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RENAMO nega autoria do ataque ao comboio da Vale

Leonel Matias (Maputo) 3 de abril de 2014

Em Moçambique a RENAMO desmente alegações segundo as quais os seus homens teriam atacado uma locomotiva de mercadorias da empresa Vale Moçambique, transportando carvão para exportação através da linha de Sena.

Comboio na Linha de SenaFoto: Marta Barroso/DW

Na noite da última terça-feira (01.04) homens armados da RENAMO, o maior partido da oposição, atacaram um comboio de carvão pertencente à empresa mineira Vale. Dois maquinistas terão ficado feridos, um deles gravemente.

O ataque aconteceu entre os distritos de Savane e Dondo, na província central de Sofala. A Linha de Sena é vital para a empresa brasileira Vale, uma vez que o carvão por ela explorado em Moatize, província central de Tete, depende desta ferrovia para ser escoado.

Entretanto, tal como est, ataques continuam a ter lugar em Sofala, bastião da RENAMO.

Mas o partido de Afonso Dhlakama negou qualquer responsabilidade na autoria do ataque ao comboio da Vale. António Muchanga, porta voz do Presidente do Partido: "O comboio foi atacado a menos de 20 km do local onde há quarteis do Governo, não faz sentido que a RENAMO tenha deixado de atacar o comboio desde Tete e percorrer mais de 400 km para atacar o comboio em Savane."

Para António Muchanga "o comboio foi atacado para distrair o povo sobre o real debate à volta da lei das mordomias que o Presidente da República vai ter e o caso da digitalização entregue à empresa Startimes do Presidente e da sua filha."

Muchanga acrescentou que este não é o momento de atacar comboios uma
vez que o seu partido e o Governo, estão na mesa do diálogo.

Este é o primeiro ataque reportado na Linha de Sena desde que a Vale
Moçambique iniciou a exportação de carvão através daquela via em 2012.

Mina de carvão mineral a céu aberto em Moatize, província de TeteFoto: DW/M. Barroso

Governo promete reforço de segurança

O vice-ministro do Interior, José Mandra, confirmou o ataque e diz que
as forças governamentais vão reforçar as medidas operativas para garantir a segurança e a livre circulação de comboios nos vários corredores do país: "A RENAMO disparou contra essa composição que trazia carvão e o maquinista foi atingido no pé."

Ainda de acordo com o relato do vice-ministro do Interior "o maquinista conseguiu fazer o desligamento dos restantes vagões e foi com as duas máquinas até a cidade da Beira. Depois outras composições foram rebocar os restantes vagões para o Dondo."

Mandra garante que "está em curso uma operação...estamos a vasculhar todas as localidades para podermos responsabilizar quem ousou realizar esta ação."

Para o porta voz do partido no poder a FRELIMO, José Damião, este ataque demonstra que a RENMAO não quer a paz: "Mais uma vez fica demonstrado que a RENAMo não é um partido político, a RENAMO é uma organização criminosa criada com a simples missão de condenar ao sofrimento o povo moçambicano."

E António Muchanga, do maior partido da oposição, reagiu às declarações do porta voz da FRELIMO ao afirmar que: "Os verdadeiros criminosos são os membros da FRELIMO, porque não só assassinam, como também praticam atos de corrupção, e outros atos nocivos que provocam mortes de inocentes."

António Muchanga, porta-voz da RENAMO e do seu presidente, Afonso DhlakamaFoto: DW/Romeu da Silva

Os paradoxos

O Chefe da delegação do Governo às negociações com a RENMAO, José
Pacheco, considerou a situação de estranha e irregular: "Estamos a ver uma RENAMO que continua a fazer disparos e como Governo condenamos este ato.Trata-se de uma situação em que temos uma RENAMO de colarinho branco a dialogar e na Assembleia da República, mas que ao mesmo tempo continua a cometer atrocidades contra a população e bens públicos e privados."

Reagindo, o Chefe da delegação da RENMAO as negociações com o Governo,
Saimone Macuiane, afirmou que "neste momento derradeiro das negociações todos os truques podem ser feitos para culpar este ou aquele" e isso na sua opinião "não iria ajudar o nosso objetivo de conseguirmos chegar a um bom termo."

A Vale, por seu lado, decidiu parar, por enquanto, o escoamento do carvão. Em comunicado a empresa avançou: "As operações da Vale na Linha estão temporariamente suspensas para permitir o melhor andamento das investigações.”

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