitorais, um dia depois da votação."

Porta-voz da RENAMO, António MuchangaFoto: DW/Romeu da Silva

O porta-voz do MDM, Sande Carmona, também desmentiu a notícia veiculada pela Rádio Moçambique.

"O presidente do MDM [Daviz Simango] esteve, de facto, num encontro na embaixada norte-americana no país, mas o ponto em causa não tinha nada a ver com os resultados eleitorais", afirma Carmona. "Aliás, devo sublinhar que, nesse encontro, não só esteve o embaixador como a secretária de Estado norte-americana [para assuntos africanos]."

MDM "não está tranquilo"

O MDM está longe de estar tranquilo com os resultados eleitorais que serão divulgados pela CNE na quinta-feira.

"Estaria tranquilo se estivesse para receber aquilo que é a vontade expressa pelo povo moçambicano nas urnas mas isso não aconteceu", diz o porta-voz do terceiro maior partido moçambicano. "Em devido momento, o MDM saberá como se posicionar. Mas desde já o partido não reconhece os resultados que têm sido divulgados ao nível intermédio dos órgãos eleitorais, pelas Comissões Provinciais de Eleições. O MDM distancia-se desses números que estão a ser divulgados porque não têm nada a ver com a realidade da vontade do povo moçambicano."

"Falta de seriedade"

Entretanto, a conselheira para os Assuntos Públicos da embaixada norte-americana em Maputo já comentou as informações a circular sobre as alegadas declarações do embaixador Griffiths. "Essas informações são tão sem seriedade que não nos merecem qualquer comentário", afirmou Caroline Savage à agência de notícias Lusa.

Os SMS que circulam na capital moçambicana, citados pela agência, visam não só o embaixador norte-americano mas também os embaixadores de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte, e de Itália, Roberto Vellano. Além de desafiarem Dhlakama a organizar "manifestações violentas" contra os resultados eleitorais, os diplomatas quereriam também, segundo as informações, um Governo de unidade nacional.

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O embaixador português disse à Lusa que recebeu a mensagem com "incredulidade" e referiu que o interesse de Portugal é que Moçambique tenha paz e estabilidade.

"O que ali está não só não tem fundamento como é calunioso", afirmou José Augusto Duarte.

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