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RENAMO não aceita resultados eleitorais em Moçambique

Leonel Matias (Maputo)
21 de outubro de 2019

A Comissão Política Nacional da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, não aceita os resultados das eleições presidenciais, legislativas e provinciais. FRELIMO nega fraude.

MOZAMBIQUE-VOTE
Foto: Getty Images/G. Guercia

Em Moçambique, a Comissão Política Nacional da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, decidiu "não aceita, nem reconhece" os resultados das eleições presidenciais, legislativas e provinciais da última terça-feira (15.10).

O partido decidiu ainda encetar diligências junto da sociedade moçambicana e da comunidade internacional para encontrar soluções para a "reposição da verdade eleitoral".

A Comissão Política Nacional da RENAMO reuniu-se esta segunda-feira em Maputo para avaliar as eleições presidenciais, legislativas e provinciais. No final do encontro, o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, alertou para as "graves irregularidades que mancharam o processo na sua plenitude".

Presidente da RENAMO, Ossufo MomadeFoto: DW/M. Mueia

"Mega fraude"

Ossufo Momade disse ainda que o partido decidiu "instar todos os moçambicanos a não aceitarem a mega fraude eleitoral [e] exigir a libertação imediata e incondicional de todos os membros da RENAMO, arbitrariamente detidos ao longo do processo eleitoral".

A Comissão Política da RENAMO quer ainda que o Presidente da República, Filipe Nyusi, esclareça publicamente a proveniência dos votos e urnas na posse de membros do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fora do circuito dos órgãos eleitorais e esclareça também a quem servem as Forças de Defesa e Segurança, que, segundo afirma, se posicionaram em prejuízo da vontade popular.

O partido da oposição decidiu também exigir à Comissão Nacional de Eleições (CNE) "que esclareça publicamente a circulação dos boletins de voto fora do circuito dos órgãos eleitorais", além de "encetar diligências junto da sociedade moçambicana e da comunidade internacional, de modo a encontrar soluções para a reposição da verdade eleitoral".

FRELIMO em Gaza: 95,02%

Entretanto, as comissões provinciais de eleições prosseguiram esta segunda-feira com a apresentação dos resultados intermédios do escrutínio. Os números até agora divulgados dão uma larga vantagem a FRELIMO em todo o país nas três eleições, nomeadamente para a escolha do chefe de Estado, dos deputados à Assembleia da República e dos membros das Assembleias Provinciais.

RENAMO não aceita resultados eleitorais em Moçambique

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A vitória mais expressiva da FRELIMO registou-se, até ao momento, na província de Gaza, no sul do país. Segundo a Comissão Provincial de Eleições, a FRELIMO obteve 95,02% dos votos, o partido RENAMO obteve 2,8% e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) conseguiu 2,18%.

Gaza registou resultados aproximados nas eleições presidenciais e provinciais, indicou a comissão.

Outros resultados oficiais intermédios divulgados dão larga vantagem à FRELIMO e ao seu candidato nas províncias de Maputo, Nampula e Tete, estas últimas duas redutos da oposição.

No fim de semana, dados oficiais confirmaram a derrota da RENAMO no seu principal bastião, a província de Sofala, e ainda na cidade de Maputo e na província de Cabo Delgado.

Os números até agora tornados públicos não são aceites pela oposição parlamentar, a RENAMO e o MDM. Por sua vez, a FRELIMO reage às alegações de fraude afirmando que os resultados eleitorais refletem a vontade popular e resultam de muito trabalho e organização.

Edmundo Galiza Matos Júnior, porta-voz da bancada parlamentar da FRELIMO, disse que "não há justiça absolutamente nenhuma nesta reclamação, não há fundamento". Segundo ele, "pela primeira vez tivemos cerca de 40.700 observadores, vários membros das mesas de voto, muitos dos quais da RENAMO. Como é possível ter-se tamanha fraude?", questionou.

 

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