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RENAMO formaliza candidatura de Dhlakama às presidenciais em Moçambique

Leonel Matias (Maputo)11 de julho de 2014

O maior partido da oposição submeteu, esta sexta-feira (11.07), ao Conselho Constitucional a candidatura do seu líder às presidenciais de 15 de outubro. Uma candidatura com 20 mil assinaturas mas incompleta.

Foto: picture-alliance/AP Photo

A participação da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) nas eleições gerais de outubro próximo poderá ser considerada um dado cada vez mais provável, com a apresentação da candidatura do líder do partido Afonso Dhlakama no Conselho Constitucional, esta sexta-feira (11.07), para as presidenciais.

A candidatura de Dhlakama tinha sido confirmada, no passado mês de junho, durante uma Conferência Nacional da RENAMO, apesar da sua ausência no encontro. Presume-se que o líder do partido está escondido nas montanhas da Gorongosa, na província central de Sofala, desde que a sua base em Satunjira foi tomada pelas forças governamentais em outubro do ano passado.

"Depositámos 20 mil assinaturas e esperamos que depois de o Conselho Constitucional receber [a candidatura] comunique com a RENAMO para as devidas correções e para o que achar conveniente", afirmou o secretário-geral do partido, Manuel Bissopo, depois da apresentação da documentação que formaliza a candidatura.

Vinte mil assinaturas corresponde ao dobro do número de assinaturas requeridas para a apresentação de uma candidatura.
Entretanto, do rol de documentos submetidos ao Conselho Constitucional está em falta uma cópia do comprovativo do registo criminal de Afonso Dhlakama. Este documento só pode ser passado por um notário, depois do registo das impressões digitais do requerente. Uma situação, neste momento, inviável para o líder da RENAMO uma vez que está em parte incerta nas montanhas da Gorongosa, onde não funcionam serviços da administração do Estado.

Recorde-se que durante a fase de recenseamento para as eleições deste ano, o Governo e a RENAMO chegaram a um acordo que culminou com o envio de brigadas especiais para a Gorongosa para o seu registo.

Desde o ataque à base da RENAMO, em Satunjira (outubro de 2013), ninguém conhece o paradeiro de DhlakamaFoto: picture-alliance/dpa

"Os serviços de notariado têm elementos que estão a cumprir mas, de uma forma geral, aquilo que faz parte do conjunto dos documentos está depositado", acrescentou Manuel Bissopo.

O prazo para a apresentação das candidaturas termina no próximo dia 21 de julho.

Dhlakama quer acordo para poder iniciar pré-campanha

O depósito da candidatura de Dhlakama como candidato às presidenciais acontece numa altura em que outros candidatos já se encontram no terreno a fazer pré campanha. Afonso Dhlakama tinha dito, na quinta-feira, que gostaria de ver alcançado rapidamente um acordo entre o Governo e a RENAMO para o fim das hostilidades, de forma a que ele possa iniciar a pré-campanha eleitoral já em curso no país.
"O nosso grupo, na conferência Joaquim Chissano, vai continuar a fazer tudo para que se consiga, dentro em breve, um acordo entre o Governo e a RENAMO sobre a unificação das Forças Armadas de Moçambique. Uma vez assinado este acordo, gostariamos que fosse amanhã, e alcançado o cessar-fogo queremos fazer a campanha", anunciou o líder político, via teleconferência, a partir das montanhas na Gorongosa para Maputo.

Manuel Bissopo, secretário-geral da RENAMO, entregou a candidatura de Dhlakama no Conselho ConstitucionalFoto: Nelson Carvalho

Manuel Bissopo, secretário-geral do maior partido da oposição, reconhece que o seu partido está em desvantagem "porque as condições de segurança ainda não estão criadas". "Esperamos que nos próximos tempos as condições sejam criadas para o presidente [da RENAMO] sair e para que possa fazer a campanha normalmente como os outros candidatos", acrescentou Bissopo.

A participação da RENAMO nos processos eleitorais em Moçambique é importante, conssidera o analista político Tomás Vieira Mário: "cito sempre o acórdão do Conselho Constitucional, a RENAMO é uma força incontornável da democracia moçambicana. É ainda a segunda maior força política, parceira do Governo no Acordo de Paz de 1992 que possibilitou as eleições democráticas de 1994 até 2009. E, por conseguinte, a RENAMO não pode ser considerada um hipótese de exclusão em eleições em Moçambique, se se quer eleições legítimas e credíveis".

Dhlakama

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